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PF prende senador Delcídio do Amaral e banqueiro André Esteves

BRASÍLIA – Os quatro vice-líderes do governo no Senado vão substituir interinamente o líder do governo na Casa, Delcídio do Amaral (PT-MS), preso ontem (25) pela Polícia Federal.
Até a semana que vem, quando será escolhido o substituto definitivo, os senadores Hélio José (PSD-DF), Paulo Rocha (PT-PA), Wellington Fagundes (PR-MT) e Telmário Mota (PDT-RR) vão responder pela liderança do governo no Senado.

A informação foi confirmada pela Secretaria de Governo, por meio de nota. Mais cedo, os ministros da Casa Civil, Jaques Wagner; da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, e da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, se reuniram para avaliar a prisão do senador e o quadro político. Em seguida, Wagner se reuniu com a presidenta Dilma Rousseff.

Delcídio foi preso na manhã desta quarta-feira e levado para a Superintendência da Polícia Federal em Brasília, acusado de tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato.


O  senador  Paulo  Rocha  é  um dos  vice-líderes que substituirão  Delcídio  até a escolha do novo líder do governo no Senado

Em sessão aberta, Casa decide manter senador na prisão

O plenário do Senado decidiu manter a prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), na noite de ontem. Em votação aberta, os senadores decidiram que o líder do governo deverá ser mantido preso por 59 votos contra 13 e 1 abstenção.
O Senado começou às 17h40 a sessão extraordinária que decidiu se mantinha ou se revogava a prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS). A sessão foi aberta pelo presidente da Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-AL).
Em seguida, o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) leu ofício do Supremo Tribunal Federal (STF) comunicando a prisão em flagrante de Delcídio, por tentativa de obstrução das investigações da Operação Lava Jato e do acordo de delação premiada em negociação entre o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró e o Ministério Público Federal.

“Crime não vencerá a Justiça”,  diz ministra Cármen Lúcia

Ao votar ontem (25) pela validação da decisão do ministro Teori Zavascki, que decretou a prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) e do controlador do Banco BTG, André Esteves, a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que o crime não vencerá a Justiça. A ministra se referia às tentativas dos investigados de embaraçar as investigações da Operação Lava Jato e tentar interferir nas decisões do STF. Em um dos votos mais críticos, a ministra relacionou as investigações da Lava Jato com o julgamento da Ação Penal 470, o processo do mensalão, e afirmou que a Corte não vai tolerar a corrupção.

“Na história recente da nossa pátria, houve um momento em que a maioria de nós, brasileiros, acreditou no mote segundo o qual uma esperança tinha vencido o medo. Depois, nos deparamos com a Ação Penal 470 e descobrimos que o cinismo tinha vencido aquela esperança. Agora parece se constatar que o escárnio venceu o cinismo. O crime não vencerá a Justiça. Aviso aos navegantes dessas águas turvas de corrupção e das iniquidades: criminosos não passarão a navalha da desfaçatez e da confusão entre imunidade, impunidade e corrupção. Não passarão sobre os juízes e as juízas do Brasil. Não passarão sobre novas esperanças do povo brasileiro, porque a decepção não pode estancar a vontade de acertar no espaço público. Não passarão sobre a Constituição do Brasil” “, disse a ministra.

ENTENDA O CASO

A Procuradoria-Geral da República (PGR) usou depoimentos da delação premiada do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró e do filho dele, Bernardo Cerveró, para pedir a prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS); de André Esteves, dono do Banco BTG Pactual; do ex-advogado de Cerveró Edson Ribeiro; e do chefe de gabinete do senador, Diogo Ferreira. As prisões foram autorizadas anteontem (24) pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), e executadas ontem (25) pela Polícia Federal. 

 Segundo o documento enviado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF), no qual faz o pedido de prisão dos investigados, a procuradoria diz que Delcídio tentou dissuadir Nestor Cerveró de aceitar o acordo de colaboração com o Ministério Público Federal (MPF), ou que, se isso acontecesse, que evitasse delatar o senador e também André Esteves.

Em um trecho do processo, a PGR afirma que Delcídio ofereceu dinheiro para evitar a citação de seu nome nas investigações. “O senador Delcídio Amaral ofereceu a Bernardo Cerveró auxílio financeiro, no importe mínimo de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) mensais, destinado à família de Nestor Cerveró, bem como prometeu intercessão política junto ao Poder Judiciário em favor de sua liberdade, para que ele não entabulasse acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal”, diz a PGR.

O documento diz ainda que o banqueiro André Esteves arcaria com o custo do auxílio financeiro e que parte desse valor seria justificado como pagamento de honorários advocatícios “a serem convencionados em contrato de prestação de serviços de advocacia entre André Esteves e/ou pessoa jurídica por ele controlada com o advogado Edson Ribeiro”.

 


O banqueiro André Esteves e o senador Delcídio Amaral foram presos pela Polícia Federal

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