Cidades

Ministro Alexandre Silveira é alvo de denúncias de enriquecimento ilícito

UOL publica reportagem especial sobre patrimônio do ministro das Minas e Energia estimado em R$ 79 milhões

(DA REDAÇÃO) – O UOL publica nesta segunda-feira (26) reportagem especial sobre a fortuna acumulada pelo atual ministro da Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), levantando suspeitas de enriquecimento ilícito. O montante do patrimônio seria de R$ 79 milhões. Segundo o site, o patrimônio do ministro aumentou 30 vezes nos últimos 17 anos. Silveira garante que o patrimônio é resultado de sua vida empresarial, de investimentos no setor imobiliário e outras atividades.

A denúncia contra Silveira pode ter várias origens, inclusive intrigas palacianas, o tal fogo-amigo. Ele foi autor a poucos dias de uma dura crítica ao presidente da Petrobras, Jean-Paul Prates (PT) pela ineficiência energética brasileira na exploração de gás. Mas não é só isso, pode ser também fogo inimigo, disparado pelo Centrão na disputa por cargos no governo, assim como ocorre com a ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União Brasil), acusada de ligação com milicianos cariocas. Ou simplesmente uma forma de atingir o governo como um todo. Mas o fato é as “suspeitas” de enriquecimento não são novidade para o público do Vale do Aço, que acompanha de perto a trajetória política de Silveira, sempre envolta em críticas relacionadas ao carreirismo lastreado em interesses financeiros, tema sobre o qual o ministro jamais se posicionou abertamente, pelo menos em nível regional.

DA DELEGACIA AO DNIT

Silveira iniciou sua carreira política no Vale do Aço, onde constituiu sua principal base eleitoral. Atuou como delegado de polícia em Antônio Dias e Ipatinga e rapidamente alçou vôo para a carreira política. Atuou nos bastidores na campanha do candidato a prefeito em Ipatinga, Inácio Gomes de Barros (DEM) no ano 2000, quando, por divergências, abandonou a candidatura na reta final, o que foi considerado uma sabotagem por integrantes da campanha já que era responsável pelo suporte financeiro.

Apadrinhado pelo ex-vice-presidente José Alencar, no primeiro mandato de Lula, Silveira foi nomeado diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) em 2004.

Foi eleito deputado federal pelo Partido Popular Socialista (PPS) na Legislatura 2007-2010 e reeleito para o mandato 2011-2014. Durante seu segundo mandato assumiu as secretarias de Gestão Metropolitana e Saúde de Minas Gerais.

GOVERNO PARALELO

Silveira foi considerado um dos principais artífices e “gestor” do governo do ex-prefeito de Ipatinga, Robson Gomes (PPS), que era então presidente da Câmara de Ipatinga e assumiu seu primeiro mandato como prefeito após a cassação de Sebastião Quintão (MDB), ficando à frente do Executivo no período de 27 de fevereiro de 2009 a 28 de abril de 2010. Robson foi eleito para o cargo em eleição suplementar, numa campanha bancada por Silveira, assumindo de 18 de junho de 2010 a 1º de janeiro de 2013, período em que as decisões no governo eram totalmente atribuídas a Alexandre Silveira, como “prefeito de fato”, que, nos bastidores, foi responsável pela indicação da ampla maioria do secretariado.

“ALEXANDRIA”

Durante sua gestão no DNIT, cresceram as críticas ao suposto enriquecimento de Silveira. À época ele teria iniciado o loteamento de um condomínio na saída de Ipatinga para Caratinga, o Parques do Vale, que o jornal “Hoje em Dia” intitulou de “Alexandria”, tal a envergadura do empreendimento. “O secretário estadual de Gestão Metropolitana, Alexandre Silveira (PSD), encabeça um projeto milionário, envolvendo construtoras e prefeituras, que visa a construção de uma nova cidade, entre os municípios de Caratinga e Ipatinga, no Vale do Aço. O condomínio, com 5 milhões de metros quadrados, que vai abrigar 46 mil moradores e cerca de 900 empresas, ao custo de R$ 630 milhões, foi batizado pelos empresários da região como Alexandria, em referência à cidade egípcia fundada em 331 a.C. pelo imperador Alexandre, o Grande”, diz o jornal.

E prossegue: “O investimento é promovido pela holding Egesur, por intermédio da Egesa, uma das maiores construtoras do Brasil. Segundo previsão do projeto piloto do empreendimento, nos primeiros anos depois de concluído, o condomínio já será maior que 158 municípios de Minas que possuem até 50 mil habitantes”.

Curiosamente, o projeto foi apresentado ao então governador, Antônio Anastasia, de quem Silveira viria a se tornar suplente e depois sucessor da vaga de Senador, carago que exerceu em 2022.

Depois de algum tempo, o mega empreendimento foi abandonado ou readequado para planos mais modestos.

Silveira tentou a reeleição em 2022, quando foi um dos coordenadores da campanha de Lula em Minas Gerais, ao lado de Alexandre Kalil, mas não foi reeleito.

Em 29 de dezembro de 2022, foi anunciado como o Ministro de Minas e Energia do terceiro governo Lula.

MODÉSTIA E RIQUEZA

Em comentário à reportagem feita pelo UOL, o articulista Josias de Souza, em tom de ironia diz que Alexandre Silveira, o ministro de Minas e Energia, é um sujeito modesto. “Político há quase duas décadas, ele se apresenta aos eleitores como ex-policial, servidor público e parlamentar. O repórter Thiago Herdy descobriu que o ministro de Lula esconde atrás da porta de sua modéstia uma evolução patrimonial invejável. Em 2006, quando disputou seu primeiro mandato, ostentava patrimônio de R$ 2,6 milhões, em valores atualizados. Hoje, acumula uma riqueza de mais de R$ 79 milhões.

“Ouvido – prossegue Josias –, o ministro atribuiu sua fortuna à atuação como empresário. De duas, uma: ou Alexandre Silveira é um talento empresarial desperdiçado na Esplanada dos Ministérios ou é mais um caso de enriquecimento ilícito mal investigado na política nacional. Nas duas hipóteses, a pasta de Minas e Energia não é local mais adequado para Silveira.

E conclui: “Num instante em que grandes empresas patinam e a economia brasileira tropeça, Silveira potencializaria ainda mais seu patrimônio cobrando por palestras sobre o caminho da prosperidade. Se o caso for de polícia, Silveira deveria ser acomodado no centro de um inquérito, não na poltrona de ministro do estratégico setor energético”.

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