Nacionais

O peso real das falas do presidente

(*) Fernando Benedito Jr.

Depois de quase duas semanas sem aparecer nas redes sociais para dizer bobagens, o presidente Bolsonaro retornou esta semana e aproveitou para tirar o atraso. Não bebeu a taça de vinho semanal, mas entornou o barril todo de uma vez quando resolveu sair da abstinência. Primeiro, fez questão de ir ao Congresso para apresentar o projeto que muda o Código de Trânsito: aumenta pontos na CNH, libera motoristas profissionais de exames toxicológicos e acaba com a cadeirinha para crianças. Mais medidas pra ampliar a agenda de violência, agressividade e morte, como convém ao governo de milicianos.

Na esteira, se solidarizou com “o menino” Neymar por mais uma de suas estripulias, antes mesmo de saber o que estava acontecendo com o caso parisiense do jogador. Aliás, Neymar só deu mais uma demonstração do quanto é bocó e de que rios de dinheiro não deixam ninguém nem mais nem menos idiota. Bolsonaro só seguiu a toada em busca de mais visibilidade.

E por último, nesta rápida visita a Buenos Ayres, onde só foi bem recebido pelo presidente Macri (que está com a popularidade arruinada), Bolsonaro sai com essa de criar uma moeda única entre os dois países e até na América Latina, o Peso Real, que, de saída, não teve peso algum. Nem mercado, nem Congresso e nem os próprios governos levaram a sério a idéia de Bolsonaro, que sequer foi discutida com sua equipe econômica. Foi só mais uma daquelas idéias geniais que ele costuma ter de vez em quando.

Seguindo neste ritmo, o presidente além de não ser levado a sério, vai aos poucos perdendo o que ainda lhe resta de credibilidade, sustentando-se unicamente com seu séquito de “repetidores” – estes também já estão ficando em situação difícil, porque toda semana têm que arrumar novos argumentos para justificar as genialidades governamentais e presidenciais.

E que fique claro que ninguém quer calar o presidente. A liberdade de expressão e manifestação do pensamento é livre. Aliás, tem muita gente que prefere que ele continue falando, muito, sempre. Só não podem ficar com esse mi-mi-mi vitimizante de dizer que é tudo culpa da oposição.

(*) Fernando Benedito Jr. é editor do Diário Popular.

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