Nacionais

Deputados faltam ao encontro com a democracia e a ética

(*) Fernando Benedito Jr.

Dois deputados federais que volta e meia buscam os votos do eleitorado do Vale do Aço faltaram a importantes encontros com a democracia e a ética nos últimos e mais importantes episódios da República. O caso mais vergonhoso, pusilânime e desleal foi o do deputado federal Mauro Lopes (PMDB), que até outro dia era ministro da Aviação Civil de Dilma Rousseff. Deixou o cargo num dia e no outro votou a favor do impeachment da presidenta na Câmara dos Deputados, como se não a conhecesse. Pai do presidente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, Adalclever Lopes, a família originária de Caratinga tem larga experiência na prática do fisiologismo político em Minas Gerais e no País, prestando grandes serviços à Nação.
Mauro Lopes faltou a outro importante encontro com a democracia e a ética ao se abster de votar na sessão que cassou o mandato e os direitos políticos do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB). A votação para cassar Cunha superou com folga os votos necessários (eram necessários 257 votos e 450 votaram pela cassação), mas era importante que cada parlamentar demonstrasse de que lado estava para que os eleitores pudessem fazer melhor suas escolhas. Mauro Lopes o fez: está do lado do fisiologismo, da corrupção, da defesa de interesses inconfessáveis e do que há de pior na política nacional. É um deputado-padrão.

Leonardo Quintão chegou atrasado ao encontro com a democracia e pode perder o bonde da história

Outro que “seguiu o voto do relator” foi o deputado federal Leonardo Quintão (PMDB), filho do candidato a prefeito de Ipatinga Sebastião Quintão. Favorável ao processo de impeachment que cassou a ex-presidenta, Leonardo usou dois pesos e duas medidas para tomar suas posições e decidir seu voto – ou não voto. Simplesmente não deu o ar da graça na sessão que cassou o colega Eduardo Cunha. Também de origem oligarca, Leonardo por duas vezes quase foi líder do PMDB na Câmara dos Deputados. Ora relator, ora presidente da Comissão que discute o Marco Regulatório da Mineração no Brasil, Leonardo Quintão vem conduzindo o processo de definição da mineração nacional com a mesma “rapidez” com que tramitou o processo contra Eduardo Cunha.
Em ambos os casos, é interessante observar que os deputados com suas posições conservadoras não tiveram nenhuma dúvida em cassar uma presidenta eleita com 54 milhões de votos, sobre a qual não pesava nenhuma acusação de corrupção e que não cometeu qualquer crime de responsabilidade. Seu único erro foi ter governado em aliança com o PMDB, partido que a sabotou na Câmara dos Deputados com as “pautas bomba”, a chantageou quando o caso Cunha chegou à Comissão de Ética e se negou a votar os projetos que ela enviava ao parlamento, criando as condições objetivas para a crise e daí, para o golpe.
Também não tiveram nenhuma dúvida ao apoiar (ou preferir a pseudo-neutralidade) Eduardo Cunha, notoriamente um corrupto, mentiroso e cara de pau, no processo de cassação de seu mandato.
São posturas típicas de políticos que se refestelam à mesa do banquete, dormem o sono tranqüilo de quem não tem que dar satisfação a ninguém e seguem a vida como intocáveis, com a certeza de que na próxima eleição estarão lá novamente, representando o povo. Povo que os ama e elege.

(*) Fernando Benedito Jr. é editor do Diário Popular.

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