sexta-feira, dezembro 13, 2024
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O general e o massacre de Ipatinga

Foto: O prefeito de Ipatinga Gustavo Nunes e o candidato a vice-presidente general, Braga Netto

(*) Fernando Benedito Jr.

O “raid” bolsonarista em Minas Gerais na reta final das eleições deixou rastro em Ipatinga com a passagem relâmpago (ainda bem) do general Braga Neto. O fato com ampla repercussão e apoio com o claro objetivo de reforçar as posições bolsonaristas na cidade –  onde o atual presidente venceu no 1º turno por larga vantagem – e tentar mudar a tendência pró-Lula em Minas verificada no 1º turno, leva a uma reflexão mais profunda: desde quando Ipatinga tornou-se uma cidade tão direitista?

Nos últimos anos, o perfil da população da cidade e da região vem mudando consideravelmente. De centros operários, onde a economia girava na órbita da siderurgia e a opinião era formada no chão de fábrica, as cidades do Vale do Aço passaram a ter economias mais dinâmicas, ainda siderúrgicas, mas com serviços, comércios e outros setores mais atuantes. O advento das redes sociais, das novas possibilidades de comunicação, a diversidade de escolas e redes de ensino, contribuem para a formação de outros pensamentos e valores das novas gerações.

O crescimento das tendências direitistas também tem a ver com a crescente influência evangélica e as pautas conservadoras, que encerram em si não apenas uma contraposição ao pensamento progressista, mas uma luta pelos espaços de poder, como se vê na guerra nada santa declarada nestas eleições.

É desconcertante ver o apoio da população de Ipatinga a um tipo de pensamento que não fez uma obra significativa no município há quase uma década, não encampou nenhuma luta ambiental, nenhuma pauta democrática e popular, nada para a população mais carente. Apenas gerem o orçamento como faria um zelador. São governos “tapa-buracos”. Tapam buracos das ruas, das praças, das paredes. Não abrem uma rua, não constroem uma praça, não levantam uma parede – metáforas para dizer que não fazem nada relevante.

E a cidade também precisa conhecer melhor sua história. O massacre de Ipatinga, por exemplo – uma boa sugestão de leitura é a obra homônima da professora Marilene Tuler –, perpetrado pelos militares contra os trabalhadores da Usiminas em 7 de outubro de 1963. Talvez com um pouco mais de conhecimento histórico, ovacionassem menos um general, vice de um golpista presidente e candidato à reeleição.

(*) Fernando Benedito Jr. é editor do DP.

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