Cidades

Não há “guerra de vacinas”. Há má vontade e incompetência do governo

Brasil tem base produtiva e tecnológica em vacinas para imunizar todo o povo. Por isso, vacina já, pública e gratuita para todos e todas, sem limite de idade, profissão, ideologia, credo, raça, sexo…

(*) Fernando Benedito Jr.

A narrativa que se estabelece e ganha força na grande mídia e entre a sociedade é a da “guerra da vacina”. Mas não há “guerra da vacina”. Há uma evidente má vontade do governo federal em resolver o problema da imunização em massa dos brasileiros e brasileiras, independente de idade, cor, sexo, classe social, tendência política ou religiosa. Esta má vontade, misturada com falta de gestão, incompetência e fortemente carregada de componentes ideológicos e interesses políticos, se manifesta no absoluto descaso do governo federal em combater a pandemia desde que ela surgiu como uma “gripezinha”.

O governo minimizou a importância do isolamento social, do uso de máscara, gastou milhões inutilmente na produção de cloroquina encalhada e sequer conseguiu distribuir aos estados e municípios os kits de testes que adquiriu e que correm risco de serem jogados fora por vencimento do prazo de validade. Agora, da mesma forma, desdenha da vacina.

Enquanto isso, o País ultrapassa a marca dos 170 mil mortos. E diante do genocídio, o governo tem o despautério de dizer que está conduzindo bem a pandemia. Foi o que disse hoje o capitão em almoço com militares. O general que comanda o Ministério da Saúde e fez dele um cabide de emprego de um bando de militares inúteis diz que a Anvisa, comandada por um almirante, só irá liberar qualquer vacina daqui a 60 dias. É preciso frisar a presença de militares nestes postos para que fique claro as responsabilidades. As mortes e as contaminações diárias vão seguindo seu curso sem que nada se faça para estancar a circulação do vírus e evitar o genocídio dos brasileiros – que também parecem não se importar muito com a vida dos outros, nem com a sua própria. Outro aspecto é a apatia dos cidadãos e cidadãs em aceitar resignadamente as posições do governo, sem elevar a voz, sem colar um cartaz, sem pichar um muro. É inacreditável e lamentável. Muitos ainda ousam sair em defesa do governo quando se critica sua política genocida.

Nesta quarta-feira, um grupo de ex-ministros da Saúde, inclusive alguns que compuseram o atual governo, em resposta às idiotices ditas por Pazuello na terça, resolveram sair em defesa do povo brasileiro.

Defendendo “Vacina para todos já!”, os ex-ministros ressaltam que a “a história brasileira está profundamente ligada ao processo de pesquisa, desenvolvimento e produção de imunobiológicos e vacina. Entre os países em desenvolvimento, o Brasil é um dos poucos a dispor hoje de uma base produtiva e tecnológica em vacinas. Dois dos maiores produtores mundiais estão no Brasil: o Instituto Butantan (São Paulo) e o Instituto Bio-Manguinhos, na Fundação Oswaldo Cruz (Rio de Janeiro)”.

Depois de destacarem a capacidade brasileira de construir “um dos melhores e mais abrangentes programas de imunização do mundo”, salientaram a eficiência nacional em dar resposta ao contágio de H1N1, quando 100 milhões de pessoas foram imunizadas com vacinas produzidas no Butantan; a erradicação da rubéola e da síndrome da rubéola congênita, introdução de novas vacinas como a anti-HPV.

Conhecedores da capacidade técnica, cientifica e logística do País, da estrutura do Sistema Único da Saúde, os ex-ministros asseveram: “Infelizmente, todo esse acúmulo de competências está sendo colocado em risco pela desastrada e ineficiente condução do Ministério da Saúde em relação à estratégia brasileira de vacinação da população contra a Covid-19”.

Alguma dúvida?

Vacina já, pública e gratuita para todos e todas. E fora Bolsonaro!

(*) Fernando Benedito Jr. é editor do Diário Popular.

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