Cultura

Mapa da Mina cataloga e guarda tesouro hídrico

Julia Macedo, Cecília Ferramenta, Rafael Pureza e Alessandro Sá na solenidade de lançamento do projeto Mapa da Mina

(Por Fernando Beneditcto)

IPATINGA – A Prefeitura Municipal, o Ministério Público e a ONG Interagir realizaram ontem na Bica do Ipaneminha, também conhecida como Bica do Molica, a solenidade de lançamento do projeto Mapa da Mina, que tem o objetivo de catalogar, estudar, comparar e preservar todas as nascentes, minas e olhos d’água do município. A iniciativa será desenvolvida com recursos de um fundo do Ministério Público destinado à compra de material para cercamento das nascentes e plantio de mudas no entorno destes mananciais.

O promotor Rafael Pureza, curador do meio ambiente em Ipatinga, disse que o projeto é uma iniciativa do Ministério Público em parceria com a Prefeitura e a ONG Interagir, com o objetivo de identificar os mananciais e preservá-los.

“Primeiro vamos identificar e, posteriormente, recuperar a nascentes degradadas. Trata-se de um projeto simples, mas ousado. Vamos doar todo o material e as mudas necessárias para a manutenção das nascentes, porque entendemos que o momento de agir é agora, se quisermos voltar a estes mesmos locais daqui a dez ou quinze anos e encontrá-los com água, porque são áreas seriamente ameaçadas pela expansão urbana”, disse o promotor.

Rafael Pureza ressaltou o caráter coletivo do projeto. “Ninguém é dono da água”, asseverou. Ele exortou a participação das comunidades rurais na execução do projeto de mapeamento das nascentes e explicou que se trata de um processo de coleta de dados. “Não queremos multar ou penalizar ninguém, queremos preservar”, explicou.

TESOURO
Em relação ao nome do projeto, Mapa da Mina, Pureza ressaltou que a água é o bem mais precioso do planeta. “Por isso Mapa da Mina, porque é um verdadeiro tesouro. Vamos procurar este tesouro e guardá-lo como se fosse uma joia, porque é isso que ele é”, poetizou, referindo-se às nascentes da Bacia do Ribeirão Ipanema.

A prefeita Cecília Ferramenta corroborou com as declarações do representante do Ministério Público e destacou a importância da participação do setor educacional no projeto. Ela apresentou a proposta de que as escolas da rede pública adotem as nascentes e ajudem a protegê-las. O aspecto histórico também foi frisado pela prefeita, lembrando que na primeira gestão do ex-prefeito Chico Ferramenta um projeto de catalogação das nascentes do município já havia sido feito, mas esta memória se perdeu nos governos seguintes.

“Temos que preservar as nascentes e também a memória”, ensinou, salientando que hoje a tecnologia ajuda a preservar e guardar os dados recolhidos em projetos como o Mapa da Mina. “Estamos reiniciando este projeto de preservação de um tesouro que é o nosso bem mais precioso”, disse.

CRISE HÍDRICA

A prefeita lembrou que a crise hídrica é uma ameaça real. “Antes faltava água no Nordeste, onde as populações eram martirizadas pela seca, que as empurrava para o êxodo em busca de regiões menos áridas. Hoje falta água em várias regiões do País. Daí a importância do trabalho conjunto para vencermos este problema”, salientou Cecília, contando que em conversas passadas as pessoas achavam que as ações e discursos em defesa da água eram puro proselitismo.

“Hoje, as mesmas pessoas veem que esta preocupação visionária que tínhamos no passado recente faz todo o sentido”, concluiu Cecília Ferramenta, exortando toda a Prefeitura de Ipatinga a se imbuir do projeto para que ele sirva de exemplo para outras cidades de Minas e do País.

PARCERIA
A diretora do Departamento de Meio Ambiente da PMI, Julia Macedo, recordou que em 2008 a Prefeitura fez um mapeamento, mas chegou o momento de fazer outro, porque algumas fontes catalogadas naquele período secaram, outras se tornaram intermitentes e uma intervenção no sentido de preservá-las é urgente e necessária.

Julia também destacou a importância do apoio dos pequenos proprietários para projeto de catalogação das minas e nascentes, ressaltando que não se trata de fiscalização, mas de preservação dos mananciais. Os interessados em integrar o projeto podem entrar em contato com o Departamento de Meio Ambiente pelo telefone (31) 3829-8079.

CICLO HIDROLÓGICO
O diretor da ONG Interagir, Alessandro de Sá, disse que a instituição foi fundada em 2008 com o objetivo de estudar e buscar soluções para a Bacia Hidrográfica do Rio Doce. A entidade reúne profissionais de diversas áreas ligadas ao meio ambiente, como geólogos, biólogos, etc.

“Primeiro vamos catalogar e analisar a situação da Bacia do Ribeirão Ipanema, e em seguida, das suas sub-bacias, para restabelecer o ciclo hidrológico das nascentes e mananciais”, disse Alessandro, explicando que algumas nascentes são perenes, isto é, não secam nem mesmo durante o período da estiagem. Outras são intermitentes, minam durante as chuvas e secam na estiagem. E existem também aquelas que só minam durante alguns dias durante o período chuvoso. “No que diz respeito à escassez de água, o ano de 2015 será muito difícil”, alertou Alessandro.

A ONG Interagir vai realizar o trabalho de campo juntamente com quatro estagiários e dois técnicos, objetivando catalogar e recuperar todos os tipos de mananciais hídricos. Os recursos para este trabalho serão oriundos de uma conta jurídica para o recebimento de recursos que pode ser fiscalizada e acessada com transparência.

SERVIÇO
Os interessados em participar do projeto Mapa da Mina devem entrar em contato com:
Departamento de Meio Ambiente da PMI – (31) 3829-3829-8079
ONG Interagir – (31) 3821-8929 e (31) 8881-7470.


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