Policia

Exoneração de Lúcio da polícia é atestado de culpa, diz promotor

IPATINGA – Um dos julgamentos mais esperado do ano acontece no próximo dia 28 de agosto. O ex-policial civil Lúcio Lírio Leal, acusado de assassinar o jornalista Rodrigo Neto sentará no banco dos réus e enfrentará além dos olhares dos sete jurados, o clamor da população por justiça. A dezesseis dias do Júri Popular, o Comitê Rodrigo Neto, recomeça uma série de reportagens relembrando, com atualizações, os casos que o jornalista denunciou e para os quais cobrava respostas. Esta atitude combativa e investigativa incomodou os envolvidos e foi a razão de seu assassinato.
Rodrigo Neto foi sumariamente executado no dia 8 de março de 2013 no bairro Canaã. Alessandro Neves Augusto, o “Pitote”, também responde pelo crime. Ele aparece como o executor do jornalista segundo as investigações do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Lúcio aguarda o julgamento da Casa de Custódia do Policial Civil enquanto “Pitote” está preso no Ceresp de Contagem, numa unidade própria para ex-servidor da justiça, embora tenha sido acusado como falso policial.

DEMISSÃO
Lúcio Lírio foi demitido da Polícia Civil. A exoneração do detetive foi publicada no Diário Oficial do Estado na última sexta-feira (8) e assinada pelo governador Alberto Pinto Coelho. O promotor de Justiça Francisco Ângelo Silva Assis, que atuará na acusação contra Lúcio no dia do julgamento entende que a decisão do governo favorece a acusação. “Antes mesmo do júri, o governador entendeu que ele é o autor do homicídio. O estado está ‘cortando na carne’ para dizer que não é condescendente com essa prática”, considerou o promotor.

INOCÊNCIA

A defesa de Lúcio alega que seu cliente é inocente e que em nenhum momento o ex-policial participou da trama. Este será o argumento usado pelo advogado de Lúcio, Fábio Vieira da Silveira. O advogado de “Pitote” além de alegar negativa de autoria de seu cliente, aponta um autor para o assassinato de Rodrigo, o colega de profissão Walgney Carvalho, executado 37 dias depois da morte do radialista.
Consta na denúncia do MP que ‘Pitote’ efetuou os disparos que mataram Rodrigo. Para a promotoria ele agiu mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, com a ajuda de Lúcio Lírio Leal e terceiros ainda não identificados. Alessandro ainda deve responder por uma tentativa de homicídio contra um amigo de Rodrigo que estava com ele na ocasião dos disparos. “O MP não se sentiu nem um pouco abalado com essas táticas das defesas”, finalizou o promotor.

BOX

Chacina de Revés do Belém
foi um dos crimes denunciados

O primeiro caso a ser relembrado na série de reportagem foi o assassinato de quatro jovens moradores do bairro Caravelas. O crime ficou conhecido como a “Chacina de Revés do Belém” e foi um dos casos mais cobrados pelo jornalista Rodrigo Neto. Depois da morte do radialista, profissionais de imprensa se juntaram e até hoje cobram por punição dos culpados.
Pelo crime estão presos na casa de custódia da Polícia Civil, em Belo Horizonte, os quatro investigadores que foram denunciados pelo Ministério Público (MP) como os principais suspeitos pela chacina: Leonardo Alves Corrêa, José Cassiano Ferreira Guarda, Jimmy Casseano Andrade e Ronaldo de Oliveira Andrade. À época do crime eles estavam lotados na 1ª Delegacia Regional de Ipatinga.

HABEAS CORPUS NEGADO

O último andamento do processo ocorreu no dia 28 de julho, quando os suspeitos foram ouvidos em juízo no fórum Desembargador Faria de Souza, em Caratinga. Como os policiais estão presos em BH, eles foram ouvidos por meio de carta precatória.
Os detetives foram presos em abril de 2013, em uma operação da Força Tarefa, que investigou 14 crimes, até então sem elucidação, ocorridos no Vale do Aço. No dia 11 de setembro do ano passado, os advogados dos detetives entraram com o pedido de revogação da prisão preventiva, mas um dia depois um despacho negando a solicitação foi expedido pelo judiciário de Caratinga.

ENTENDA
A chacina foi descoberta no dia 30 de outubro de 2011 quando os corpos de John Enison da Silva, de 15 anos, Nilson Nascimento Campos, de 17 anos, Felipe Andrade, de 15 anos, e Eduardo Dias Gomes, de 16 anos, foram encontrados em Revés de Belém, nus e com perfurações de disparos de arma de fogo na nuca. Os quatro corpos dos adolescentes estavam em avançado estado de decomposição. O caso só tomou uma proporção maior depois da morte do jornalista Rodrigo Neto.
Os quatro adolescentes, entre 15 de 17 anos de idade, foram vistos pela última vez por familiares no dia 24 de outubro. Neste dia, eles foram abordados pela Polícia Militar e encaminhados para a Delegacia da Polícia Civil. Ao serem liberados por volta das 18h, um dos adolescentes apedrejou uma viatura de PC e depois disso não foram mais vistos.

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