Cultura

Grupo Hibridus celebra dez anos dedicados à dança contemporânea

O espetáculo Travessia foi montado em 2005: movimento negro deu origem ao Hibridus

IPATINGA – Das apresentações em dança reverenciando os elementos da cultura negra no Grupo de União e Consciência Negra (Grucon) de Ipatinga e Santana do Paraíso, nasceu o Grupo Hibridus, em 2002. O interesse pela mescla de linguagens fez Wenderson Godói, Luciano Botelho, Maria Cloenes e Rosângela Fagundes seguirem pela linha da dança contemporânea em seus trabalhos e pesquisas.

O novo nome do grupo também foi escolhido dentro do Grucon. Segundo o diretor do grupo, Wenderson Godoi, “Hibridus” foi escolhido a partir do diversificado perfil corporal dos componentes do coletivo, além do próprio vocabulário envolvendo teatro, dança contemporânea, afro-brasileira, técnicas circenses (acrobacias aéreas e de solo, pirofagia) e artes visuais.

“Todos os integrantes do grupo eram uma mistura de raças. Naquela época a antropologia usava muito o termo ‘híbrido’. Então escolhemos o nome Hibridus. Ele não significa que somos a mistura, mas sim o produto que vem dela”, declarou o diretor. A data do aniversário, 20 de novembro, de acordo com Godói, foi uma homenagem ao Dia Nacional da Consciência Negra.

INFLUÊNCIA
Luciano Botelho frisa que o grupo foi formado por pessoas da periferia, que a dança levou para os caminhos menos óbvios. “Nós poderíamos ter nos tornado outra coisa. Mas preferimos caminhar na contramão e chegamos até aqui”, comentou. O pioneirismo do Hibridus na dança contemporânea inspirou outros artistas ao longo dos anos. Como resultado disso, hoje Ipatinga conta com oito núcleos de dança contemporânea. “Sabemos que não fizemos isso sozinhos. O cenário da dança avançou porque muita gente apostou nos talentos”, pontua Godói.

BALANÇO
Nos dez anos de carreira, o Hibridus produziu dez edições do Enartci (Encontro de Dança Contemporânea de Ipatinga), passou por 19 cidades, seis estados e esteve três vezes na Argentina. Ao todo os artistas criaram nove trabalhos: “Impermanência ou (in) congruência?” (2002); “Abrindo Minhas Gavetas” (2003); “Ossos Secos” (2004); “Travessia” (2005); “?” (2006); “Carne e Pedra” (2006); “O Estável Pertence ao que Muda” (2007); “Entre” (2008) e “Corpo, Espaço, Cidade” (2009).

Nesse período, o grupo também recebeu prêmios como o Cena Minas e o Klauss Vianna para desenvolver projetos. “Chegar aos dez anos é uma vitória, dada a falta de políticas públicas contínuas para a cultura. Mesmo em crise, por exemplo, nunca deixamos de realizar o Enartci, como foi esse ano”, ressaltou Wenderson Godoi.

NOVOS TRABALHOS
Como encerramento do Encontro de Dança Contemporânea, o grupo vai publicar o terceiro Caderno do Enartci de uma forma comemorativa neste ano. Algumas pessoas serão escolhidas para trocar cartas sobre suas impressões a respeito do evento e do grupo. “As cartas serão trocadas por email, com cópia para o grupo. A ideia é contar, com outras visões, a história do evento e do Hibridus. Ao final, vamos editá-las e montar o caderno”, informou o diretor do grupo.

Em abril de 2013, o Hibridus lançará seu décimo trabalho, que vai tratar de solos dos quatro integrantes apresentados em sequência. A produção será apresenta entre 27 e 29 de abril, no Centro Cultural Usiminas, no evento intitulado “1,2 de Dança”.

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