Cultura

João Ubaldo morre no Rio, aos 73 anos

(Crédito: Bruno Veiga)

BRASÍLIA – O escritor João Ubaldo Ribeiro morreu na madrugada de ontem (18), aos 73 anos, em casa, na cidade do Rio de Janeiro. Ele era membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) e ocupava a Cadeira 34 desde 1994. Jornalista e cientista político, ele foi autor de mais de 20 livros, publicados em 16 países.

Entre suas principais obras estão Sargento Getúlio (1971), Viva o Povo Brasileiro (1984) e O Sorriso do Lagarto (1989). João Ubaldo Ribeiro recebeu, em 2008, o Prêmio Camões, concedido pelos governos de Portugal e do Brasil, para autores que contribuem para o enriquecimento da língua portuguesa.

Ribeiro também venceu, por duas vezes, o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro. Em 1972, conquistou o Jabuti de Melhor Autor, por Sargento Getúlio. Em 1984, venceu na categoria Melhor Romance, com Viva o Povo Brasileiro.
Autor de livros que buscaram reinterpretar o Brasil, seguindo a tradição de Jorge Amado, Graciliano Ramos e Guimarães Rosa, João Ubaldo Ribeiro foi vítima de embolia pulmonar.

ADAPTAÇÕES
Seus livros inspiraram adaptações para cinema, teatro e televisão. Sargento Getúlio virou um longa-metragem do diretor Hermano Penna, em 1983, com Lima Duarte no papel principal. O filme levou cinco Kikitos no Festival de Gramado. Uma versão para o teatro, produzida pela companhia baiana Teatro NU, esteve em cartaz em Porto Alegre em 2012 e em maio deste ano.

O romance O Sorriso do Lagarto (1989) se tornou minissérie da Rede Globo em 1991, e A Casa dos Budas Ditosos (1999), romance que conta as lembranças sexuais de uma idosa, foi representado por Fernanda Torres, em 2004 e em 2006, no Theatro São Pedro, em Porto Alegre. O escritor também assinou roteiros para produções no cinema e na televisão.

– Sou totalmente a favor do livro como objeto. Não acho que tão cedo o livro seja substituído. O livro eletrônico tem várias vantagens: por exemplo, você sair de férias e poder levar trezentos livros. Conheço gente que está saindo de férias levando quinhentos livros. Não vai ler nenhum – declarou, em 2011, em um evento literário em Curitiba.

ITAPARICA
João Ubaldo nasceu em Itaparica (BA), em uma casa com uma grande biblioteca, e começou a ler aos seis anos, por pressão do pai, que era professor e político. O primeiro livro que leu foi Dom Quixote, por causa das ilustrações.

Monteiro Lobato também fez parte de sua formação. Começou a escrever na juventude, estreando com Setembro Não Tem Sentido (1968). Titulou-se em Direito, mas jamais exerceu a advocacia. Depois de uma temporada em Berlim, entre 1990 e 1991, radicou-se no Rio. Foi professor, jornalista, colunista e colaborador de veículos de comunicação do país e do Exterior.

Para o poeta Ferreira Gullar, João Ubaldo era “sem dúvida um dos mais importantes escritores brasileiros”:
– Fiquei surpreso porque, pelo que sabia, ele estava bem de saúde. Havia atravessado um período de dificuldade, mas se recuperado. Foi uma notícia chocante.

O escritor deixa a mulher, Berenice de Carvalho Batella Ribeiro, e dois filhos, Bento Ribeiro (ex-apresentador da MTV) e Francisca, além de outras duas filhas, Emília e Manuela, do casamento anterior com Mônica Maria Roters.

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