Policia

Médico morto a tiros é sepultado em Ipatinga

Para a PC, médico foi vítima de um latrocínio
 

CARATINGA
– Foi sepultado na tarde de ontem (17), em Ipatinga, o corpo do médico Ícaro Ferginando Marcelino de Paula, 25 anos. Ele foi morto com dois tiros em um suposto assalto, próximo ao trevo de Revés do Belém, no último domingo (16). A única testemunha do crime é a namorada da vítima, que conseguiu escapar dos bandidos. O velório aconteceu na Igreja Presbiteriana do bairro Iguaçu e o sepultamento às 17h de ontem, no cemitério Parque Senhora da Paz, em Ipatinga.
Segundo consta na ocorrência policial, Ícaro e a namorada estavam numa festa em uma casa no Residencial Porto Seguro. Quando saíram – por volta de 3h da madrugada – o casal foi rendido por quatro homens armados. O grupo tomou o carro e mandou os dois sentarem no banco traseiro.
Já na estrada de Pingo D`água, com várias ameaças, os bandidos teriam gritado para Ícaro abaixar, quando então começou uma discussão. Os criminosos pararam o carro, desceram e em seguida um dos bandidos atirou duas vezes em Ícaro, que foi atingido na perna e nas costas.
A namorada conseguiu fugir e escondeu-se num matagal. Pouco tempos depois, outro carro chegou e levou o bando. O carro do médico foi deixado aberto com os faróis ligados no meio da pista. Ele morreu no local. Os ladrões levaram três celulares e R$ 70 em dinheiro.

TESTEMUNHA

Até o momento, a namorada do médico é a única testemunha ocular do crime. Ontem pela manhã, a jovem de 25 anos estava no velório. Mesmo muito abalada, ela concordou em conversar com a reportagem. Apesar de já ter tido o nome divulgado em outros meios de comunicação, a testemunha pediu que não tivesse a identidade novamente exposta.
Na entrevista, ela contou que estava com Ícaro comemorando o aniversário de três amigos dele em uma casa noturna no Residencial Porto Seguro. Por volta de 3h, decidiram dar uma volta para depois retornarem à casa para buscar outro casal de amigos que havia ficado na festa. “Nós andamos alguns metros para frente, paramos o carro e ficamos lá dentro. Foi quando eu vi quatro indivíduos vindo em nossa direção a pé. Eu falei com Ícaro para sairmos porque o lugar estava meio perigoso. Foi aí que dois se posicionaram atrás do carro e dois dos lados. Um deles bateu a arma no vidro e pediu a chave do carro, ameaçando atirar”, relatou.
A namorada do médico disse que, neste instante, Ícaro reagiu calmamente e que chegou a falar com o bando que poderia levar o carro, porém os criminosos pediram para que os dois passassem para o banco traseiro do veículo. “Dois ficaram na frente e outros dois atrás do nosso lado. Eu fiquei do lado da janela e o Ícaro no meio de dois deles. Ficamos o tempo todo de cabeça baixa e andamos aproximadamente uns 10 minutos do local de onde fomos abordados e o Ícaro me pediu calma. Foi quando um dos bandidos pediu para ele calar a boca”, conta.
Neste instante, segundo relatou a jovem, Ícaro teria ficado nervoso e xingado um palavrão, o que precipitou uma discussão entre o médico e um dos bandidos que estava sentado no banco do carona. “Aí eles pararam o carro, puxaram Ícaro para fora e antes mesmo que ele pudesse sair totalmente do veículo, um deles atirou nele”, disse, acrescentando que o tempo todo permaneceu dentro do carro. “No momento dos tiros, só o que estava no banco do motorista ficou no carro comigo e na hora que ele ouviu os disparos ele saiu e aí eles começaram a discutir entre si. E nessa distração deles, eu aproveitei e saí pela porta que eles puxaram o Ícaro e corri para o matagal onde fiquei escondida por muito tempo”, conta.

AJUDA
A testemunha disse ainda que depois disso ouviu o barulho de outro carro, e somente quando havia certeza de que o bando não estava mais no local, é que tomou coragem para procurar ajuda. Ao deparar com o corpo do médico estendido no chão, a namorada disse que ainda tentou conversar com ele, porém ele não respondeu. “Eu não sabia o que fazer, então procurei nos dois bolsos do Ícaro o telefone celular e não achei, nem o dele, nem o meu e o nem o de uma amiga minha. Pedi ajuda em duas residências, bati na porta, chutei e ninguém me atendeu. Foi só em um motel já na BR é que consegui chamar a polícia”, diz a jovem.

ESTRANHO
O suposto latrocínio – roubo seguido de morte – causou várias especulações nas redes sociais e em comentários de sites de notícias. Até mesmo a hipótese de um crime passional foi levantada. As primeiras informações deram conta de que Ícaro teria se envolvido com uma mulher comprometida no município de Ipaba. E ainda que a atual namorada, presente na cena do crime, também havia sido casada há algum tempo atrás.
A jovem confirmou as informações. Mas acredita que este não tenha sido o motivo principal do crime. Para ela, o suposto assalto ainda está cercado de mistério. “Eu acho que só roubo não era, porque senão eles teriam pegado o carro”, disse.

JUSTIÇA
Familiares da vítima se limitaram a pedir justiça e agilidade na elucidação do crime. “Acreditar ou não na versão desta única testemunha seria leviano da nossa parte. Obviamente a família tem muitas dúvidas, mas que não vale a pena supor sem provas. Estranho é porque só levaram os celulares, mas isso eu acho que é para evitar acionamento com a polícia de imediato”, disse um familiar.

 


Para a polícia, os tiros levados por Ícaro não caracterizam execução      (Crédito: www.plox.com.br )

 


Parentes e amigos do médico pedem Justiça e agilidade no caso      (Crédito: Gizelle Ferreira)

 

Namorada não está sendo investigada
(Da Redação)
– O delegado responsável pelas investigações do caso, Almir Lugon, de Caratinga, disse à reportagem que até o momento a polícia não considera a hipótese de a namorada do médico estar envolvida no crime. Conforme o policial, a única linha de investigação é a de latrocínio, já que o carro possui sinais de arrombamento. O delegado acredita na hipótese de que o roubo saiu do controle dos assaltantes e que “algo” deu errado, fazendo com que eles desistissem de levar carro. “A morte de Ícaro não estava nos planos dos bandidos”, afirma o delegado.
Algumas provas já foram colhidas pela perícia técnica e vão ajudar a polícia na apuração dos fatos. Um boné achado dentro do veículo foi reconhecido como sendo de uma pessoa que estava na mesma festa que o casal. Além disso, cinco copos da festa foram encontrados também dentro do carro. “Já temos um suspeito, porém não podemos dar mais informações para não atrapalhar as investigações, mas até o momento a namorada dele não está envolvida no crime”, afirma o delegado, acrescentando que os tiros levados por Ícaro não caracterizam execução. “Os tiros não foram dados em regiões vitais do corpo como cabeça, peito. Os disparos não são característicos de execução”, considera o delegado.

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