Policia

Justiça solta 8 dos 9 policiais acusados de extermínio

CARATINGA – O Poder Judiciário de Caratinga expediu o alvará de soltura dos quatro policiais civis lotados na 1ª Delegacia Regional de Ipatinga. Eles foram acusados de envolvimento na morte de quatro jovens em 2011 no distrito de Revés do Belém, em Caratinga. O caso ficou conhecido como “Chacina do Revés” e ganhou repercussão depois da morte do jornalista Rodrigo Neto.

Até o início da noite de ontem Ronaldo de Oliveira Andrade, José Cassiano Ferreira Guarda, Leonardo Alves Correa e Jimmy Casseano Andrade aguardavam o alvará de soltura na Casa de Custódia do Policial Civil em Belo Horizonte.
A determinação de liberdade definitiva foi concedida pelo juiz da 2ª Vara Criminal de Caratinga, Walter Zwicker Esbaille Júnior.

O magistrado decidiu que os réus não devem ser levados a Júri Popular por falta de provas. Na decisão o juiz determinou imediatamente o retorno dos investigadores aos seus cargos de policiais e lhes devolveu o porte de arma.
Os quatro detetives ficaram presos por dois anos e, coincidentemente, foram soltos às vésperas do julgamento do caso “Rodrigo Neto”, que antes de morrer pedia incessantemente para que a chacina não ficasse sem punição.

O CASO

O caso em questão é o da morte dos adolescentes John Enison da Silva, 15, Nilson Nascimento Campos, 17, Felipe Andrade, 15, e Eduardo Dias Gomes, 16. De acordo com investigações feitas pela Polícia Civil de Belo Horizonte, os jovens foram vistos pela última vez no dia 24 de outubro, quando foram conduzidos à Delegacia de Ipatinga.

Após serem liberados, os adolescentes teriam apedrejado uma viatura da PC, novamente apreendidos e nunca mais vistos com vida. Seus corpos foram localizados seis dias depois no distrito de Caratinga, nus e com perfurações de arma de fogo na nuca.

O caso foi investigado pelo Departamento de Homicídios de Proteção à Pessoa (DHPP) da capital mineira, que apontou os quatro policiais civis como sendo os responsáveis pelo crime. Os agentes foram presos em junho de 2013, indiciados pelos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáveres.


Após quatro anos, Chacina de Revés ainda continua impune

“Pitote” senta hoje no banco dos réus
IPATINGA
– Acontece a partir de 9:00h desta sexta-feira (19) no Fórum de Ipatinga o julgamento de Alessandro Neves Augusto, o “Pitote”, acusado de matar o jornalista Rodrigo Neto de Faria. O crime aconteceu em março de 2013 e só demorou a ser julgado porque a defesa de Alessandro recorreu da sentença de pronúncia e o processo foi parar no Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

No tribunal é esperado um embate bastante acirrado entre defesa (composta por três advogados) e o Ministério Público representado pelo Promotor de Justiça Francisco Ângelo Assis. A dispensa ou não de testemunhas será decidida antes de começar o julgamento.

O julgamento será presidido pelo Juiz da 1ª Vara Criminal Antônio Augusto Calaes de Oliveira. Após “Pitote” ser ouvido pelo magistrado, o julgamento passa para a parte de debates, defesa e acusação terão uma hora e meia de oratória. E cada uma das partes terá ainda direito a réplica e tréplica. Não há previsão para o fim do julgamento, mas se espera que a sentença saia ainda no fim da noite de hoje.

OUTROS CRIMES

Além da morte do jornalista, Alessandro responde pelos crimes de porte ilegal de armas e uma dupla tentativa de homicídio ocorrida em Vargem Alegre em 2012. Pitote deverá ser julgado por este crime também, já que o Poder Judiciário mandou o réu a Júri Popular.

Durante depoimento prestado em juízo, sobre o crime em Vargem Alegre, Alessandro apontou um homem que ele chama de “Serginho” como o autor da tentativa. Esse mesmo nome foi usado pelos advogados de defesa de Pitote como sendo quem matou Rodrigo e depois Carvalho.

Uma estranha coincidência
IPATINGA –
Justamente no dia em que ocorre o julgamento do caso “Rodrigo Neto” a sociedade ipatinguense e, sobretudo, aqueles que lutaram pela elucidação dos casos assistem de camarote a libertação de todos aqueles policiais civis e militares que o DHPP prendeu há exatos dois anos.

Os crimes que estavam ocultos só voltaram a ser investigados após o assassinato do jornalista ocorrido em março de 2013 e pela força da imprensa, que à época pediu que não só o caso de Rodrigo fosse elucidado, mas que todos aqueles pelos quais o jornalista pedia por justiça fossem punidos.

Naquele ano, nove policiais chegaram a ser presos por crimes de homicídio ocorridos na região. O radialista sempre defendeu a existência de um grupo de extermínio no Vale do Aço que fazia uma “limpeza social”, eliminando aqueles que de certa foram davam “trabalho” para a polícia e para sociedade. A própria Promotoria de Justiça de Controle da Atividade Externa da Polícia confirmou a existência deste grupo que matava sem precedentes.

RESTA UM

Dos nove policiais, entre militares e civis, apenas um encontra-se preso: Victor Emmanuel Miranda de Andrade, acusado de vários assassinatos. Estão soltos: o capitão Charles Clemencius Diniz Teixeira, que responde em liberdade por um duplo homicídio em 2007, em uma padaria, no bairro Veneza I.

O sargento Michel Luiz da Silva, acusado de matar um morador de rua em 2009, também está solto e respondendo ao caso em liberdade. Ele exerce sua atividade de Policial Militar normalmente. O sargento foi apontado nas investigações como sendo o assassino do morador de rua Célio Nunes Pereira, em 2009, em Santana do Paraíso.
Além dos dois militares, os detetives Ronaldo de Oliveira Andrade, José Cassiano Ferreira Guarda, Leonardo Alves Correa e Jimmy Casseano Andrade ganharam a liberdade e foram absolvidos sumariamente das acusações da chacina.

Sem provas, o Poder Judiciário de Ipatinga também colocou em liberdade Elton Pereira Costa, 46 anos, e Fabrício de Oliveira Quenupe, 30 anos em dezembro de 2013. À época o investigador Ronaldo de Oliveira Andrade, 40 anos, solto ontem à noite, permaneceu preso porque respondia pelo crime de Revés do Belém.

Conforme as investigações feitas pelo DHPP, no dia 25 de junho de 2010, os detetives Ronaldo, Elton e Fabrício efetuaram diversos disparos de arma de fogo contra dois jovens. O inquérito policial aponta que após as execuções, os detetives tiraram as roupas das vítimas como forma de dificultar a identificação dos corpos e ainda ocultaram os cadáveres.

O Ministério Público pediu à justiça que não levasse os acusados a Júri Popular por falta de elementos suficientes para culpá-los. O Poder Judiciário acatou o pedido do MP e soltou os detetives.

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