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O que o presidente quer convocando manifestações?

(*) Thales Aguiar

A constituição brasileira nos garante uma república democrática na compreensão de que temos um ideário positivista criado na França por Auguste Comte, enquanto corrente de pensamento que nos direciona juntamente com muitas características da Constituição dos Estados Unidos, que é considerado há tempos como uma das maiores democracias do mundo. Neste aspecto,são três poderes totalmente independentes (legislativo/executivo/judiciário). A figura de um presidente é primordial para que o diálogo aconteça entre eles. O papel de um chefe de Estado representando o povo no âmbito federal, é o cargo político de maior responsabilidade do país. Além de conduzir a política econômica, ele exerce o auxílio aos seus ministros e aplica todas as leis quando aprovadas. A nossa democracia é representativa e tudo que o governo queira consentir enquanto proposta democrática é necessário que o Congresso (Legislativo) e o judiciário avaliem de forma significativa tais projetos ou reformas com ampla discussão com toda população brasileira.

É preciso que haja amplo diálogo, um plebiscito permanente. A convocação do presidente para as manifestações contra os poderes constitutivos de um país, demonstra total falta de maturidade política. Se tempo é dinheiro, o Brasil está perdendo muito com toda essa bagunça. Um pouco mais de alguns milhares de pessoas com gritos, cartazes e vaias que não vão trazer avanços e fortalecimento à cidadania. Essa estratégia, além de rasa, evidencia uma competição entre os poderes que não reflete a palavra democracia. É um verdadeiro jogo de “ganhar no grito”. A presença de uma torcida pressionando seu time em ir em frente, demonstrando força contra o opositor se reproduz em uma total inversão de valores que transforma a prática legítima de cidadania em um movimento desprezível e covarde. Isto porque não reflete a maioria da população.

Em vez de suscitar harmonia e boas qualidades, esse tipo de atitude é um incentivo para ir contra aqueles para quem “eu não torço e não quero dessa forma”. Uma simples pirraça. Criar grupos contra a democracia legal e constitucional é jogo pífio e sujo. Quem xinga o adversário e não respeita as regras não tem comportamento participativo. Tem espírito de porco. Nada além de ignorantes querendo aparecer, chamar atenção, entrar no jogo de qualquer jeito. Pode até ser um ato legítimo, mas é imoral. Enquanto isso, a crise se agrava. Nada de planos econômicos, nada de empregabilidade, nada de reformas.  Estamos caminhando a largos passos para uma retração e recessão. A crise do Executivo é uma crise de direção “para onde se vai” e de conhecimento “o que se quer”. Em tempos de crise política, o que o brasileiro quer em sua maioria é o reconhecimento dos direitos constitucionais, nada além disso. 

(*) Thales Aguiar é jornalista e escritor

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