Cidades

Ministro dos Transportes destaca obra para a integração nacional

IPATINGA – O ministro dos Transportes César Borges disse ontem em Ipatinga que com o início das obras de duplicação da BR-381 o governo federal quebra um tabu. “Vossa excelência faz história”, disse o ministro, dirigindo-se à presidenta Dilma Rousseff, lembrando que a estrada é almejada pela população há mais de décadas.

Depois de citar alguns dos principais programas do governo federal, como o Minha Casa, Minha Vida, Bolsa Família e PAC, César Borges destacou os projetos de estruturantes. “Infraestrutura do transporte significa salvar vidas, mais desenvolvimento e a presidenta é uma grande artífice deste momento. Depois de tantos percalços, tantos obstáculos – nosso País que tem uma burocracia pesada -, passamos pelo licenciamento, pela aprovação de órgãos controladores, passamos pelas licitações, pela elaboração dos projetos. Mas fomos superando obstáculo por obstáculo, porque houve obstinação da presidenta em nos cobrar o resultado”, disse o ministro.

CONHECIMENTO DE CAUSA

“Esta rodovia – prosseguiu – é importante para economia da região, para reduzir o número de acidentes. É um símbolo de progresso, de integração e de união nacional com a segurança e o conforto de uma via ampliada e pavimentada, que otimizará a ligação entre vários estados brasileiros, sobretudo, São Paulo e o Nordeste do País.

César Borges lembrou que foi um usuário da BR-381 e conhece o risco de trafegar pela rodovia. “Falo isso com conhecimento de causa. Sou baiano, sou de Jequié e para vir a Belo Horizonte, vinha por Governador Valadares, passando pela 381 e pude partilhar as dificuldades enfrentadas por essa população”.

INTEGRAÇÃO NACIONAL
O ministro lembrou a importância da rodovia para a infraestrutura viária nacional. “Agora, a rodovia que, de BH a SP se chama Fernão Dias, terá uma sequência natural. Terá uma importante via de acesso aos principais mercados do País, atendendo tanto aos fluxos interregionais de carga para abastecimento interno, quanto para exportações de produtos por meio do porto de Santos ou por vias internas em direção aos demais países do Mercosul.

Ao longo do BR 381, que agora será duplicada, localizam-se importantes cidades como GV, Ipatinga, Fabriciano, Timóteo e João Monlevade. A rodovia passa pelo maior polo siderúrgico da América Latina e por uma das maiores empresas de celulose do País, a Cenibra. Sua duplicação também facilitará o acesso ao complexo portuário de Tubarão e o fluxo de importação e exportação, que vai gerar mais empregos e maior circulação de riquezas, fortalecendo a especialização produtiva, característica da região e incentivando a complementação e expansão do parque industrial aqui existente”, discursou o ministro sobre a importância da rodovia para a economia da região, do Estado e do País.

Presidente da Fiemg aplaude, e também lamenta a demora
Ipatinga
– O presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Olavo Machado Jr., fez ontem durante a assinatura da Ordem de Serviço de duplicação da BR-381 um agradecimento, mas também uma crítica à demora no início da obra.

“Esta obra é importante para Minas e para os mineiros. Também é de relevância estratégia para o Brasil e os brasileiros. Esta rodovia que tantos benefícios e alegrias nos trouxe por também sinalizar o progresso representado pela criação da Usiminas, pelas exportações da Vale, pela Acesita (hoje Aperam) e pela Cenibra, tornou-se em razão do grande desenvolvimento da região um inferno para todos nós”, disse o presidente da Fiemg.

Atraso

“Aplaudimos o início das obras e somos gratos, mas não poderíamos deixar de registrar e lamentar que ela esteja chegando com muito atraso”, criticou Olavo Machado, reiterando: “Um atraso inexplicável. E ao contrário do que dizem muitos, reconhecemos que este atraso não é só retaliação ou má vontade entre governos. É, antes, resultado da nossa incompetência, da desconfiança que se instalou em nosso País, um excesso de controle que não leva a nada, a não a ser à valorização da burocracia e da falta de compromisso de todos nós brasileiros. Se assumirmos juntos, talvez, a solução saísse mais rapidamente”, disse.

Olavo Machado aproveitou para reivindicar: “Contamos com a senhora para mudar este quadro para que outras obras prioritárias para MG e para o Brasil não demorem tanto. Refiro-me, por exemplo, ao anel rodoviário de BH , também uma rodovia da morte”, exemplificou.

