Cidades

Expedição Piracicaba constata potencial turístico ao longo do rio

A expedição constatou que há um grande potencial turístico desperdiçado na bacia do Piracicaba. O rio é formoso, mas está carente. O território reserva riquezas, como pontos de mata fechada e remansos luminosos, mas que, para serem aproveitados, precisam estar em harmonia com as águas, que estão de mãos estendidas em busca de ajuda.

Ao se percorrer as margens do curso d’água são facilmente avistados córregos de esgoto e erosões levando grandes volumes de poluição e sedimentos para o rio, gado e pasto onde deveria haver árvores, ocupações ilegais em áreas de proteção, toneladas de lixo armazenadas nas áreas de várzea e um uso intensivo de água em um rio cujo leito, em muitos trechos, encontra-se exposto.

O cenário não é novidade, mas chama a atenção o volume de problemas. O rio não é maltratado apenas em pontos isolados, mas em praticamente todos os 241 quilômetros de extensão. Nem mesmo a nascente está fora de risco, pois foram identificadas várias trilhas de gado, usadas também por motos, nas imediações da grota onde o Rio Piracicaba desperta. O local fica dentro de uma área privada que, aparentemente, apresenta vigilância falha.

RESISTÊNCIA

Além da tristeza gerada pela degradação, vale destacar os muitos atores dispostos a levantar a voz pela recuperação do Piracicaba. A expedição deparou-se com diversas cabeças atentas aos riscos e desafios que se apresentam.

Gente como José Martins da Silva, presidente da Associação Ambiental do Amaro Lanari, um bairro de Coronel Fabriciano cortado pelo Piracicaba. No trecho há uma boa cobertura de mata ciliar, mas o lixo e o esgoto sufocam o curso d’água. “Se não cuidarmos do Piracicaba ele vai virar um rio morto. Aqui tinha peixe, era água limpa, dava para nadar. Era até perigoso de tanta água”, relembra José Martins.

Lutadores com esse perfil costumam enfrentar batalhas inglórias. Poucos recursos, muitos obstáculos. Mas não falta força de vontade. Isso foi visto em uma pracinha do bairro, para onde José Martins conduziu a expedição. Cerca de uma dezena de moradores aguardavam ansiosos a chegada dos veículos empunhando cartazes denunciando os maus-tratos infligidos ao rio.

A Expedição Piracicaba encontrou ao longo da bacia muitos outros com disposição para encarar o trabalho gigantesco de recuperar o rio. Um trabalho importante do projeto é justamente promover essa integração, conectar ideias, unir forças, desenhar caminhos comuns. Apesar de parecer abandonado, o Rio Piracicaba ainda tem muitos dispostos a caminhar ao seu lado.

José Santana preside a associação Água Ribeirão Cocais dos Arrudas (Arca), que fica na Serra dos Cocais, região de imensa riqueza hídrica no Vale do Aço. Ele denuncia que o patrimônio hídrico está em perigo. “Cada dia que passa a gente acha uma nascente morta. O Rio Piracicaba mudou do bom para o pior. Balsas muito grandes atravessavam o rio. Hoje, se colocar esse tipo de barco no rio ele vai servir de ponte, pois não navega mais com um volume de água tão baixo”, diz Santana.

MAIS CONTEÚDO

No site da Expedição Piracicaba há como acompanhar como a jornada se desenrolou, principalmente por meio de vídeos. Todos os passos foram registrados, flagrantes de degradação foram mostrados, além de curiosidades e, o mais importante, as múltiplas vozes da bacia. Matérias escritas e centenas de fotos completam o conteúdo disponível.

Do morador ao gestor público, do ativista ao empresário, da criança ao especialista, dezenas de pessoas foram ouvidas e forneceram seu ponto de vista sobre o passado, o presente e o futuro do Rio Piracicaba.

Acesse www.expedicaopiracicaba.com e confira como foi a saga dos expedicionários do Piracicaba.

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