Policia

Presos denunciam maus tratos

IPATINGA – O Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp) de Ipatinga voltou a ser alvo de denúncias. Desta vez, a reclamação é dos detentos que cumprem regime semiaberto, ou seja, trabalham durante o dia e retornam para a unidade prisional.
De acordo com os presos, eles são forçados pelos agentes penitenciários a ingerir até quatro comprimidos de laxantes, sob a alegação de que estariam entrando na unidade com drogas introduzidas no ânus para posteriormente usá-las ou promover o tráfico dentro da unidade.
O medicamento conhecido também como purgante é uma substância que provoca contrações intestinais, que levam o indivíduo a defecar.
O DIÁRIO POPULAR esteve em contato com três detentos que foram submetidos ao processo. Os presos estão perto de conseguir a liberdade condicional após cumprirem pena por tráfico de drogas, artigo 33 da lei de drogas. Os nomes verdadeiros foram preservados para eitar qualquer tipo de retaliação.
João, 31 anos, cumpre a modalidade do semiaberto há cerca de um ano, e trabalha como ajudante de pedreiro. Segundo ele, além de ter sido obrigado a ingerir o medicamento sem qualquer recomendação, ainda ficou algemado durante toda a noite, depois de ter tomado os comprimidos. “A gente fica acordado a noite toda, evacuando, passando mal, com muitas dores e ainda algemado. E a gente fica muito mal no outro dia para trabalhar, com fraqueza”, relata.
João disse ainda que a explicação dada pelos agentes é que denúncias anônimas dão conta de que eles estariam retornando para a prisão com drogas no corpo. “No dia que isso ocorreu comigo, eles disseram que meu nome estava na lista. E eu acho que se tiver alguma denúncia, teria que levar no hospital e fazer o exame de raio-x”, considera. João aguarda da justiça o reconhecimento da remição da pena pelo trabalho cumprido do lado de fora da unidade.

Preso alegou que passa mal e fica
algemado durante a noite

MAUS TRATOS
José também foi condenado por tráfico de drogas. Ele está próximo de conseguir a liberdade condicional e disse que já foi obrigado a tomar os medicamentos.
Segundo ele, além dos laxantes, os detentos sofrem outros tipos de maus tratos dentro da unidade. “Tem uns três ou quatro agentes lá que de vez em quando dão tapas na cara dos presos, murro. Até aqueles que já saíram da prisão estão sendo abordados nas ruas e levando tapa, pescoção”, conta.
José é pedreiro e considera que já pagou pelo crime que cometeu. “Eu sempre trabalhei, mas mexia com coisa errada. Agora é parar e mudar de vida”, finaliza.
(Gizelle Ferreira)

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