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Morre o presidente Hugo Chávez

Atuação polêmica: para Chávez, a imprensa incitava o povo ao ódio e um de seus alvos era a emissora de televisão Globovisión, que teve a concessão cancelada       (Fotos: Agência Brasil)


BRASÍLIA –
O presidente Hugo Chávez morreu nesta terça-feira, em Caracas, aos 58 anos, vítima de complicações de um câncer na região pélvica. O anúncio foi feito pelo vice-presidente Nicolás Maduro, em pronunciamento na TV venezuelana. “É um momento de profunda dor”, disse.

Na tarde de terça, Maduro havia confirmado a notícia dada na noite passada sobre o agravamento do estado de saúde de Chávez. O presidente enfrentou longo tratamento contra câncer. Maduro pediu que o povo venezuelano enfrente este momento “com o amor que Chávez ensinou”. O vice-presidente encerrou a fala com a frase: “Viva Hugo Chávez! Viva para Sempre”.

Chávez assumiu a Presidência da República pela primeira vez em 1999 e foi três vezes reeleito para o cargo – a última delas em outubro do ano passado, quando derrotou Henrique Capriles. Como paraquedista militar, Chávez sempre se orgulhou da disposição física. Era praticante de beisebol e fazia caminhadas diárias. No ano passado, admitiu estar com câncer.

Chávez foi internado em Havana, Cuba, para três cirurgias de urgência. Em uma delas, o presidente informou ter retirado um tumor da região pélvica. Dias depois confirmou que estava com câncer. Informações atribuídas a assessores indicaram duas suspeitas para o tumor de Chávez: no cólon ou na próstata.

Em dezembro de 2012, Chávez retornou a Cuba para mais uma cirurgia. Antes de deixar a Venezuela, pediu à população para que, na eventualidade da sua ausência, apoiasse o vice-presidente, Nicolás Maduro. A reação de Chávez surpreendeu e foi interpretada como a antecipação da transmissão do cargo de presidente. Imediatamente à partida de Chávez, foi aberta uma disputa política interna no país entre governistas e oposicionistas. Chávez ficou mais de dois meses em Cuba. Depois, retornou à Venezuela.

ESTATIZAÇÃO

No comando do governo durante 12 anos, a palavra de ordem de Chávez foi a Revolução Bolivariana em defesa da unidade latino-americana e da melhoria da condição de vida dos mais pobres. Definindo-se como socialista, o presidente era um crítico do neoliberalismo, da globalização e da política norte-americana. Também se dizia defensor do nacionalismo adotando medidas estatizantes e causando temores em investidores externos, segundo especialistas.

Desde 2000, Chávez promoveu a nacionalização de vários setores da economia do país. Inicialmente, estatizou a siderúrgica Sidor – responsável por 85% da produção de aço no país – no mesmo período, ele começou o processo de nacionalização da empresa Petróleos de Venezuela (PDVSA), ação concluída em 2007.

No ano passado, o presidente da Venezuela anunciou a nacionalização de 11 plataformas de petróleo norte-americanas vinculadas à empresa Helmerich & Payne. Anteriormente, foi anunciada a estatização de fábricas do México, da França e da Suíça.

Na sua gestão, o venezuelano adotou como base as ações que se destinam à política assistencial envolvendo campanhas de alfabetização, de combate à desnutrição e à pobreza. Ao mesmo tempo, ele instaurou um regime militar rigoroso no país, modificou a Constituição – permitindo a reeleição sucessivas vezes – e alterou o sistema de funcionalismo público.

POLÍTICA EXTERNA

O estilo Chávez de conduzir a política interna e se manifestar sobre as questões externas dividia opiniões. Amigo de Fidel Castro, ex-presidente de Cuba, Muammar Khadafi, então líder da Líbia, e Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã, entre outras autoridades, o venezuelano não se esquivava de defender as pessoas próximas a ele. Em 2005 e 2006, ele foi incluído entre as 100 pessoas mais influentes do mundo, segundo a revista britânica The Time.

Em 2004, um grupo de manifestantes foi às ruas de Caracas pedir a saída de Chávez. Os protestos foram contidos pelas forças de segurança e, desde então, a relação do presidente venezuelano com a imprensa estrangeira passou a ser tensa. Segundo Chávez, a imprensa incitava o povo ao ódio, um dos alvos dele era a emissora de televisão Globovisión, que teve a concessão cancelada.

NO BRASIL
Bem-humorado, Chávez fez várias viagens ao Brasil. Em junho, quando fez a primeira visita oficial na gestão da presidenta Dilma Rousseff, ele usou muletas, pois alegou dores no joelho esquerdo. Anteriormente, havia desmarcado uma viagem também se queixando de dores no mesmo joelho. Durante a visita a Brasília, brincou que seu mal era a idade. Em julho, ele compareceu à cerimônia de adesão da Venezuela ao Mercosul e indicou estar recuperado do câncer.

No entanto, em dezembro, quando houve a Cúpula dos Chefes de Estado do Mercosul, na qual estava marcada uma cerimônia em homenagem à Venezuela, Chávez não participou. Em Cuba para tratamento de saúde, o presidente enviou uma delegação para as reuniões.


Chávez fez várias viagens ao Brasil; em junho, foi a primeira visita oficial na gestão da presidenta Dilma

 


Em dezembro de 2012, Chávez retornou a Cuba para mais uma cirurgia; fotografia ao lado das filhas foi
divulgada para acalmar a oposição

Segundo Constituição, deverão ser realizadas novas eleições
Pela legislação da Venezuela, o sucessor de Hugo Chávez deverá ser escolhido a partir de uma nova eleição a ser realizada num prazo de 30 dias. Durante este período, o país fica sob o comando do vice-presidente Nicolás Maduro.

O mandato presidencial é de 6 anos. O artigo 233 da Constituição Bolivariana, promulgada em 1999, prevê que “se a falta absoluta do Presidente da República se produz durante os primeiros 4 anos do período constitucional, se organizará uma nova eleição universal, direta e secreta dentro dos 30 dias consecutivos”.

Nesse caso, Maduro só poderia assumir em definitivo caso faltasse menos de 2 anos para encerrar o mandato. A nova disputa eleitoral deve colocar como adversários Maduro e Henrique Capriles, que perdeu as últimas eleições para Chávez.

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Morre o presidente Hugo Chávez

O venezuelano ocupava o cargo desde 1999 e era o líder democrático mais longevo da história recente da América Latina

BRASÍLIA – O vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou agora há pouco, em rede de rádio e televisão, a morte do presidente Hugo Chávez. Nesta tarde, Maduro confirmou notícia dada na noite passada sobre o agravamento do estado de saúde de Chávez. O presidente morre aos 58 anos, depois de enfrentar longo tratamento contra câncer. Ele não era visto desde dezembro do ano passado, quando foi submetido a uma cirurgia em Havana.

O venezuelano ocupava o cargo desde 1999 e era o líder democrático mais longevo da história recente da América Latina, tendo sido reeleito para o quarto mandato consecutivo no último mês de outubro. O período terminaria em 2019.

Foi a terceira vez em que ele foi eleito para um mandato com duração de seis anos, regra criada pela nova Constituição, aprovada em 1999, um ano após a chegada ao poder. Na última votação, o venezuelano teve 55% dos votos, com comparecimento de 81% do eleitorado. Ele venceu em 22 dos 24 Estados.
Em 2009, o presidente promoveu um referendo sobre o fim da limitação ao número de mandatos políticos, e chegou a falar sobre se manter no governo até 2021, ou mesmo 2030.

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