Policia

Falta de detetives compromete qualidade da segurança pública

A delegacia do Centro de Ipatinga, onde também são realizados os plantões, tem um quadro de funcionários estável

 

IPATINGA – O déficit de policiais civis em Minas Gerais, sobretudo de investigadores, pode ser apontado como um dos principais motivadores do avanço da criminalidade no Estado. De acordo com a Polícia Civil do Estado de Minas Gerais, atualmente, 6.818 investigadores atendem aos 853 municípios mineiros.
O reflexo disso é notado no Vale do Aço. Somente as principais cidades da região – Ipatinga, Coronel Fabriciano, Timóteo, Santana do Paraíso – abrigam cerca de 500 mil habitantes, conforme o Censo de 2010 e contam com apenas cerca de 150 policiais civis entre delegados, investigadores, escrivãs, peritos e médicos legistas.
De acordo com o chefe do 12º Departamento de Polícia Civil, Walter Felisberto, a maior carência é do profissional de investigação. Atualmente são 88 nas quatro principais cidades. No entanto, são necessários pelo menos mais 37. A maior deficiência de detetives é na Delegacia de Coronel Fabriciano, onde estão lotados 17 investigadores e para conseguir atender à demanda seria necessário pelo menos o dobro destes profissionais.
Coronel Fabriciano é hoje a cidade que apresenta maior índice de crimes violentos, segundo a Polícia Civil. A estatística é feita pela Superintendência de Investigação da Polícia Civil, que avalia proporcionalmente o número de habitantes com as taxas de crimes violentos.
O chefe do Departamento explica que o número atual de investigadores poderia parecer razoável, se eles não tivessem que exercer funções administrativas dentro das delegacias. Além de investigar os crimes, os policiais ainda são designados para o setor de identidade, vistoria de veículos, departamento de trânsito e atendimento ao público, o que, segundo Felisberto, não é a função específica para a qual o detetive foi treinado. “O nosso quadro administrativo é pequeno e temos que deslocar o nosso pessoal para exercer essas funções, sendo que o ideal é ter funcionários que não sejam policiais para fazer esse tipo de trabalho”, considera Felisberto.

MELHORIA
A delegacia do Centro de Ipatinga, onde também são realizados os plantões, conta com 11 delegados, sendo que destes, quatro são plantonistas e não entram no expediente diário da unidade, 21 são escrivães, 57 são investigadores, além de quatro médicos legistas e nove peritos. O chefe do Departamento pontua que destas funções apenas a de perito está dentro da normalidade e considera estável a situação da Delegacia do Centro, no que se refere ao número de pessoal. “Nos últimos quatro anos teve uma melhora considerável. Hoje nós já temos um delegado para a Delegacia de Homicídios, um para Furtos e Roubos, outro para Tóxicos. Temos ainda uma delegada à frente da Delegacia de Mulheres, sem contar o delegado Regional”, enumera.

ESCRIVÃES
Outra principal necessidade das delegacias do Vale do Aço é a do escrivão. Atualmente são 29. Para atender à demanda, o quadro teria que ser preenchido por mais 16 profissionais. “A gente acredita que o principal problema atual na Polícia Civil seja o quadro de funcionários. O número de profissionais que precisamos é para ficar dentro da normalidade. Não adianta mensurar um número ideal, porque não vai chegar”, frisa o policial, acrescentando que o número de policiais civis ainda deve diminuir, já que nove deles serão aposentados este ano.

EXPECTATIVA

Mas o policial assegura que a expectativa de melhoria está no concurso da Polícia Civil, realizado no ano passado. A previsão é que em novembro deste ano comece o curso de formação na Acadepol (Academia de Polícia). Depois disso, os profissionais serão designados. “Eu devo solicitar à Superintendência de Investigação da Polícia Civil um número maior que o necessário hoje, levando em conta a aposentadoria de alguns profissionais”, diz.
Walter aponta outra saída para melhorar a situação: convênio com as faculdades da região. A ideia é contratar estagiários, para que eles possam assessorar os delegados e ajudar a compor o quadro administrativo. “Pensamos, então, nos alunos do curso de Direito para ajudar os delegados nos despachos, os de Medicina para assessoria os médicos legistas e também alunos da Assistência Social, para ajudar na Delegacia de Mulheres. Se conseguirmos isso vamos liberar nossos investigadores para as suas verdadeiras funções, aquelas para as quais foram treinados”, finaliza Felisberto.


Walter Felisberto: profissionais de investigação são desviados para outras funções, por falta de quadros

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