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Polícia Civil desarticula braço do Comando Vermelho em Ipatinga

“Filial” de organização criminosa do Rio de Janeiro fez execuções do “tribunal do crime” e mantinha vários pontos de tráfico

IPATINGA – A Polícia Civil de Ipatinga desarticulou na quarta-feira (7), por meio da Delegacia de Ipatinga, uma quadrilha que atuava na região como braço armado da organização criminosa carioca Comando Vermelho. As facções locais atuavam principalmente no bairro Bethânia, em Ipatinga. A Operação Rede House apresentou os resultados das investigações concluídas após uma operação, que resultou no cumprimento de oito mandados de prisão de cinco autores e 12 mandados de busca e apreensão, contando com a participação de 62 policiais civis.

De acordo com o relatório apresentado pelos delegados Gilmaro Alves Ferreira, chefe de Departamento, Thiago Alves Henriques (delegado Regional) e pela delegada Talita Martins Soares, que presidiu o inquérito policial, foi possível desarticular uma parte da organização criminosa chamada BT 16, localizada no Bairro Bethânia, em Ipatinga. Essa organização está ligada ao Comando Vermelho do Rio de Janeiro e é responsável pelo fornecimento de substâncias entorpecentes na região do bairro Bethânia, além de roubos e homicídios.

BEM ESTRUTURADA

A organização, altamente estruturada, hierarquizada e organizada, dividia o segundo maior bairro de Ipatinga, ou seja, o bairro Bethania, com uma população de 28.000 habitantes, em quatro diferentes frentes. Cada frente era liderada por um chefe e seus subordinados, sendo responsáveis pela venda de drogas. A organização era composta por adultos em conjunto com adolescentes aliciados para o crime. Estes últimos tinham a responsabilidade de assumir a propriedade das drogas em caso de abordagem policial.

As frentes criminosas, conforme a divisão da organização, eram denominadas “Graminha”, ADF (área da feira), MDC (Morro do Cruzeiro) e PFB (Ponto Final do Bethânia). Os lucros obtidos com o tráfico eram divididos em três partes: a primeira parte para os vendedores, a segunda para o chefe da frente e a terceira parte era destinada ao Comando Vermelho do Rio de Janeiro, para abastecimento de drogas e armamentos, com indícios de entrega de dinheiro pessoalmente ao Comando Vermelho no Estado do Rio de Janeiro.

LÍDER

O líder da quadrilha foi identificado pela investigação como a pessoa responsável pela conexão entre a organização BT16 e o Comando Vermelho no Rio. Ele foi preso pela Polícia Civil e Militar no Rio de Janeiro, após envolvimento em um roubo a uma joalheria em Araruama/ RJ em 20/04/2021. Mesmo estando detido, ele continua comandando o tráfico no bairro Bethânia.

EXECUÇÃO

Além do tráfico de drogas, a quadrilha também era responsável por roubos na cidade e região. Os membros da organização possuíam códigos internos, ou regras para todos os participantes e uma delas era o de destruir aparelhos celulares durante abordagens policiais, com objetivo de encobrir as ações criminosas que eram postadas em um grupo de rede social. O não cumprimento dessa regra era punida com assassinatos e torturas. Entre os homicídios praticados pelo grupo, destaca-se o caso de um adolescente de 16 anos, que foi sentenciado à morte pelo grupo após entregar seu telefone e revelar a senha aos policiais durante uma abordagem no bairro, numa ação denominada de “tribunal do crime”.

PRESTAÇÃO DE CONTAS

Esse brutal assassinato foi gravado pelos criminosos e circulou dentro do bando, servindo como exemplo para intimidar os membros a não descumprirem os códigos/regras estabelecidos. Em diversas ocasiões, o grupo filmava suas atividades criminosas para enviar ao líder, como forma de demonstrar o cumprimento das ordens ou uma prestação de contas. Ao término das investigações, um total de 31 pessoas foram indiciadas, das quais 11 estão atualmente presas, sendo a investigação se desdobrou em 3 inquéritos policiais.

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