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Justiça ouve testemunhas de defesa

SÃO PAULO – Recomeçou às 10h30 de ontem (30) o julgamento da segunda etapa do Massacre do Carandiru, no Fórum Criminal da Barra Funda. Neste segundo dia, foram colhidos os depoimentos das testemunhas de defesa. A oitiva começou com uma testemunha protegida, que será mantida em sigilo. A testemunha depôs ontem no plenário, mas a imprensa não teve acesso ao conteúdo do seu depoimento.

Logo depois, foi ouvido o ex-governador Luiz Antônio Fleury e, em seguida, o ex-secretário de segurança pública Pedro Franco de Campos. Pelo cronograma divulgado pelo Tribunal de Justiça, outra testemunha protegida será ouvida posteriormente. Serão exibidos também os vídeos com o depoimento de Ivo de Alemida, que na época era juiz corregedor, e o de Luís Augusto San Juan França.

SEM CONRONTO
Anteontem (29), os trabalhos do júri duraram cerca de 13 horas. Foram ouvidas as testemunhas de acusação, como o perito criminal Osvaldo Negrini Neto. Ele descartou a hipótese de que tenha ocorrido confronto entre policiais e detentos no massacre.

Negrini Neto já foi ouvido em abril, na primeira parte do julgamento, quando 23 policiais militares foram condenados pela morte de 13 detentos, ocorrida no segundo pavimento (ou o primeiro andar do pavilhão). Nesta segunda etapa do julgamento do massacre, 26 policiais militares são acusados pela morte de 73 detentos no terceiro pavimento (que corresponde ao segundo andar) do Pavilhão 9 do antigo presídio.

PROCESSO
O processo foi separado em quatro julgamentos, divididos pelas ações policiais referentes a cada um dos quatro andares do Pavilhão 9. O Massacre do Carandiru ficou conhecido como o maior massacre do sistema penitenciário brasileiro. No dia 2 de outubro de 1992, os policiais acusados entraram no Pavilhão 9 da Casa de Detenção para reprimir uma rebelião. A ação resultou em 111 detentos mortos e 87 feridos.


Presos sobreviventes são colocados sob vigilância para controlar a rebelião no dia do massacre

Fleury disse que ordenaria entrada da tropa no presídio
SÃO PAULO
– A terceira testemunha de defesa ouvida ontem (30), na segunda etapa do julgamento do Massacre do Carandiru, foi o governador na época, Luiz Antônio Fleury. O ex-governador reiterou as declarações fornecidas durante o primeiro julgamento ocorrido em abril. Ele informou que não estava na capital paulista no dia do massacre, mas, se precisasse, teria dado a ordem de ingresso da Polícia Militar no Pavilhão 9 do presídio.

“A responsabilidade política da decisão era minha. No meu governo não tinha preso jogando futebol com cabeça [de preso morto] e com polícia assistindo”, disse ele.
Fleury lembra que os fatos ocorreram na véspera das eleições municipais, e ele estava na cidade de Sorocaba, interior do estado. Ele contou que percorria a cidade com um candidato do município. Fleury disse ter recebido informações sobre a ocorrência de uma rebelião em São Paulo, mas que “as coisas estariam sob controle”, disse. Como não existia celular naquela época, havia dificuldade de comunicação.

Depois do almoço, o ex-governador relatou que decidiu retornar a São Paulo de helicóptero. Porém, naquela tarde chuvosa, a viagem que era para durar apenas 20 minutos, durou 1 hora. “Cheguei no Palácio dos Bandeirantes e já haviam ocorrido os fatos, a entrada da PM”, disse ele.
As circunstâncias descritas pelo ex-secretário, segundo Fleury, indicavam que a entrada da PM era necessária. “A polícia tinha obrigação legal de agir”, declarou.

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