Policia

“Ele procurou isso com as próprias mãos e encontrou”

Maria Aparecida perdeu dois filhos para a criminalidade               (Foto: Gizelle Ferreira)

IPATINGA – Mais um jovem foi assassinado pelo envolvimento com o tráfico de drogas. Ericks Bruno Gomes, 19 anos, foi morto com um tiro na rua Lorena, no bairro Caravelas, na madrugada do último domingo (20). Este é o sétimo homicídio ocorrido somente este mês em Ipatinga.

A vítima ainda foi encontrada com vida pela equipe do SAMU, que levou o rapaz ao Hospital Márcio Cunha, mas ele chegou ao Pronto Socorro já sem vida. Ericks morreu com um tiro na cabeça. Testemunhas disseram que o autor do disparo estava vestido com uma roupa preta, em uma bicicleta, e após o crime fugiu em direção à BR-381. A Polícia ainda não identificou o autor.

A mãe do jovem morto, Maria Aparecida Gomes, 37 anos, disse que, no dia do assassinato, o filho saiu de casa, como todos os dias, dizendo que ia “ali embaixo”. “Todo dia ele chegava do serviço dizendo que ia “ali embaixo”, mas eu nunca soube onde”, diz a mãe, moradora da rua Olinda, no mesmo bairro.

Apesar da dor da perda do filho, a mulher disse que já esperava o fim trágico. Segundo contou à reportagem, há muitos anos o filho era viciado em maconha e, recentemente, já tinha ouvido falar que ele estava fumando crack. Maria Aparecida disse que Ericks sempre sustentou o vício de drogas com o próprio trabalho, e não sabe se ele morreu devendo algum traficante. “Eu tentei arrumar casa de recuperação para ele, mas ele não quis e falava: “eu não estou mexendo com isso não mãe, a senhora tá doida”? Não foi falta de avisar. Ele procurou isso com as próprias mãos e encontrou”, afirma.

REVÉS
Esta não é a primeira vez que Maria Aparecida perde um filho para o mundo das drogas. Até hoje ela chora pelo assassinato de Eduardo Dias Gomes, de 16 anos, morto em uma chacina junto com outros três menores em novembro de 2011. Os cadáveres foram encontrados já em avançado estado de decomposição, em estrada próxima a Revés do Belém. A chacina de “Revés do Belém”, como ficaram denominadas as mortes, ainda não foi elucidada. Eduardo tinha quatro passagens pela polícia pelos crimes de furto e roubo. “E ele mexia com a mesma coisa que Ericks. Quando Eduardo morreu, eu me abalei muito e depois disso eu já imaginava que Ericks ia para o mesmo rumo do irmão, pois fazia a mesma coisa”, lamenta a mulher.

Maria Aparecida possui outros dois filhos adolescentes, um de 13 e outro de 14 anos de idade. A mãe disse que os menores não lhe dão trabalho como os que já se foram. Segundo ela, eles frequentam a igreja e escola assiduamente e são caseiros, mas mesmo assim teme pelo destino deles. “Mas é só Deus para saber e esperar que eles não sigam o caminho dos dois irmãos assassinados”, diz, ainda acrescentando que não espera a justiça dos homens. “Eu espero em Deus. Não tenho expectativa de alguém chegar aqui e dizer que descobriu quem matou meu filho”, finaliza a mãe.


Ericks Bruno foi assassinado na rua Lorena.                       Eduardo Dias: morto em novembro de 2011

Número de assassinatos em janeiro é alarmante
Ipatinga
– O ano de 2013 começou violento no Vale do Aço, especialmente em Ipatinga, que registrou até a última segunda-feira (21) sete execuções e onze tentativas de homicídios. No ano passado, nos 30 dias de janeiro foram contabilizados oito assassinatos e oito atentados.

Os dados oficiais foram fornecidos pela Delegacia de Homicídios. Conforme a delegada Irene Angélica Franco, mais da metade dos assassinatos ocorridos somente este ano está intimamente ligada ao tráfico de drogas e os outros a vingança ou desavenças.

Para a policial, o grande problema da criminalidade hoje é a impunidade de pessoas que cometeram crimes e não foram presas, e outras que não cumpriram em sua totalidade a pena imposta. “Isso tudo gera na pessoa uma ideia de que ela pode delinquir novamente e aí a gente vê esses desdobramentos de crimes”, avalia.

CIA
Irene acredita que a situação do Vale do Aço ainda é pior por causa da inexistência de um local apropriado para a internação dos menores infratores. A delegada conta que já se deparou com casos inusitados em que advogados apresentam menores de idade no lugar daquele que de fato cometeu o crime (um maior de 18 anos). “Às vezes a gente está com o caso apurado, sabe que foi o maior de idade e o advogado vem trazendo menor para apresentar, falando que foi ele. Isso acontece porque o adolescente sabe que o sistema está com dificuldade de fazer a internação”, pontua.

Na opinião da delegada, aqueles homicídios ou atentados que possuem relação direta com o tráfico de drogas, seja no uso, compra e venda, são os mais difíceis de serem evitados, assim como os crimes passionais. “Algumas são situações já anunciadas que a polícia tenta trabalhar, mas não consegue evitar. Como cidadã eu meu entristeço e como delegada é um acúmulo de serviço que se torna vicioso. Às vezes a gente está acabando de apurar um e já ocorrem mais três”, finaliza.


Delegada Irene Angélica

Homem é executado com doze tiros em Fabriciano
Fabriciano
– Em Coronel Fabriciano, um homem de 38 anos foi assassinado a tiros na rua Áustria, no bairro Santa Cruz. Sidney Cândido Martins foi baleado com doze tiros, sete somente na cabeça. A vítima possuía passagem por tráfico de drogas.

Testemunhas disseram aos policiais que a vítima foi perseguida por dois homens em uma motocicleta, quando o carona sacou um revólver e efetuou os tiros. No entanto, ninguém soube precisar as características do veículo. Informações anônimas deram conta de que um homem conhecido pelo nome de “Gleicinho” – com quem a vítima já havia tido um atrito – foi visto passando próximo ao local, momentos antes do fato, em uma motocicleta. Até o fechamento da edição, a polícia não havia encontrado o autor do assassinato.

IRMÃO

Sidney foi morto 17 dias depois que seu irmão, Wagner Candido Martins, o “Pulguinha”, de 25 anos, foi executado com 10 tiros. À época, Sidney havia sido testemunha no Boletim de Ocorrência no assassinato do irmão. Ele contou que Wagner teve um desentendimento com o provável assassino por conta de um celular que havia sumido quando todos estavam em um pesque-pague. Wagner também possuía passagem pela polícia por roubo à mão armada, porte ilegal de arma de fogo, ameaça e tentativa de homicídio.

TENTATIVAS

Na madrugada do último domingo (20), Ulysses Rodrigues Santos, 21 anos, foi levado às pressas ao HMC depois de ter sido alvejado na perna. Ele contou à polícia que havia saído de Ipaba e, quando passava pela rua Belo Horizonte, no Centro de Ipatinga, uma pessoa não identificada, em uma motocicleta, sacou um revólver e fez vários disparos em sua direção e depois fugiu. A vítima foi socorrida por uma motorista que passou no local e o encaminhou ao Pronto Socorro.
Ainda na madrugada de domingo, por volta de 3h, um rapaz de 21 anos foi esfaqueado em um bar no bairro Bom Retiro. Alen Souza foi ferido no pescoço e socorrido pelos colegas ao hospital, sem risco de morte.

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