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Ipatinga já vive colapso de leitos para atender pacientes de covid-19

Município vai ampliar de 16 para 40 o número de leitos; no Hospital Municipal taxa de ocupação na terça-feira era de 89% e no HMC de 120%

IPATINGA – O Hospital Municipal de Ipatinga terá o número de leitos de Enfermaria destinados a pacientes com casos de Covid-19 ampliado de 16 para 40. Essa é uma das principais ações que serão tomadas imediatamente pelas autoridades de saúde pública locais, com a supervisão do Executivo, para fazer frente ao agravamento do quadro de contágio pela doença tanto na cidade quanto na região, no Estado e no País. As medidas foram anunciadas na terça-feira (26) pelo prefeito de Ipatinga, Nardyello Rocha.

Ao lado da secretária de Saúde do município, Érica Dias, e de médicos que compõem o quadro de servidores da cidade, o chefe do Executivo detalhou a situação delicada que o município vem enfrentando nos últimos dias, sinalizando para novos cuidados em relação à pandemia. Somente até o meio-dia desta terça-feira, a cidade registrou 19 novos casos positivos de Covid-19, o que elevou para 144 o número total.  No dia anterior, já haviam sido 23 novos casos, o que fez a curva epidemiológica diária de positivo subir para a casa dos 20%. Durante um bom período, desde que o acompanhamento começou a ser feito pelos órgãos de controle, ela estava em apenas 3 a 4%, depois de se iniciar em até 170%. A leitura é que o pico da pandemia, antes previsto para as primeiras semanas de junho, possa ter se antecipado.

AVALIAÇÃO

Durante a coletiva, o prefeito Nardyello relembrou que o primeiro caso confirmado na cidade aconteceu em 12 de março, sendo que no dia seguinte o Governo já executou medidas restritivas para frear a disseminação do vírus na cidade. Ações de flexibilização só aconteceram depois de um período de dois meses e meio. Para tomada de novas decisões, o Executivo convocou ainda para esta terça-feira, no final da tarde, uma reunião com o Comitê Gestor da Crise de Ipatinga.

“Quando foi necessário, fizemos o isolamento social, com suspensão das atividades escolares, inclusive fechando todo o comércio. Deixamos em funcionamento apenas aqueles segmentos considerados essenciais. Essa medida se fez necessária, uma vez que a curva epidemiológica diária de casos suspeitos no município chegou a experimentar uma elevação de 170%. E tínhamos ainda um agravante, que era o problema de não termos como realizar as testagens naquela ocasião”, lembrou o prefeito.

“Passando esse primeiro momento – continuou Nardyello –, nós conseguimos controlar o avanço do vírus. Assim, os números permitiram uma flexibilização, e ela foi feita com muita responsabilidade. Mas, como eu venho falando sempre, as nossas decisões são sempre compartilhadas e muito refletidas, a partir de avaliações do Comitê Gestor de Crise, e é com ele que iremos avaliar esse novo panorama da cidade”.

TAXA DE OCUPAÇÃO

Durante reunião do Comitê Gestor de Crise do município, realizada na noite desta terça-feira (26), foi discutida a taxa de ocupação de leitos de UTI na cidade, que se tornou uma preocupação para atender pacientes positivados ou com casos suspeitos da doença, que hoje já é de 83%. Em relação aos leitos de Enfermaria Covid-19, essa porcentagem atingiu 89% até as 12h desta terça-feira.

COLAPSO

Um dos principais argumentos para a tomada de novas medidas restritivas quanto à circulação de pessoas pelas ruas, no transporte e estabelecimentos de Ipatinga, além de outras ações complementares, foi um estudo com números perturbadores, apresentado durante a reunião. Segundo ele, com os índices de contágio atuais e uma projeção ascendente, no próximo dia 1º de junho já estaria esgotada a capacidade de internação em leitos de UTI no município, prevendo-se o prolongamento da crise por 70 dias subsequentes. Em relação aos leitos de enfermaria, o colapso ocorreria a partir da segunda semana de junho, com duração de 36 dias.

LEITOS DO HMC

O representante da Fundação São Francisco Xavier na reunião do Comitê chamou a atenção para a grave situação verificada no Hospital Márcio Cunha nesta terça-feira, quando a ocupação dos leitos de UTI chegou a 120%, ou seja, dois pacientes não tinham onde ser alojados para tratamento. “Não tomar providências mais drásticas neste momento seria flertar com a catástrofe”, resumiu.

ALTO RISCO

De acordo com o Ministério da Saúde, uma taxa de incidência de 555 casos por milhão de pessoas já é considerada uma classificação de Alto Risco para a doença. A população de Ipatinga está hoje em torno de 261 mil habitantes, e o número de casos confirmados até 12h desta terça-feira já chegava a 144, o que significa uma projeção de 551 casos por milhão. Teoricamente, uma ocorrência de 750 casos por milhão caracterizaria uma situação típica para decretação de ‘lockdown’.

“Nossa preocupação não é só com Ipatinga, uma vez que atendemos, devido à pactuação da saúde, mais 13 cidades da região. E, hoje, temos nos hospitais da cidade pessoas até mesmo pertencentes a outras microrregiões. Levando em consideração o número de casos positivos em termos regionais, a relação também é delicada, de 488 casos por milhão”, esclareceu.

SUPORTE TÉCNICO

Outra medida já antecipada pelo Governo é a ampliação de leitos de enfermaria com a implantação de uma estrutura de suporte técnico na Escola Canuta Rosa, próximo ao Hospital Municipal, no bairro Cidade Nobre. Escolhido pela administração municipal como um local estratégico, a escola pode receber nos próximos dias até 40 leitos. Diante da dificuldade de adquirir respiradores no mercado e tendo em vista que o Estado também não tem encaminhado o equipamento aos municípios, Ipatinga está adquirindo dez ventiladores específicos para auxílio no tratamento dos doentes. 

“Vamos deixar para o Hospital Municipal os acréscimos de leitos de UTI, uma vez que lá já temos as equipes médicas preparadas e mais aparato para essa retaguarda. O Canuta seria um ponto de apoio para atendimento a formas mais brandas da doença”, explicou a secretária Érica Dias.

SANITIZAÇÃO

O Governo de Ipatinga também anunciou nesta terça-feira que nos próximos dias serão instaladas em locais de grande circulação de pessoas, na cidade, cerca de 20 cabines de desinfecção. Elas ajudam estrategicamente na limpeza de acessórios de pessoas que eventualmente necessitam circular pelas ruas. 

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