Vida & Saúde

Infectologista explica a “hepatite misteriosa”

OMS registra 348 casos e no Brasil 41 crianças estão sob investigação; além das Síndromes Respiratórias Graves que já ocorrem nesse período do ano, esse surto de hepatite de causa desconhecida está preocupando os pais.

SÃO PAULO – De acordo com dados da OPAS/OMS foram identificados 348 casos prováveis de hepatite aguda desconhecida em crianças e adolescentes em 21 países, sendo que Brasil, 41 casos suspeitos em investigação pelo Ministério da Saúde em nove estados. No estado de São Paulo, até o dia 13/05, 16 casos suspeitos estavam sendo investigados.

A doença recebeu esse nome porque as crianças infectadas não apresentavam os vírus mais comuns responsáveis pelas hepatites A, B, C, D e E. A hepatite é uma inflamação do fígado e atinge pessoas de todas as idades. Porém, essa em especial, tem afetado principalmente as crianças na faixa dos dois a cinco anos, embora a definição de caso provável inclua crianças de zero a 16 anos. Nesta hepatite, chama a atenção o percentual mais elevado que o habitual de formas graves, que requerem transplante de fígado como tratamento.

SINTOMAS

Os principais sintomas são a coloração amarelada da pele e dos olhos, vômitos, fezes esbranquiçadas, dor abdominal, diarréia e náusea.

De acordo com o infectologista e gerente médico do Sabará Hospital Infantil, Dr. Francisco Oliveira Junior, ainda não é possível identificar o causador desse tipo de hepatite. “Existe possibilidade desta hepatite resultar da interação entre uma infecção prévia pelo vírus SARS-CoV-2, causador da covid-19, seguida pela infecção por outro vírus, provavelmente um Adenovírus, com uma resposta inflamatória exagerada. As informações disponíveis sobre esta condição ainda são limitadas, apesar dos esforços de pesquisadores de vários países. A hipótese mais plausível é que a causa seja infecciosa, provavelmente viral, mas até o momento, nenhum agente etiológico foi confirmado.”

ADENOVÍRUS

Segundo dados de um boletim anterior da OMS, divulgado no dia 23 de abril, dos 169 casos notificados naquela data, 85 casos foram testados para adenovírus, dos quais 74 (87%) foram positivos. “O adenovírus é responsável por síndromes respiratórias, que podem causar pneumonia viral, bronquiolite, gastroenterite (com diarreia e vômito), conjuntivite e síndromes urinárias, mas não é conhecido por causar hepatite grave em crianças saudáveis”, explica o infectologista.

O especialista esclarece que nesse momento, o melhor é manter as normas básicas de higiene, como higienização frequente das mãos, cuidado na hora de tossir ou espirrar para evitar a contaminação das pessoas próximas (etiqueta da tosse), cuidado na higienização de alimentos ingeridos crus e da qualidade da água e manter sempre o ambiente bem arejado. Além disso, crianças com sintomas de hepatite devem ser levados para avaliação médica, reforça Dr. Francisco.

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