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Lula depõe a Moro, pede respeito e diz que está se preparando para 2018

BRASÍLIA – Após cinco horas, terminou por volta das 19 horas o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz federal Sérgio Moro em Curitiba. Lula respondeu a perguntas de Moro, da assistência de acusação, de procuradores do Ministério Público Federal e fez as alegações finais. Logo Após o depoimento, Lula se dirigiu à praça Santos Andrade, em frente à Universidade Federal do Paraná, onde uma multidão o aguardava para um ato público. O ex-presidente é acusado de ter recebido propina da empreiteira OAS por meio das reformas de um apartamento triplex no Guarujá, litoral de São Paulo, e de um sítio em Atibaia, no interior do estado.

MASSACRE
Durante o ato, Lula disse que é vítima de um massacre midiático, com acusações que contabilizam mais de 18 horas em certos dias. Ele agradeceu às caravanas que saíram de todo o Brasil para lhe prestar solidariedade e disse que este apoio é o motivo que o mantém na luta.
“Haverá um momento em que história irá mostrar que ninguém foi tão perseguido e massacrado como estou sendo nos últimos anos. E quero estar vivo para ver este momento”, disse. “Se um dia eu tiver cometido um erro eu não quero ser julgado pela justiça, quero ser julgado pelo povo brasileiro. Hoje eu pensei que meus acusadores iriam mostrar uma escritura, um pagamento, um documento, para provar que um apartamento é meu. Não, não mostraram. Eu esperava que depois de dois anos de massacre tivesse um documento dizendo que o lula comprou um apartamento, comprou e pagou, dormiu no apartamento, mas ficaram perguntando se eu conheço o [João Vaccari Neto, ex-tesosureiro do PT] Vaccari; o Paulo Okamato. Claro que conheço, não tenho vergonha das pessoas que conheço”, disse Lula, sentenciando: “Não quero ser julgado por interpretações, quero ser julgado por provas”.

OLHOS NOS OLHOS

O ex-presidente pediu ainda que o público o olhasse nos olhos e se reportou à sua mãe. “Eu queria que os mais jovens e também os mais velhos olhassem nos meus olhos: minha mãe dizia que quando uma pessoa fala mentira a gente conhecesse não pela boca, mas pelos olhos, por isso pedi que fosse transmitido [o depoimento a Moro]. Eu não seria digno dos movimentos que estão aqui representados, do carinho que vocês estão tendo comigo. Não seria digno se eu tivesse alguma culpa e tivesse aqui falando com vocês. Eu virei em quantas audiências forem necessárias. Se tem um brasileiro, um ser humano que está em busca da verdade sou eu”.
Lula reafirmou seu compromisso com a verdade diante do povo em Curitiba, com a voz embargada. “É em meu nome, do nome do meu partido, dos movimentos sociais, sindical que afirmo: se um dia eu tiver que mentir para vocês eu prefiro ser atropelado em qualquer rua deste país. Eu jamais poderia mentir para pessoas como vocês que há muito tempo depositam sua confiança em mim”.

CANDIDATURA

Durante seu discurso Lula reafirmoua disposição de se candidatar à presidência em 2018. “Eu estou vivo e estou me preparando para voltar a ser candidato a presidente deste País. Eu nunca tive tanta vontade como eu tenho agora, para provar que se a elite não tem competência para consertar este país, um metalúrgico com o quanto ano primário tem”, adiantou, finalizando: “Não quero afrontar ninguém respeito a lei, a Constituição e o País. A única coisa que peço é que me respeitem”.

SEGURANÇA
O depoimento de Lula começou por volta das 14h15. Usando uma gravata com as cores da bandeira do Brasil, o ex-presidente entrou no prédio da Justiça Federal acompanhado de seu advogado Cristiano Zanin. Manifestantes favoráveis e políticos aliados acompanharam Lula até o prédio. Entre os aliados que foram até Curitiba para apoiá-lo, está a ex-presidenta Dilma Rousseff.
O depoimento ocorreu sob forte esquema de segurança na área externa do prédio. Cerca de 3 mil profissionais de segurança pública das esferas federal, estadual e municipal foram mobilizados. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Paraná, desse total, cerca de 1,7 mil são policiais militares que atuam em Curitiba.
Durante todo o dia, centenas de policiais militares fizeram um bloqueio em um perímetro de 150 metros ao redor prédio da Justiça Federal. Agentes da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Federal cuidaram do isolamento do próprio prédio. Os profissionais também acompanharam os atos a favor e contrários a Lula e fizeram a escolta do carro do ex-presidente.
Manifestantes a favor de Lula realizaram atos em pontos diferentes da capital paranaense. De acordo com o governo estadual, cerca de 50 mil manifestantes que apoiam Lula foram para Curitiba para acompanhar o interrogatório. Ao todo, foram 128 ônibus vindos de vários estados do país. Grupos contrários também foram para a cidade, mas a Polícia Militar informou que não recebeu notificações de ônibus fretados.

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