Policia

Ex-prefeito João Cabloco é condenado a 19 anos de prisão

O então delegado Lemos apresenta João Cabloco e Adriano, acusados de assassinato e pistolagem: os dois (no meio, entre os policiais) foram condenados

 

TIMÓTEO – Foi condenado a 19 anos e seis meses de prisão, em uma sessão do júri popular da Comarca de Timóteo, o ex-prefeito de Tarumirim, João Correia da Silveira, o “João Caboclo”. Ele é acusado de ser o mandante do assassinato de Oliveira de Paula, 31 anos, executado a tiros no dia 7 de outubro de 2006. A defesa do réu irá recorrer da sentença, enquanto o réu permanece em liberdade.
O julgamento começou às 9h e só terminou por volta de 15h. A acusação foi representada pelo promotor Flávio César de Almeida Santos, de Paraopeba, e a sentença foi proferida pelo Juiz da Vara Criminal da Comarca de Timóteo, Rodrigo Antunes Lage. A sentença também determinou uma indenização de R$ 200 mil à família da vítima.

O CRIME
Segundo consta dos autos do processo, Oliveira de Paula foi executado quando estava na varanda de sua casa pelo vaqueiro Adriano Rodrigues Miranda, 30 anos, conhecido como “Pit Bull”, a mando de João Caboclo. Logo após cometer o assassinato, “Pit Bull” fugiu, fazendo um motorista refém. O motorista foi obrigado a levá-lo a Governador Valadares.

PRISÃO
Um ano depois, a equipe da Polícia Civil comandada pelo ex-delegado Francisco Pereira Lemos prendeu Adriano. Ele já estava sendo investigado pelo crime de pistolagem. Quando foi preso, Adriano confessou à PC ter recebido de João Caboclo R$ 5 mil para matar Oliveira. “Pit Bull” ainda confessou que assassinou outras 15 pessoas, todas a mando o ex-prefeito de Tarumirim.
Em conversa com a reportagem do DIÁRIO POPULAR na noite de ontem, o ex-delegado Francisco Pereira Lemos recordou que a polícia conseguiu apurar que João Caboclo e Adriano teriam arquitetado vários outros assassinatos pelo telefone. No entanto, a descoberta das execuções supostamente ordenadas por João Caboclo só começou depois do assassinato de Oliveira de Paula, que teria sido motivado por uma dívida que ele tinha com o ex-prefeito.

NOVA ENCOMENDA

Caboclo ficou preso na cadeia de Timóteo durante um ano. Segundo as investigações da Polícia Civil, quando ele foi posto em liberdade, teria encomendado a “Pit Bull” a morte de Lemos e do deputado estadual Durval Ângelo (PT), por R$ 60 mil.
Apesar de a sentença permitir ao réu recorrer em liberdade, Lemos considera que justiça foi feita. “Foi um inquérito muito bem montado com a ajuda do atual delegado Gilmaro Alves, que na época era escrivão. Na realidade está sendo feita justiça e dificilmente o condenado irá reverter essa pena. Acredito que a pena possa até vir a aumentar”, considera o ex-delegado.
Na opinião de Lemos, houve várias tentativas da defesa em tentar fazer com que o crime caísse no esquecimento. Uma delas é articulação para que o julgamento não chegasse ao conhecimento da mídia. “A imprensa não estava sabendo do julgamento. Houve um trabalho por parte da defesa de tentar fazer com que o crime caísse no esquecimento. Mas a população (o corpo de jurados) não esqueceu”, finaliza.

MANOBRA
O júri de João Caboclo chegou a ser remarcado várias vezes. Em uma delas, o então juiz de direito Ronaldo Batista de Almeida pediu o desaforamento do processo a fim de que o réu fosse julgado em outra comarca. Mas o pedido foi negado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Outras duas sessões foram marcadas.
No dia 6 de novembro de 2007, o ex-prefeito de Tarumirim seria julgado no Tribunal do Júri do Fórum de Timóteo. No entanto, a sessão foi cancelada porque o advogado do acusado, Jaime Rezende, não pôde comparecer, alegando um problema de saúde. No dia 16 de abril de 2008, uma nova sessão de júri estava marcada e mais uma vez adiada, desta vez por falta de defensor.

DESMEMBRADO
Com João Caboclo, iria a julgamento o executor do crime, o vaqueiro Adriano Rodrigues, o “Pit Bull”, mas o processo foi desmembrado. Em março de 2009, ‘Pit Bull’ foi julgado à revelia – já que se encontrava foragido da Justiça – e condenado a 24 anos e 10 meses de prisão.
Após a condenação de Adriano, o juiz Ronaldo de Almeida expediu um mandado de prisão contra ele. “Pit Bull” foi preso em uma blitz de rotina da Polícia Militar e encontra-se preso na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem.

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