Resposta
Em seu pronunciamento, a presidenta Dilma Rousseff não deixou por menos e, sem citar nomes, ao falar sobre os investimentos do governo federal em mobilidade urbana, lembrou dos projetos desenvolvidos em Minas Gerais e em Belo Horizonte. “Em relação ao Anel Rodoviário de Belo Horizonte, o governo federal fez uma proposta ao governo de Minas. O governo mineiro fazia parte da obras e o governo federal pagaria.

“Nós pagamos a parte que vocês fizerem. Nós fazemos a nossa parte e também pagamos. Enfim, nós pagamos o Anel Rodoviário inteiro. Tenho escutado que tem gente queixando que o Anel está atrasado. Ora, se tiver atrasado eu sugiro que cobrem o governo de Minas também pelo atraso e não só federal. Porque na hora de fazer o acordo e passar o recurso, todo mundo quer, mas na hora de cobrar, só nós somos cobrados? Que história essa!”, disparou a presidenta

SILVEIRA PEDE HOMENS E MÁQUINAS NAS PISTAS
IPATINGA
– O deputado federal, Alexandre Silveira, defensor da duplicação há dez anos ressalta a sua bandeira. “Para nós, que há mais de dez anos lutamos e trabalhamos pela duplicação da BR-381, a assinatura da ordem de serviço é motivo de comemoração. Representa um coroamento de todo um trabalho iniciado em 2004, quando estive à frente da direção geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) e contratei a elaboração do projeto de Viabilidade Técnica, Socioeconômica e Ambiental da rodovia. Esta iniciativa subsidiou o projeto de engenharia executado, entre 2008 e 2010, o qual acompanhei de perto na Câmara Federal como membro da Comissão de Viação e Transporte da Câmara”, conta.

ELEITORAL
Para o deputado e ex-diretor do Dnit, a duplicação já poderia ter iniciado. “A candidata Dilma já reunia todas as condições necessárias para autorizar o início das obras desde o ano de 2011, mas não o fez, mesmo tendo vindo a Minas Gerais, por diversas vezes, prometer e não cumprir esta e outras obras de responsabilidade do Governo Federal. Agora, pressionada pela queda vertiginosa nas pesquisas de opinião há apenas cinco meses das eleições, Dilma assinou a autorização. Mas, tal assinatura vem acompanhada do descompasso do Governo Federal com as empreiteiras vencedoras da licitação, uma vez que estas encontram-se desmobilizadas e sem seus canteiros de obras instalados, com exceção a Construtora Brasil e a JDantas, que fará, apenas, obras de arte, isto é construção de pontes, viadutos, passarelas e paradas de ônibus”, avalia.

FISCALIZAÇÃO
À frente do movimento Marcha pela Rodovia da Vida, Silveira diz que, mesmo com o início das obras, as cobranças não param. “Essa realidade nos faz ainda mais vigilantes. Queremos máquinas nas pistas, homens trabalhando e uma duplicação de verdade, entre Belo Horizonte e Governador Valadares. Continuaremos exercendo nossa função parlamentar de fiscalização dos atos do poder executivo, acompanhando passo-a-passo do desenrolar dos fatos, para que tudo isso não se confirme, mais uma vez, como uma ação puramente eleitoreira – típica do atual Governo -, como as que temos assistido nos últimos anos com as reiteradas mentiras contadas aos mineiros”, enfatiza.
Aberto em 2012, o edital para as obras na BR-381 Norte contemplam trechos com traçado sinuoso e em pista simples. A defasagem na duplicação é de mais de 30 anos.

Pe. William lembra perdas que nenhum dinheiro pode pagar
Ipatinga –
Entre os oradores da solenidade de ontem estava o pe. William Luciano Pires. O religioso contou que em 1991 perdeu seus pais num acidente de carro na BR-381.
“Filhos se tornaram órfãos e eu, como tantos mineiros e irmãos de outros estados, vivemos ao longo destes anos o sofrimento da perda, perda esta que não pode ser ressarcida de bens, pois perdemos um patrimônio que jamais poderemos readquirir”, lamentou.

William Pires disse que a violência é irreparável e nenhum valor pode pagar as vidas perdidas em acidentes na rodovia.
“Sofremos o golpe de sermos roubados pelo tempo, pelo descaso, pela ignorância. Pode custar muito uma obra, mas nada chega ao valor do desespero e da angústia de quem perdeu seus entes queridos ao longo destes anos. Quanto vale esta obra? Na imaturidade de órfão eu daria todo este dinheiro para ter meus pais de volta, mas isso é impossível. Quero que com essa duplicação tantos filhos e filhas possam receber seus pais de volta em seus lares em segurança, de quem partiu para voltar”, finalizou.

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