Cidades

Prefeituras emitem notas após prisão de médico da UPA

A unidade tem o objetivo de estabilizar os casos de médio e alto risco

(DA REDAÇÃO) – As prefeituras de Ipatinga e Timóteo emitiram nota oficial ontem a respeito do atendimento aos pacientes nas respectivas unidades de saúde de pronto atendimento das duas cidades. As notas foram provocadas pelo episódio ocorrido na última sexta-feira que culminou com a prisão de um médico na Unidade de Pronto Atendimento de Ipatinga (UPA 24 Horas), o qual se negou a atender duas crianças de 1 e 5 anos de idade, de Coronel Fabriciano.

Adriana Aparecida Silvério, moradora de Coronel Fabriciano e mãe da criança de 5 anos, relatou que estava com seu filho em Ipatinga quando ele começou a vomitar e apresentou sintomas de febre. Por volta das 19h, a mãe chegou à UPA, onde não conseguiu atendimento. A funcionária da unidade de saúde que conversou com Adriana informou que a UPA de Ipatinga não recebe pacientes de Coronel Fabriciano. Por essa razão, a criança não seria atendida. Na mesma noite, Ana Cláudia Evaristo de Nazaré Silva, mãe da criança de 1 ano que tinha convulsões e febre, procurou o hospital São Camilo, em Coronel Fabriciano.

Ao chegar ao local, a mulher foi informada que não havia atendimento pediátrico na unidade de saúde. Ana Cláudia se deslocou ao Hospital São Camilo, em Timóteo, onde também foi informada de que no local não havia pediatra para atender sua filha. Às 20h30, ela se deslocou à UPA de Ipatinga, e ao ser identificada pela funcionária da unidade de saúde como moradora de Coronel Fabriciano, teve o atendimento negado. A justificativa da recepcionista foi a mesma dada a Adriana Aparecida.

PACTUAÇÃO
Insatisfeitas, Ana Cláudia e Adriana acionaram a Polícia Militar, que compareceu no local. Ao ser questionada pela PM, a funcionária do local que negou atendimento às mães informou que estava apenas cumprindo ordens de seus superiores.

Já outra funcionária da UPA informou à polícia que o atendimento não poderia ocorrer devido a um “pacto” que permite atendimento apenas a pacientes da microrregião de Ipatinga. Após a negação de atendimento por todos os funcionários da unidade de saúde, os policiais militares encarregados pela ocorrência questionaram quem seria o responsável pelo local. “Todos os funcionários mandam, todos entraram no mesmo dia e hora”, respondeu um dos funcionários.

VOZ DE PRISÃO
A Polícia Militar entrou em contato com o pediatra que estava de plantão, H.R.S., de 64 anos, e foi repassado a ele o quadro clínico dos pacientes. O médico também recusou prestar atendimento às crianças e tentou sair por uma porta. Segundo a PM, como o médico se recusou a atender todos os pacientes, foi dada a ele voz de prisão.

NOTA OFICIAL
Ontem, a Secretaria Municipal de Saúde de Ipatinga emitiu nota esclarecendo que a Unidade de Pronto Atendimento – UPA 24 Horas de Ipatinga é a referência para casos de urgência e emergência dos municípios da Microrregião de Ipatinga, formada por Açucena, Belo Oriente, Braúnas, Bugre, Dom Cavati, Iapu, Ipaba, Ipatinga, Joanésia, Mesquita, Naque, Periquito, Santana do Paraíso e São João do Oriente.

Pacientes residentes na Microrregião de Coronel Fabriciano – Timóteo, em situação de urgência e emergência médicas, devem buscar atendimento na sua unidade de referência, neste caso o Pronto Atendimento João Otávio e Hospital Vital Brazil, em Timóteo, e o Hospital São Camilo, em Coronel Fabriciano.

CASOS

Sobre o incidente registrado na última sexta-feira (10), a Secretaria Municipal de Saúde informa que as mães dos pacientes foram orientados a buscar atendimento no seu município de origem, mesmo porque os casos não eram de urgência ou emergência.

De acordo com o prontuário de atendimento, o menino de cinco anos apresentava dor de garganta há três dias, acompanhado de vômito e sem quadro febril. Já a menina de um ano e sete meses, estava gripada há uma semana, sem febre. Ambos os casos poderiam ser melhor assistidos nas unidades básicas de saúde de seu município de origem.

SOBRECARGA
“A UPA 24 Horas de Ipatinga realiza cerca de 10 mil atendimentos por mês. Embora não seja de responsabilidade do município, destes, 3% são pacientes residentes de Coronel Fabriciano, Timóteo e municípios não informados. Outros 25% são pessoas de outras cidades da Microrregião de Ipatinga”, diz a nota.

E prossegue: “A UPA de Ipatinga é do Tipo III. Conforme especificações do Ministério da Saúde, a capacidade instalada é para atender uma área de abrangência de no máximo 300 mil habitantes. Apenas a Microrregião de Ipatinga tem população estimada em 358 mil habitantes. Portanto, é incabível a UPA de Ipatinga absorver também a demanda da Microrregião de Coronel Fabriciano-Timóteo, com população estimada em 210 mil”.

A Secretaria Municipal de Saúde explica ainda que a UPA Horas é uma unidade voltada para atendimentos de casos de urgência e emergência médica, ou seja, pacientes classificados conforme o Protocolo de Manchester. “O foco é na ‘estabilização’ de quadros de médio e alto risco. Para atendimentos ambulatoriais de rotina, como consultas médicas, troca de receituário e agendamento de exames, os usuários, inclusive os residentes em Ipatinga, são orientados a procurar as unidades básicas de saúde”.
“A Secretaria Municipal de Saúde conta com a compreensão de todos na correta utilização dos serviços”, finaliza a nota.

Prefeitura de Timóteo indica procurar São Camilo e HVB
TIMÓTEO
– A Prefeitura Municipal de Timóteo disse ontem em nota oficial que o atendimento à população nas áreas de clínica médica e pediatria, bem como de urgência e emergência, continuam sendo realizados no Pronto Atendimento João Otávio, no bairro Olaria.

Os casos que necessitarem de atendimento hospitalar serão encaminhados aos hospitais Vital Brazil e São Camilo.
“A Prefeitura de Timóteo sempre cumpriu com o seu papel junto ao Vital Brazil, sendo o único município que contribuiu com o hospital, cujo atendimento é microrregional para oito cidades”, diz o comunicado.

“Com o apoio de vários deputados estaduais e federais, a Prefeitura de Timóteo garantiu junto ao governo do Estado de Minas Gerais o aumento dos repasses mensais, no valor de um milhão e duzentos mil reais por mês ao HMVB (Timóteo) e um milhão e seiscentos mil reais ao Hospital São Camilo (Cel. Fabriciano)”.

“Dessa forma, fica claro o esforço do governo municipal de Timóteo em solucionar essa complexa situação e garantindo condições para o perfeito funcionamento do Hospital”, encerra a nota.

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