Policia

Moradias são destruídas para reintegração de posse em Inhapim

(Fotos: Patricia Belo)

INHAPIM- A Polícia Militar, cumprindo uma ordem judicial, deflagrou nesta quinta-feira (9), uma operação para desocupação de áreas invadidas, no Córrego Boa Fé, na zona rural de Inhapim. A reintegração de posse da área, que fica próxima ao “Barracão do Produtor”, na BR-116, começou por volta das 7h. Não houve resistências e nem prisões.

Segundo informações do major Sérgio Renato, cerca de 150 policiais participaram da ação, que também contou com a ajuda do batalhão de Choque da PM, caminhões do Corpo de Bombeiros, Polícia Ambiental, ambulâncias, tratores e caminhões baús, contratados pelos proprietários do terreno.

Os moradores do local informaram que o terreno invadido foi destinado há mais de 10 anos para ser usado como plantação, com objetivo de abastecer creches e escolas da cidade de Inhapim, porém isso nunca ocorreu.

Segundo o major Sérgio Renato, a área invadida corresponde a 66 hectares, com 63 casas construídas onde viviam 34 famílias, sendo 24 adultos e 12 crianças. Os líderes do movimento MSTI alegam que há anos as terras do Patronato de Inhapim estão improdutivas e tentaram buscar na Justiça o direito de permanecerem no local.

O terreno começou a ser ocupado por integrantes do Movimento Sem-Teto de Inhapim, o MSTI, em 28 de setembro de 2013. Segundo major Sérgio Renato, a reintegração de posse, uma vez determinada pela Justiça, possui sete fases, incluindo aviso e negociações, o que começou em abril deste ano.

“Se tem um mandado judicial, foi ilegal a ocupação, então a Polícia Militar seguiu todas as fases. Veio uma liminar no mês de abril, nós aguardamos e agora no dia 18 de agosto recebemos um documento da Vara de Conflitos Agrários de Belo Horizonte dando um prazo de sessenta dias para a desocupação”, disse o comandante.

DESESPERO
A decoradora Darlene Pereira Laje, que tem uma casa na área, participou de uma reunião com a polícia antes da ação ser iniciada, e depois conversou com os demais moradores, pedindo que ninguém entrasse em conflito com a PM.

“Não perdemos bens materiais, nós perdemos a dignidade. Não temos condições de enfrentar 300 policiais armados. Somos cidadãos de bem. Tentei um acordo com a polícia, para sairmos das casas de forma pacífica, e que em troca eles não derrubassem as casas, porém o major Renato explicou que isso não depende dele, que ele somente está cumprindo uma ordem. Portanto não vamos atrapalhar o trabalho da polícia”, disse.

Darlene disse ainda que a desocupação está ocorrendo de forma ilegal, já que não houve uma audiência para ouvir os moradores, para tentar um acordo.

“Essa decisão veio de Belo Horizonte, não tivemos uma audiência para ouvir as duas partes, mas mesmo assim hoje não conseguimos derrubar a liminar. Essa desocupação é ilegal. Vamos pedir ao advogado e tentar recorrer dessa decisão”, afirma.

A doméstica Maria das Graças Maia, de 48 anos, acompanhou a ação de reintegração desde as 6h30 da manhã desta quinta-feira.

Nos primeiros momentos, a moradora permaneceu tranquila e não reagiu às ordens impostas pela polícia; porém, quando viu os tratores chegando na área invadida, a doméstica passou mal e teve que ser atendida por uma ambulância que estava no local.

“Só se tem justiça para os ricos. Eu tinha esperança que eles não teriam coragem de destruir a minha casa. Mas quando os tratores chegaram eu tomei conhecimento da realidade e comecei a passar mal. Gastei R$ 30 mil na construção da minha casa, e ainda devo R$ 2 mil. É muito triste”, lamenta.


As casas, em sua maioria de alvenaria, foram destruídas em uma operação que durou
aproximadamente cinco horas

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