sexta-feira, outubro 18, 2024
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O atentado contra Trump e a narrativa da extrema direita

(*) Fernando Benedito Jr.

O clã Bolsonaro e as principais lideranças da extrema direita nacional não deixaram por menos e, ao ecoar os primeiros tiros do atentado contra Donald Trump, vieram apressados culpar a “esquerda terrorista” pela tentativa de assassinato. Claro, não perderam a oportunidade de relacionar o fato ao atentado contra Jair Bolsonaro em Juiz de Fora.

A julgar pela narrativa direitista, trata-se de uma conspiração internacional contra Trump e seus aliados nativos, liderada por Adélio Bispo, transformado no novo Bin Laden do terrorismo internacional.

Antes é preciso esclarecer que quem fomenta o discurso de ódio, da liberação de armas, da violência e intolerância é exatamente a extrema-direita, que vira e mexe acaba sendo vítima do próprio veneno ou dos próprios tiros das armas que tanto propagam. A narrativa direitista é tão previsível e chata que torna-se igualmente chato e comezinho rebatê-la ou “esclarecer” estes vieses. Sempre usando do vitimismo político os reacionários tentam se apropriar de tais atos de violência para aumentarem seu capital eleitoral. No caso americano, é possível que nem precisassem lançar mão de tal artifício porque a tendência já era francamente favorável a Trump, diante das últimas derrapadas de Joe Biden. Óbvio, não vão perder a oportunidade, ainda mais em se tratando de um bando de lambe-botas do imperialismo que se julgam da cozinha da Casa Branca.

Não parece que o atentado contra Donald Trump seja parte de algum plano terrorista orquestrado pela esquerda internacional. Ao contrário, o atirador era republicano e tudo indica que sua ação foi de um “lobo solitário”, de um psicopata americano em busca de seu lugar na história ou de alguns minutos de fama, ainda que depois de morto. Assim como foi o atentado cometido por Adélio Bispo e dezenas de atentados que acontecem anualmente em escolas americanas cometidos por jovens que tem livre acesso a pistolas automáticas e fuzis comprados na loja da esquina.

De maneira, que este discurso repetitivo de tentar culpar a esquerda por tais atos de violência e intolerância só serve mesmo para reforçar o anticomunismo e o anti-esquerdismo e assim tentar chegar ao poder e disputar a hegemonia política através de farsas e teorias conspiratórias. E olhem que foi a extrema direita quem cunhou termos como o “vitimismo”, o “mi-mi-mi”, etc, para criticar a esquerda. Quando lhes convém política e eleitoralmente, são eles quem lançam mão do “mi-mi-mi” e do “vitimismo”.

Enquanto isso, a extrema direita continua financiando o massacre de palestinos em Gaza e nos campos de refugiados, fomentando guerras na África, patrocinando a guerra na Ucrânia, estimulando o conflito entre países asiáticos, plantando a intriga e golpes antidemocráticos na América Latina, facilitando o tráfico internacional de armas, promovendo o discurso de ódio contra imigrantes, estimulando o preconceito racial e religioso contra povos árabes e islâmicos. Acaso, não seria este o verdadeiro terrorismo?

(*) Fernando Benedito Jr. é editor do DP.

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