Nacionais

Governo tem três desembarques, mas os embarques serão piores

Foto: Ernesto Araújo: demissão previsível e substituto pior

(*) Fernando Benedito Jr.

Das três baixas que o governo Bolsonaro sofreu hoje, a mais previsível e esperada era a do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que durante sua gestão colocou o Brasil no isolamento internacional e criou problemas com as principais nações do mundo, como China e EUA (ao apoiar a reeleição do candidato derrotado Donald Trump), com a Argentina, Índia, Rússia, entre outras nações. A idéia de combater o multilateralismo num mundo globalizado acabou arrastando o País cada vez mais para o distanciamento, a ponto de dificultar o combate da pandemia, já que alguns dos principais produtores de vacina passaram a não priorizar o Brasil diante das rusgas criadas por Ernesto Araújo. Não que sua saída signifique qualquer mudança substancial, já que a tendência é mais do mesmo, isso é, ter um no Itamaraty um substituto igual ou pior a ele. Mas a saída pelo menos aplaca a ira do parlamento, principalmente do Senado, com quem o “diplomata” também havia comprado briga.

O ex-ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva

Ao longo do dia caiu também o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva. A mudança também é para pior. Bolsonaro quer um militar mais alinhado com suas idéias, que não são das melhores.  

De saída, o ministro agradeceu ao presidente Jair Bolsonaro a oportunidade de “servir ao país”, integrando o governo por mais de dois anos. “Nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado”, afirma Silva antes de dizer que deixa o posto com a certeza de ter cumprido sua “missão”.

Silva também afirma ter dedicado total lealdade ao presidente, e agradece aos comandantes das Forças Armadas (Aeronáutica, Exército e Marinha), bem como às respectivas tropas, “que nunca mediram esforços para atender às necessidades e emergências da população brasileira”. Talvez seja essa a tal da Missão cumprida”.

Ex-chefe do Estado-Maior do Exército e comandante da Brigada Paraquedista antes de ir para a reserva, Azevedo estava à frente do Ministério da Defesa desde o início do governo Bolsonaro, em janeiro de 2019. Ele foi indicado para o cargo em novembro de 2018, depois que o presidente optou por nomear o também general Augusto Heleno – que estava cotado para assumir o ministério – para o comando do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

O ex-advogado-geral da União, José Levi:obrigado e tchau

Outro que desembarcou ao longo do dia foi o advogado-geral da União, José Levi Mello do Amaral Júnior. Levi estava no posto desde abril do ano passado.

A decisão foi oficializada em carta enviada ao presidente Jair Bolsonaro. “Com o meu mais elevado agradecimento pela oportunidade de chefiar a Advocacia-Geral da União (AGU), submeto à elevada consideração de Vossa Excelência o meu pedido de exoneração”.

Antes de chegar à AGU, Levi ocupava o posto de procurador-geral da Fazenda Nacional. Levi é graduado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e tem doutorado em Direito do Estado pela Universidade de São Paulo, instituição onde também é professor, com título de livre-docência em direito constitucional. Tem pós-doutorado em Direitos Humanos pela Universidade de Coimbra, de Portugal. Já ocupou o cargo de secretário executivo do Ministério da Justiça e de consultor-geral da União na AGU.

Enquanto não sair o principal, nada muda. Talvez, para pior.

(*) Fernando Benedito Jr. é editor do Diário Popular.

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