Na porta do HMI, o promotor e os diretores do Hospital foram surpreendidos por uma usuário exaltada, questionando a falta de atendimento a uma parente grávida (Fotos: Nadieli Sathler)
IPATINGA – Diante da crise instalada desde que houve o corte de horas extras no Hospital Municipal, a Promotoria de Justiça da Saúde Pública convocou os representantes do governo Robson Gomes (PPS) para uma audiência na tarde de ontem (20).
O encontro, marcado inicialmente para as 16h, acabou sendo antecipado para as 14h a pedido da direção do Hospital Municipal Eliane Martins. Os rumores são de que a manobra seria para evitar a presença da imprensa.
Apesar de não ter chegado à sede do Ministério Público, no bairro Cariru, para o início da audiência, a comitiva de repórteres, que acompanhava votação na Câmara Municipal, conseguiu chegar até a unidade hospitalar antes da vistoria do promotor Walter Freitas, que estava acompanhado de integrantes da Fundação São Francisco Xavier e do gerente de assistência do Hospital Márcio Cunha, Mauro Soares.
INTIMIDAÇÃO
Contudo, o diretor da unidade, Eclair Fensk, não permitiu que a imprensa acompanhasse a inspeção da promotoria dentro do Hospital. Diante da negativa, o promotor pediu que os repórteres aguardassem a sua saída. Além de não permitir o acesso dos profissionais às dependências da unidade, o gestor mandou que os vigilantes, acompanhados de um guarda armado, retirassem os jornalistas de dentro do estacionamento do Hospital.
PANORAMA
Após a conturbada visita ao Hospital, a imprensa pôde finalmente conversar com o promotor Walter Freitas, do lado de fora da unidade, sobre os desdobramentos da audiência. “As reuniões foram solicitadas para que o MP pudesse ter um contato e maiores informações com relação à situação da unidade, que tinha sua dinâmica de atendimento mantida pelo pagamento de horas extras. Isso garantindo uma escala mínima de atendimento”, falou o representante do Ministério Público.
O MP explicou que agendou três encontros com a direção do HMI – na quinta (19), sexta (20) e segunda-feira (23). Na próxima semana, o secretário municipal de saúde, Wagner Barbalho, ficou de apresentar as alternativas e o planejamento para que o atendimento na unidade seja retomado.
“Existe uma vedação legal para as horas-extras. O pagamento contínuo de horas-extras não é permitido, sendo necessária a realização de concurso público. Devido à impossibilidade de manter esse modelo, o hospital perdeu sua capacidade de atendimento por falta de pessoal”, apontou.
FSFX
Sobre a presença dos representantes do Hospital Márcio Cunha, o promotor ponderou que o fechamento repentino do Hospital Municipal sobrecarrega as demandas na área da saúde para as unidades da Fundação. “Ao saber dos problemas nos outros hospitais, as pessoas procuram aquela unidade que aparentemente não tem. Vemos com grande preocupação esse fato, por isso precisamos orientar o cidadão, pois ele vai encontrar uma triagem mais rigorosa. Não é toda demanda que vai ser atendida”, pontuou.
Walter informou que deve ser realizada uma reunião no começo de agosto pela coordenação estadual do Ministério Público, em que os promotores da área da saúde do Vale do Aço se encontrarão com representantes da Secretaria Estadual de Saúde para tratar do atendimento hospitalar da região.
“Vamos ter representantes de Timóteo, Ipatinga e Coronel Fabriciano. Um dos pontos a serem tratados será a situação do Hospital Municipal, além dos casos do Hospital Vital Brasil”, finalizou.
‘SAIA-JUSTA’
Ao concluir a entrevista, o promotor e os diretores do Hospital foram surpreendidos por uma usuária exaltada, que acompanhada uma jovem com sintomas de aborto. A mulher questionava por que recusaram atendimento. Visivelmente constrangido, o diretor Eclair Fensk disse à usuária que não cabia a ele providenciar acolhimento à paciente.
O promotor Walter Freitas informou que na segunda-feira (23) o secretário de saúde vai apresentar o
planejamento para que o atendimento na unidade seja retomado
