Cidades

Gaeco fala sobre prisão do vereador Gilmarzinho e ações anti-corrupção

IPATINGA – O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) realizou coletiva de imprensa nesta sexta-feira (26) para falar sobre a prisão do vereador ipatinguense Gilmar Ferreira Lopes, o Gilmarzinho (PTC), no contexto da operação Dolos. Além dele, o Gaeco prendeu a filha do vereador, acusada de ser uma das operadoras do esquema de “Caixinha” no mandato. O vereador foi preso sob acusação de concussão, nepotismo e suspeita de tráfico de influência. Ele foi transferido para a penitenciária Dênio Moreira e a filha para o Ceresp.

Segundo as informações do Gaeco, ele recebia dinheiro de funcionários nomeados em seu gabinete, em outros setores da Câmara de Ipatinga e na Prefeitura Municipal. Ele também exigia que seus funcionários pegassem empréstimos no Sicoob e lhe repassem o dinheiro. Os funcionários pagavam as mensalidades do empréstimo ao Sicoob com os recursos que recebiam da Câmara.

O vereador foi preso sob acusação de concussão, nepotismo e suspeita de tráfico de influência

AGIOTAGEM

Segundo os integrantes do Gaeco, o fato novo na prisão do vereador é a descoberta da prática de agiotagem no interior da Câmara Municipal de Ipatinga. “A respeito deste fato, vamos apurar um pouco mais, mas já foi cumprida uma busca e apreensão para pudéssemos aprofundar um as investigações”, disse o promotor Bruno Schiavo. Ainda conforme ele, durante as ações de busca e apreensão foi apreendido um número significativo de medicamentos cuja origem não foi comprovada e que o Gaeco terá que verificar a sua procedência.

CONEXÃO IPATINGA-FABRICIANO

O promotor Fábio Finotti salientou a descoberta prática de nepotismo cruzado entre o gabinete de Gilmarzinho e um vereador de Coronel Fabriciano que, inclusive, já teria confirmado as suspeitas. “É importante que quem tenha informação, nos traga”, exortou Finotti, afirmando que existem casos envolvendo Ipatinga e Coronel Fabriciano, o que não exclui outros municípios e outros órgãos públicos. “Esta é uma prática muito dissimulada, muito difícil de apurar, mas quando as pessoas tem alguma informação e colaboram, isso ajuda muito”, disse.

Schiavo complementou dizendo que já existem nomes e boas provas em relação à pratica de nepotismo cruzado entre as câmaras municipais de Fabriciano e Ipatinga. “O nepotismo cruzado, a contratação de parentes, é proibida. Há uma súmula do STF nesse sentido. O nepotismo é quando um vereador contrata um parente de outro em troca do mesmo benefício”, explicou. “No caso, isso estava ocorrendo nas cidades de Ipatinga e Coronel Fabriciano, o que dificulta o conhecimento por parte do MP e demais autoridades que fazem este tipo de investigação. Se fosse só na Câmara de Ipatinga, um vereador contratando parente do outro, ficaria mais fácil de investigar. Esse vereador [de Fabriciano], inclusive, já até prestou depoimento, mas para preservar a investigação preferimos não citar nomes, porque outros nomes vem sendo mencionados”, adiantou.

TRIANGULAÇÃO

Ainda segundo a força-tarefa, existem denúncias e informações que vem sendo apuradas em relação a triangulação de nepotismo. “Não é necessariamente só o nepotismo cruzado. Para não ficar um vínculo tão direto, a triangulação dificulta ainda mais as apurações. Isso ocorre quando um vereador contrata um parente de um terceiro vereador e este terceiro contrata de outro, sem vínculos diretos. Existem denúncias desta prática não só em Fabriciano e Ipatinga, mas também em outras cidades da região”, disse Finotti.

PAPEL DA FILHA

Conforme o Gaeco, a filha do vereador Gilmarzinho presa durante as operações era responsável pelas contratações e uma das principais operadoras do esquema de corrupção no gabinete. “Em que pese formalmente não estar vinculada à Câmara, ela freqüentava o gabinete. Nas buscas que fizemos ontem, as pessoas disseram que ela praticamente não saia de dentro do gabinete. As tratativas para as contratações eram feitas através dela. Tanto é que após o início das investigações em relação ao Gilmarzinho ela foi uma das que passou a procurar as testemunhas e as pessoas para que mentissem aqui em suas declarações no Gaeco”, disse o promotor Bruno Schiavo.

Você também pode gostar

PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com