Policia

PC conclui inquérito de tragédia em lanchonete

Eduardo Vinícius, responsável pelo inquérito: “simples encontro, que acabou em tragédia”     (Crédito: André Almeida)

IPATINGA – A Delegacia de Homicídios de Ipatinga apresentou ontem (2) a conclusão do inquérito que apurou o homicídio e tentativa de assassinato contra, respectivamente, as irmãs Simone Agapito da Silva, 36 anos, e Elen Cristina Agapito, 32 anos, ocorridos em 24 de julho. O relatório final indiciou quatro pessoas de uma mesma família: o policial civil aposentado José Ivanil Santana, 61 anos, e seus filhos Roberson Flávio Santana e Roseane Noemi de Souza Santana. Também foi apontada como participante do crime a esposa de Roberson, Andréia Fabiana Barbosa. Os quatro foram indiciados por tentativa de homicídio e homicídio consumado. José Ivanil também foi acusado pela Polícia Civil por porte ilegal de arma de fogo.

INQUÉRITO
O inquérito, que contou com depoimentos de 11 testemunhas, concluiu que os quatro parentes participaram diretamente das agressões e do assassinato de Simone. Ainda restava uma dúvida sobre a participação efetiva de José Ivanil, pois sobre ele recaía apenas a suspeita de ter acobertado a fuga dos filhos. Entretanto, ficou apurado que ele, de fato, ajudou no desenrolar da tragédia.

“Nós não tínhamos segurança para afirmar a participação direta do José Ivanil, mas concluímos que ele teve envolvimento na medida em que a sua conduta assegurou que o filho (Roberson) fosse até o carro e se armasse repentinamente e agredisse as vítimas”, disse Eduardo Vinícius Carvalho, delegado que presidiu o inquérito.

AGRESSÕES
De acordo com o relatório final, as duas irmãs estavam na lanchonete, localizada na avenida Alberto Giovanini, no Bethânia, quando Roseane chegou ao local, momento em que as três iniciaram uma discussão com agressões verbais. Testemunhas disseram que Roseane saiu do local dizendo que retornaria. De fato, ela voltou acompanhada dos familiares e novas agressões aconteceram, desta vez físicas.

Conforme ficou apurado pela PC, em dado momento, Roberson foi segurado por uma terceira pessoa, que tentava apartar a confusão. Entretanto, o pai, José Ivanil, teria ameaçado com uma arma a pessoa que segurava o filho. Roberson, então, foi até o carro e pegou uma faca, que seria usada no crime. “Essa conduta do José Ivanil contribuiu muito para o crime”, avaliou o delegado.

As duas irmãs foram esfaqueadas nas costas. Em depoimento, pessoas que estavam presentes na cena do crime, relataram que, a princípio, Simone nem se deu conta da gravidade de seu ferimento, achando que havia levado apenas um soco. Ela teria dito, inclusive, que o soco em suas costas estava ardendo.

DEFESAS

Roberson foi apontado pela Polícia Civil como o autor material dos fatos. Em seu depoimento, o suspeito alegou que desferiu os golpes de faca na tentativa de defender a esposa que estava sendo agredida. Segundo o delegado, o indiciado ainda se mostrou arrependido pelo homicídio. A irmã também demonstrou arrependimento e disse que havia sido agredida antes pelas duas irmãs. Andreia também confirmou que sofreu agressões por parte de Elen e Simone.

O pai, durante seu depoimento, disse que não participou do assassinato e reconheceu que os filhos agiram de maneira errada. Ele foi preso em flagrante pouco depois do assassinato, por porte ilegal de arma de fogo e teve sua prisão convertida em preventiva pela Justiça de Ipatinga na última terça-feira (30). Por se tratar de um ex-policial civil, ele está detido na casa de custódia da instituição, em Belo Horizonte, onde deve ficar até o final do processo.

CASO ANTIGO
No relatório enviado ao Ministério Público também constou uma rixa antiga entre Simone e Roseane. Há cerca de dez anos, as duas se envolveram em um triângulo amoroso, quando o então marido de Simone se envolveu com Roseane. A mulher que agora se tornou vítima fatal havia sido investigada por ter agredido e mantido a rival em cárcere privado. O caso foi apurado pela Delegacia de Mulheres de Ipatinga, que atestou a motivação passional e indiciou Simone.

“Nem mesmo os encaminhamentos feitos pela Justiça foram suficientes para pôr fim à confusão que o tempo não conseguiu apagar e que, com um simples encontro, acabou nesta tragédia”, afirmou Eduardo Vinícius.

O casal de irmãos, assim como Andreia, deverá aguardar a conclusão do processo em liberdade por terem se apresentado espontaneamente à polícia e contribuído com as investigações. Contudo, caso o Judiciário entenda que eles oferecem algum tipo de risco ou que possam atrapalhar o andamento processual, poderão ter prisão decretada a qualquer momento.


Simone não havia se dado conta da gravidade do ferimento e achou que tivesse levado um soco nas costas


Elen foi agredida e esfaqueada, mas conseguiu sobreviver

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