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Polícia conclui investigação sobre a morte de médico

Para delegado, todos os indícios apontam para a participação de três menores, além de outros dois foragidos. Médico (detalhe) foi vítima de latrocínio; ele estava em companhia da namorada    (Crédito: Gizelle Ferreira)

IPATINGA – A Polícia Civil de Caratinga encerrou as investigações sobre a morte do médico Ícaro Ferginando Marcelino de Paula, 25 anos, e concluiu que o jovem foi vítima de um latrocínio – roubo seguido de morte. Ele foi assassinado no dia 16 de setembro deste ano, depois que saiu de uma festa em uma casa no Residencial Porto Seguro, em companhia da namorada. O casal foi abordado no carro da vítima e levado ao trevo de acesso à Estrada de Revés do Belém, onde ocorreu a morte de Ícaro.

Na manhã de ontem (20), o delegado de homicídios que assumiu as investigações, Almir Lugon, da 2ª Delegacia Regional de Caratinga, concedeu entrevista à imprensa na sede do 12º Departamento de Polícia Civil, no bairro Iguaçu, em Ipatinga, para falar sobre o caso de grande repercussão na região.

Cinco pessoas são apontadas pela polícia de envolvimento direto com o crime. Três deles são menores de idade e encontram-se acautelados no presídio de Caratinga, à espera de vaga em algum Centro de Internação para Menores Infratores. Outros dois já são conhecidos no meio policial e estão foragidos. Trata-se de José Cândido Pereira, conhecido como “Zezé Muleta”, morador de Coronel Fabriciano, e Everaldo Vieira Damasceno, de Ipaba. As fotos dos dois foram divulgadas ontem pela polícia para facilitar a localização dos suspeitos.

PROVAS
As provas técnicas foram fundamentais para que a polícia pudesse chegar aos acusados. Cenas gravadas de uma câmera próxima ao local onde o casal foi abordado mostram o carro de José Cândido, um Vectra placa MPV-0026, passando por várias vezes nas proximidades da festa.
Para chegar aos envolvidos, a polícia monitorou os celulares dos suspeitos, e a partir daí chegou aos adolescentes, que acabaram confessando o crime e delatando “Zezé Muleta” e Everaldo. A arma utilizada no crime foi encontrada na casa de um dos menores, junto com grande quantidade de droga.

CONFISSÃO
A principal confissão para a polícia foi de um dos adolescentes, que relatou em detalhes como matou o médico. O jovem foi apreendido no dia 19 do mês passado. Em seu depoimento, o garoto disse que estava em companhia dos comparsas quando abordou o médico e a namorada dentro de um carro.

Ameaçando as vítimas com um revólver, o jovem ordenou que os dois ficassem no banco de trás do veículo, quando seguiram para a estrada de acesso à Revés do Belém. “Nós pegamos ele e a mulher, e fomos até uma “quebrada”. Foi quando ele reagiu, disse que a arma não tinha bala e pulou em cima da gente. Aí, nessa hora, eu tive que atirar”, contou na época.

No dia da confissão o jovem ainda alegou estar arrependido e atribuiu o fim trágico do assalto à própria vítima. “A culpa foi dele (médico) que reagiu, ficou resmungando e depois pulou na “peça” (arma). Eu não queria fazer aquilo, não. A intenção era só pegar o carro e deixar os dois amarrados em algum lugar”, detalhou.

Com o depoimento do menor, a polícia concluiu o inquérito como sendo um latrocínio e descartou completamente a hipótese de crime encomendado. “Todos os menores apreendidos confessam o crime em detalhe e nenhum deles demonstra que foi algo planejado e até mesmo o local onde os disparos acertaram a vítima mostra que foi algo eventual”, considera o delegado Almir Lugon.

COMPLEXIDADE
Para o delegado, a morte de Ícaro foi considerada complexa para se desvendar. Isso por se tratar de um latrocínio, em que geralmente não há ligação entre a vítima e o autor. “Então nós tivemos que apurar várias frentes de investigação, visualizar vídeos, monitoramento de telefone celular. Outra coisa que atrapalhou é que um menor confessou o crime, e depois nós descobrimos que ele não tinha qualquer participação. Mas as provas técnicas levaram até esses autores e não há duvida nenhuma da participação deles no crime”, reforça o delegado.

ALICIAMENTO
Segundo a polícia, os dois suspeitos considerados foragidos, além de possuírem uma vasta ficha criminal por roubo, são conhecidos por aliciarem menores para o mundo do crime. José Cândido, o “Zezé Muleta”, sempre utiliza seu carro para transportar armas e drogas. No dia da morte de Ícaro, “Muleta” era quem teria ido buscar os seus comparsas no local do crime. “A mesma coisa o outro elemento, o Everaldo, que já até trocou tiro com policiais e a mulher dele foi autuada por tráfico de drogas”, diz.


José Cândido, “Zezé Muleta” e Everaldo continuam foragidos; PC divulgou fotos para facilitar localização (Crédito:Divulgação PC)


A arma e os celulares roubados no dia do crime foram encontrados na casa de um dos adolescentes


Namorada de Ícaro não teve envolvimento com o crime
Ipatinga
– A polícia descartou desde o princípio a possibilidade de envolvimento da namorada de Ícaro no crime, tese confirmada durante as investigações. Em seu depoimento, a mulher disse que, depois que o médico foi baleado, ela se escondeu em meio a um matagal. O delegado explicou que a namorada só conseguiu escapar ilesa porque os autores acabaram ficando nervosos e com isso deixaram a namorada de Ícaro fugir. “A população questionava a participação da namorada da vítima, mas nós evitamos expor qualquer julgamento prévio, porque o trabalho da polícia é só falar quando temos certeza. E eu posso falar sem dúvida desses cinco autores que eu apresentei. Em relação a ela (namorada) eu não vi qualquer elemento que demonstre sua participação”, finaliza o delegado.
A entrevista foi acompanhada pela mãe de Ícaro, juntamente com mais dois parentes. Durante todo o tempo, ela permaneceu chorando e, embora havia dito que iria conceder entrevista, ao final acabou mudando de ideia, alegando não possuir condições de falar sobre o assunto.

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