Cultura

Filme sobre tráfico humano e Os Incríveis 2 chegam aos cinemas

(Reuters)A safra de filmes que chega aos cinemas do País esta semana traz várias novidades. O drama “Sicário: Dia do Soldado” aborda o tráfico humano na fronteira dos EUA com o México, numa releitura da realidade sob o governo de Donald Trump. Outra boa surpresa é a animação Os Incríveis, que volta às telas depois de 14 anos. No universo dos personagens, não se passou muito tempo e os heróis continuam marginalizados. O nacional “Berenice Procura”, traz Claudia Abreu como protagonista de um suspense, baseado no romance de Luiz Alfredo Garcia-Roza, como uma taxista, que, da noite para o dia, torna-se uma detetive. Premiado como melhor documentário no Festival É Tudo Verdade 2018, Auto de Resistência, dirigido por Natasha Neri e Lula Carvalho, empresta seu nome da alegação comum, fornecida por policiais, como justificativa para matarem.

Veja o resumo dos principais filmes que estreiam nas salas de exibição do país:

“SICÁRIO: DIA DO SOLDADO”

O drama “Sicário: Dia do Soldado” é assustadoramente contemporâneo – especialmente porque o assunto com que lida é atemporal: mexicanos cruzando a fronteira dos Estados Unidos. As manchetes de jornais recentes, no entanto, trazem uma nova urgência ao filme.

Se no filme anterior, “Sicário: Terra de Ninguém” (2015), a questão era o tráfico de drogas que cruzava a fronteira entre os dois países, aqui é o tráfico humano. Pessoas não dão despesas para serem plantadas e processadas, como observa, cinicamente, Matt Graver, um agente de campo da CIA, interpretado por Josh Brolin.

Dirigido por Stefano Sollima, o drama se passa nos dois países e envolve o sequestro da filha de um chefão do tráfico (Isabela Moner). A ação é bancada pelo governo norte-americano, executada pelos agentes Graver e Alejandro (Benicio Del Toro). Obviamente, não cabe ao filme esgotar o debate, mas acaba sendo uma bem-vinda lenha na fogueira da questão da imigração no governo Donald Trump.

“OS INCRÍVEIS 2”

Depois de 14 anos, a família de super-heróis está de volta numa animação que, embora não tão boa quanto a primeira, ao menos não decepciona. No universo dos personagens, não se passou muito tempo e os heróis continuam marginalizados.

Depois de uma tentativa de impedir um roubo, o que acaba gerando caos e destruição, a família é banida da cidade, mas resgatada por um empresário ambicioso, que confia no poder dos heróis e quer provar que são necessários ao mundo. A figura-chave para isso é sra. Incrível, na sua persona de Mulher Elástica.

Mais uma vez, os personagens lidam com o dilema entre uma vida doméstica normal e seu destino de salvar a humanidade. Esse conflito torna-se mais evidente no sr.Incrível, que precisa assumir inconformadamente o posto de dono de casa, enquanto sua mulher trabalha. O resultado pode não ser um filme incrível – muito aqui segue a fórmula do sucesso – mas é divertido e em sintonia com o presente.

“SEXY POR ACIDENTE”

Amy Schumer é uma comediante talentosa, mas que ainda não viveu seu melhor momento no cinema e não vai ser “Sexy por Acidente” que irá ajudar. A comédia, escrita e dirigida por Abby Kohn e Marc Silverstein, tem como protagonista uma garota que sempre se sentiu do lado errado da linha da beleza, até o dia em que bate com a cabeça e desperta sentindo-se linda e confiante.

Embora o filme seja repleto de mensagens positivas, suas formas de propagá-las são um tanto questionáveis. Sua lição, óbvia, é que importa mais o caráter do que a aparência. A maneira como se chega até aí é complicada, já que se transforma sua protagonista numa idiota que se acha bonita, mas todos a olham de maneira desdenhosa quando ela diz isso.

O filme desperdiça o potencial cômico de Schumer numa personagem cuja trajetória é marcada por tolices. Tanto a atriz quanto a protagonista são esforçadas e mereciam algo mais à altura de seu talento.

“BERENICE PROCURA”

Claudia Abreu protagoniza este suspense, baseado no romance de Luiz Alfredo Garcia-Roza, como uma taxista, Berenice, que, da noite para o dia, torna-se uma detetive. Isso acontece depois que o corpo de uma transgênero (Valentina Sampaio) é encontrado na praia de Copacabana.

Em suas investigações, Berenice encontra uma rede de pessoas ligadas a uma boate, onde a garota morta se apresentava, e dirigida por Greta (Vera Holtz), que também a obrigava fazer programas. A trama se abre num grupo de personagens que, de uma forma ou outra, estavam envolvidos com a vítima – como o irmão dela (Emílio Dantas) e o filho da protagonista (Caio Manhente).

Dirigido por Allan Fiterman, o filme tem mais bons momentos nas apresentações artísticas na boate do que na trama policial, cuja resolução é frustrantemente tirada da cartola. Em outras palavras, o título não faz sentido, porque Berenice é a personagem mais sem graça e sua procura, vã.

“AUTO DE RESISTÊNCIA”

Premiado como melhor documentário no Festival É Tudo Verdade 2018, este filme, dirigido por Natasha Neri e Lula Carvalho, empresta seu nome da alegação comum, fornecida por policiais, como justificativa para matarem – equivalente a uma legítima defesa, porque estariam revidando um ataque anterior. A análise minuciosa de inúmeros casos, investigados ou arquivados pela justiça, no entanto, põe em xeque esse discurso, expondo um verdadeiro massacre particularmente contra jovens pobres e negros da periferia do Rio de Janeiro.

Os números são assustadores: entre 1997 e 2017, a polícia carioca matou cerca de 16.000 pessoas com base nesses “autos”. Em 2017 apenas, a média de mortes foi três por dia. São cifras que equivalem a uma guerra civil, um genocídio, expondo, como define o deputado Paulo Ramos, “a lógica de guerra” na política de segurança do estado. O documentário consegue ser abrangente por colocar-se a campo amparado numa investigação que não deixa de fora nenhum dos lados envolvidos.

(Por Alysson Oliveira e Neusa Barbosa, do Cineweb)

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