Policia

Familiares de presos estão sem informação

Parentes que tentaram visitar presos ontem reclamaram da falta de informação e questionaram se os detentos estão usando máscaras    (Créditos: Gizelle Ferreira)

 

IPATINGA – Foi sepultado na tarde de ontem (12) o corpo da detenta Dandara Mayara de Arruda, 19 anos. Ela morreu na tarde da última sexta-feira (11), no Hospital Municipal de Ipatinga, com sintomas de uma doença contagiosa. A certidão de óbito atestou que a paciente faleceu por causa de uma virose.
Dandara e uma outra detenta, conhecida como Aline, de 19 anos, do Centro de Remanejamento de Presos, Ceresp, morreram com os mesmos sintomas: febre, vômito, pressão baixa e prostração. As duas dividiam a mesma cama na única cela feminina da unidade prisional.
Durante o velório da jovem, parentes e amigos ficaram revoltados pela falta de informação. Segundo a mãe, Eunice Maria de Souza, 63 anos, ela soube que a filha estava doente por meio do advogado. “Primeiro falaram que ela tinha tido uma crise nervosa, depois disseram que ela estava entubada e, em questão de minutos, disseram que ela havia morrido. E ainda não deixaram eu ver minha filha internada”, lamenta a mãe.

CERESP

Já no Ceresp, as visitas estão suspensas, de acordo com determinação da Secretaria de Estado da Saúde (SES). O presídio está em quarentena. Técnicos da Regional de Saúde de Coronel Fabriciano estiveram no Ceresp na manhã de ontem (12), para investigar os casos.
Pela manhã, familiares dos presos estavam na porta do presídio para levar alimentos e buscar informações. Os agentes receberam apenas alimentos como frutas e biscoitos. Comida não foi aceita dentro da unidade.
Os parentes estão angustiados à procura de notícias dos demais detentos.
M.J.A, 54 anos, veio de Ipaba para levar alimentos para o sobrinho que está preso. Mas quando chegou foi informada que o recebimento dos mantimentos estava suspenso. A reportagem acompanhou de perto quando um agente penitenciário se dirigiu à mulher.
Apesar disso, ela ainda insistiu para que ele recebesse o alimento. “Se eu não tivesse brigado ali, eu não tinha conseguido entregar os alimentos. Além da gente não ter notícias de nada lá de dentro, eles (agentes) ainda tratam a gente com falta de educação”, disse a mulher.
I.C.C., 24 anos, também foi à unidade prisional na manhã de ontem buscar informações sobre os dois cunhados que estão cumprindo pena por tráfico de drogas. Ela também reclamou e disse que os agentes penitenciários sempre agem com grosseria com as visitas. A jovem saiu de lá sem receber a informação que precisava. “Eu achei que chegando aqui, ia ter um relatório sobre quem estava bem ou não. A gente vê que os agentes estão usando máscaras, mas e os presos?”, questiona.

SURTO
As mortes e a “situação de surto de doença aguda de causa indeterminada” foram confirmadas na noite de sexta-feira (11), pela Secretaria de Estado da Saúde. Apesar de informações de dentro do Hospital de que as mortes teriam sido causadas pelo vírus Influenza A (H1N1), a secretaria não confirmou a gripe suína.
Os dez pacientes que ainda estavam internados até a tarde de ontem – entre eles dois agentes penitenciários – estão sendo medicados com antibióticos para meningite (quimioprofilaxia) e Tamiflu, para síndrome de gripe aguda. Na noite de ontem, várias viaturas do Ceresp foram vistas transportando detentas com sintomas da doença “indeterminada” para o HMI. Uma ala foi isolada para fazer os atendimentos. Os agentes usavam máscaras e higienizavam as mãos com álcool. Amostras laboratoriais para exames microbiológicos e sorológicos foram coletadas e enviadas para a Fundação Ezequiel Dias.
A Secretaria de Estado da Saúde informou, por meio da assessoria de comunicação, que uma nota de esclarecimento seria enviada à imprensa na tarde de ontem, com novas informações. Até o final desta edição, nenhum comunicado havia chegado à redação do jornal.

MEDO
Ontem, a reportagem do DIÁRIO POPULAR recebeu várias ligações de funcionários do Hospital Municipal de Ipatinga, temerosos com a situação. Segundo eles, até a tarde de ontem eles não tinham sido vacinados contra o vírus Influenza A (H1N1). Eles disseram estar com medo de ir trabalhar, diante dos pacientes internados no HMI.


Visitas foram interrompidas e familiares buscam informações sobre presos

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