Cidades

PC possui ‘linhas’ de investigação da morte de Rodrigo Neto

O delegado Emerson Morais (ao centro), responsável pelas investigações do caso, afirma que crime é de alta complexidade      (Crédito: Fernando Benedito)

IPATINGA – Durante a audiência pública realizada nesta terça-feira (19), na sede do 12º Departamento de Polícia Civil (12º DPC), o delegado responsável pelo caso Rodrigo Neto, Emerson Morais, afirmou que as investigações preliminares sobre o crime foram esclarecidas e que existem linhas de apuração a serem seguidas. Entretanto, o delegado explicou que estas linhas são “prematuras” e que precisam ser exploradas.

As investigações vêm ocorrendo em sigilo e ninguém da Polícia Civil foi autorizado a falar sobre o caso. Para o delegado, a apuração deve ser feita sem atropelos nem correrias. Neste momento, segundo Emerson, a PC trabalha no arregimento de provas robustas para serem anexadas ao inquérito, que não possui prazo para ser concluído. “Temos várias linhas de investigação. Estamos trabalhando dia e noite para dar uma resposta a contento em tempo razoável, sem correria”, disse.

Emerson falou que o assassinato do jornalista é um crime de alta complexidade e que possui diversas nuances, mas que será feita uma apuração completa. Ele acredita que haverá uma elucidação do caso. “Nós vamos nós empenhar ao máximo para elucidar este caso hediondo e bárbaro”.

EXTERMÍNIO
A ministra Maria do Rosário, da Secretaria dos Direitos Humanos, afirmou que o assassinato de Rodrigo Neto tem características que configuram crime de extermínio. O jornalista foi morto há 12 dias na avenida Selim José de Sales, bairro Canaã, no momento em que entrava em seu carro. Dois homens em uma moto atiraram contra ele e três disparos acertaram sua cabeça e peito.

O caso vem sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil em Belo Horizonte. A decisão de afastar a equipe de homicídios da Delegacia Regional de Ipatinga veio do comando geral da Polícia Civil na capital, a mando do governador Antonio Anastasia (PSDB).
Maria do Rosário afirmou que o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, presidido por ela, estará atento para as causas do assassinato de Rodrigo Neto e ela colocou a Secretária de Direitos Humanos à disposição para qualquer assunto relacionado ao crime.

O pedido para elucidação do caso vem gerando uma grande pressão sobre a Polícia Civil e outros órgãos estaduais. A diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado, Vilma Tomaz Ribeiro, esteve ontem em Ipatinga e informou que a entidade encaminhou documentos para o Governo do Estado exigindo agilidade na apuração do caso. Ofício foi encaminhado também ao Ministério Público no mesmo sentido. A entidade vem também realizando, junto à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), um trabalho de acompanhamento do crime.

Além da apuração do crime, foi pedida também a solução de crimes antigos em que Rodrigo Neto noticiou. O deputado Durval Ângelo (PT), presente na audiência, citou pelo menos três: a chacina de Belo Oriente, os crimes cometidos por um grupo de extermínio conhecido por atuar em uma moto verde e a execução de um jovem, que teve sua cabeça cortada e jogada na casa de um militar de Ipatinga.

A ministra Maria do Rosário endossou o pedido e apelou aos meios de comunicação para que apóiem os desdobramentos do Grupo de Trabalho de Violência Contra Comunicadores e que denunciem caso venham a sofrer ameaças. “Nós sabemos que Rodrigo Neto havia levado a conhecimento das autoridades as situações de morte de que havia sido ameaçado. Essas situações precisam ficar registradas para que se tomem as medidas necessárias”.

Ela afirmou ainda que tem certeza de que um trabalho articulado trará resultados positivos e disse acreditar que a morte do jornalista não ficará impune. “Se a voz dele não se faz existir hoje, que a voz de nós todos seja a voz de Rodrigo Neto”.

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