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Favorita ao Senado em MG, Dilma está no meio do tiroteio entre PT e MDB

Jornal do Brasil

No dia da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 7 de abril, a ex-presidente Dilma Rousseff mudou seu domicílio eleitoral para Minas Gerais, onde deve sair candidata ao Senado. Na véspera, o assunto foi discutido com o próprio Lula, que acredita que ela pode nacionalizar a campanha mineira. Com pesquisas de intenção de votos mostrando Dilma à frente disparada, com 27%, o seu nome, porém, passou a ser visto como um fato que pode atrapalhar a aliança entre PT e MDB com vistas à reeleição do governador Fernando Pimentel. A despeito das resistências, inclusive no PT e PCdoB, que compõe o governo, a candidatura de Dilma também é apontada como o principal trunfo nas eleições deste ano, não só para ajudar a reeleger Pimentel, como para impor uma derrota ao grupo do senador Aécio Neves (PSDB) e puxar votos para a bancada federal.

SIMBOLISMO

Lembrando que Dilma derrotou o senador Aécio em casa em 2014, o simbolismo de sua candidatura é ainda maior. “Ela vai mostrar o caminho que o Brasil foi depois do golpe e o que isso influenciou em Minas, na falência do estado, na retirada de programas sociais, que tinham no governo dela e não tem mais. E mostrar que a responsabilidade sobre muita coisa é dos tucanos, que querem fazer parecer do Pimentel”, afirma o deputado Rogério Correia, um dos entusiastas de Dilma. “Pra gente é ótimo: sai Aécio, volta Dilma!”, diz. Desde o impeachment, ela vem conquistando os mineiros e hoje conta com apoio de ativistas e militantes de outros partidos e movimentos sociais. “Eles fazem questão da candidatura dela. Na caravana do Lula, ela foi aplaudidíssima. Ela vai ser um fator revitalizante da campanha”, garante.

CONFUSÃO

O cenário eleitoral mineiro é confuso e incerto e a aliança PT/MDB corre riscos. Parte dos parlamentares, que votaram pelo impeachment da ex-presidente, prefere vê-la sair para uma vaga na Câmara, hipótese rechaçada pela própria Dilma e aliados, pois seria eleita com alto número de votos e beneficiaria justamente quem votou contra ela. Do outro lado, está o vice-governador Antonio Andrade, que rompeu com Pimentel, chegou a defender que o partido entregue os cargos no estado e quer que o MDB lance candidatura própria. O fiel da balança é o presidente da Assembleia, Adalcléver Lopes (MDB), contrário ao impeachment e fiador da união MDB/PT, e que seria o segundo nome ao Senado nessa composição.
Nos últimos dias, no entanto, informações dão conta que ele começou a cogitar a hipótese de sair ao Palácio Tiradentes. No meio disso tudo, corre o pedido de impeachment de Pimentel feito por um advogado mineiro e que está nas mãos de Adalcléver. Ele vai anunciar nos próximos dias se aceita ou não o argumento de que o governador teria cometido crime de responsabilidade por atrasar os repasses do duodécimo da Assembleia Legislativa, já colocados em dia. Para anular a representação contra Pimentel, o PT entrou com uma questão de ordem. “Nós somos gratos ao MDB aqui. Não sabemos para onde o MDB vai, estamos cautelosos com isso”, admite Rogério.

MINAS
O deputado atribui a tentativa de minar a aliança de Pimentel a dois fatores: disputa interna no MDB e os tucanos. Adalcléver, por exemplo, estaria sofrendo pressão da direção nacional e do Palácio do Planalto. “O que pode colocar o MDB fora da aliança não é a presença da Dilma, o próprio Adalcléver me falou várias vezes e sim a disputa interna do MDB”, diz. Correndo por fora está o PSDB que quer o MDB na chapa do senador Antonio Anastasia para o governo.
Citado em denúncias de corrupção na Lava Jato e réu na Suprema Corte, Aécio Neves tem forte rejeição entre os mineiros, mas estaria tentando recuperar a preponderância dos tucanos buscando atrair o vice-governador Andrade. “Ele (Andrade) queria fazer com o Pimentel o que o Temer fez com a Dilma, todos ancorados no Aécio. Foi prometido ao Aécio que o Pimentel ia sair para o mini-Temer entrar”, diz. “O Aécio é candidato a tentar fazer o Anastasia ganhar e com isso dominar o Judiciário e tentar se livrar dos crimes que cometeu”, completa. O PT tem várias costuras a acertar não só internamente, mas também com o PCdoB, que pretende lançar a deputada Jô Moraes ao Senado.

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