Policia

Fotojornalista dizia saber quem matou Rodrigo Neto

Carvalho foi enterrado no fim da tarde de ontem em Coronel Fabriciano     (Crédito: André Almeida)

IPATINGA – A execução do repórter fotográfico Walgney Assis Carvalho pode estar diretamente ligada à morte do jornalista e bacharel em direito Rodrigo Neto de Faria.
Além dos dois trabalharem na cobertura de reportagens policiais e prestarem serviço no jornal Vale do Aço, Carvalho foi considerado pela Polícia Civil como um dos suspeitos pela morte de Rodrigo.

Ele prestou depoimento no inquérito policial e um mandado de busca e apreensão expedido pelo Poder Judiciário foi cumprido em sua residência no bairro Caladinho, em Coronel Fabriciano. Entretanto, as investigações não concluíram se houve participação do repórter no homicídio, mas informações extra-oficiais dão conta de que Carvalho sabia os nomes de quem executou Rodrigo Neto.

O deputado estadual e membro da Comissão de Direitos Humanos Durval Ângelo (PT) contou ontem (15) que recebeu, três dias após a morte de Rodrigo, uma denúncia anônima afirmando que o repórter fotográfico conhecia os assassinos do jornalista. “Eu não tenho dúvida que foi queima-de-arquivo”, afirmou Durval se referindo ao crime do último domingo (14).

Os indícios de que o repórter fotográfico sabia quem assassinou Rodrigo Neto fizeram também com que ele confidenciasse a alguns colegas de imprensa que temia pela sua vida. Mas nenhuma ameaça formal chegou ao conhecimento das autoridades.

DESDOBRAMENTOS
A execução de Carvalho também motivou algumas iniciativas por parte dos poderes públicos. A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa anunciou que vai realizar uma nova Audiência Pública em Ipatinga, no início do mês de maio, para pedir rigor e agilidade na apuração tanto neste caso quanto da morte de Rodrigo Neto.

NOTA DE PESAR
O Governador do Estado, Antonio Anastasia, emitiu uma nota de pesar onde afirma estar solidário com os familiares, amigos e colegas de trabalho do repórter fotográfico. Disse ainda que determinou à Polícia Civil de Minas Gerais uma apuração rigorosa deste assassinato, bem como maior celeridade nas investigações do crime que vitimou Rodrigo Neto. “Os cidadãos de Minas Gerais podem ter a certeza de que não vamos tolerar que essas ações criminosas prosperem e nem que a liberdade de imprensa seja ameaçada em nosso Estado”, afirmou o comunicado.

INQUÉRITOS
A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) também emitiu um esclarecimento onde afirma que o órgão está centralizando no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa da Polícia Civil de Minas Gerais (DHPP) a apuração da morte do fotógrafo, de Rodrigo Neto e de todos os 14 inquéritos de homicídios ocorridos em períodos passados, no Vale do Aço, e que possivelmente possuem relação de autoria ou motivação. Segundo a Seds, a intenção é solucionar não só os casos recentes, mas não deixar em aberto nenhum outro caso que possa ter relação.

A nota da Secretaria também informa que desde a última semana, a equipe da DHPP, composta pelo Delegado chefe Wagner Pinto, outros quatro delegados, dez investigadores e três escrivães está em Ipatinga realizando investigações e tomando outras providências, em conjunto com o Ministério Público local. A movimentação teria trazido grandes avanços nas investigações de alguns inquéritos, inclusive no caso de Rodrigo Neto.

AJUSTE

Por fim, a Seds anunciou que nesta segunda-feira (15), se deslocaram para Ipatinga representantes das Corregedorias da Polícia Civil e Militar, para acompanhamento dos fatos. Diz ainda que o sistema de Defesa Social está ajustado com o Judiciário e Ministério Público para a efetividade da identificação dos autores, prisão, denúncia e julgamento.

INDIGNAÇÃO
A Prefeitura de Coronel Fabriciano, por intermédio da prefeita Rosângela Mendes, também manifestou pesar pela morte de Carvalho: “a Administração Municipal também divide com a imprensa regional a indignação pelo assassinato de mais um profissional da categoria, menos de 40 dias após a morte do jornalista Rodrigo Neto. Que Deus dê a todos conforto neste momento de dor. Estaremos empenhados em cobrar das autoridades competentes que se mobilizem na investigação do crime, a fim de que a Justiça seja feita”.

PÂNICO

O diretor do Jornal Vale do Aço, Gustavo Souza, reconheceu o trabalho de Carvalho e afirmou que prefere acreditar que a morte do fotógrafo e a de Rodrigo Neto não estão correlacionadas. “Mesmo sendo uma coincidência, este crime já serviu pra espalhar o pânico entre os jornalistas da região”, considerou.

Carvalho nasceu em Braúnas no dia 11 de dezembro de 1969. Ele era divorciado e deixou uma filha de 14 anos. O corpo do repórter foi velado na tarde de ontem na capela do cemitério Senhor do Bonfim, no bairro Giovanini, em Fabriciano, e enterrado no final da tarde desta segunda-feira. A família, muito abalada, preferiu não conversar com a imprensa.

Você também pode gostar

PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com