Nacionais

De volta à república das bananas

(*) Fernando Benedito Jr.

Particularmente, prefiro hamburguer grelhado. “Fritar” hambúrguer é parecido com jogar a carne de qualquer maneira numa panela de óleo quente e depois tirá-la de lá pingando gordura, aquela coisa mal feita, aquele bife de carne moída mal prensada, que dá queimação no estômago, azia pura. Tomara que o “menino” seja melhor embaixador em Washington do que “chapeiro” no Maine. Mas vá lá, se o papai quer, que seja. Além de tudo o que já foi dito e, diga-se de passagem, bem dito, Guga Chacra, que trabalha numa “emissora comunista”, a Globo, lembrou que a Arábia Saudita, um reino ditatorial, repressor e sanguinário foi o único caso em que um parente foi indicado para uma Embaixada em Washington. “Khalid bin Salman bin Abdulaziz Al Saud ocupou o cargo entre 2017 e 2019. Sua nomeação foi determinada não pelo seu pai, mas pelo seu irmão, Mohammad bin Salman, príncipe herdeiro e ditador de fato da Arábia Saudita. O objetivo era ajudar na estratégia de propaganda saudita de melhorar a imagem de MBS, como é conhecido o autocrata saudita”, lembra Guga. O príncipe acabou demitindo o embaixador, no final das contas.

Ainda não está claro qual o papel do filho do presidente brasileiro na embaixada norte-americana, mas muito amigo que é dos Trump, certamente terá muita coisa a oferecer além das bananas produzidas por esta próspera república dos trópicos. A bajulação, por exemplo. Esses Bolsonaros são bons em bajulação, bajulação e entreguismo. Agora, o mais interessante é esta súbita amizade com a família Trump, relação da qual nunca se havia falado antes e que do nada surge assim, linda e harmoniosa. Os Bolsonaros também gostam muito de investir em imóveis e talvez estejam pensando numa parceria qualquer, tipo a construção de um Trump Tower na Amazônia brasileira. Ou transformar aquilo tudo numa grande fazenda de gado para produzir hamburger, sei lá. Depois de indicar o “menino” para a Embaixada, vai saber o que esta gente pensa.

O interessante nisso tudo é a aparente normalidade como vêem esse tipo de coisa no Planalto e arredores, incluindo aí o Itamaraty. Temendo melindrar o pai, o séquito desta corte de bobos cala-se ou elogia estas demências, como fez a ministra Damares nos EUA, dizendo que Eduardo Bolsonaro “é um menino culto”. Tanto quanto ela, diga-se. Com aquela PT na cintura durante um programa de TV, o miliciano realmente esbanja cultura.

Já dá até para imaginar o futuro embaixador se imiscuindo nas guerras promovidas pelos EUA no Oriente Médio, Afeganistão, África. “Isso mesmo, Trump tá certo”. Vai defender o muro na fronteira como México com mais veemência que o secretário de Estado dos EUA. Vai, com certeza, porque é um idiota, um lambe-botas desqualificado. Vai se alinhar com a indústria bélica dos EUA e tentar trazê-la para cá com sua “vivência” de miliciano.

E, claro, vai aproveitar o cargo para ampliar seus contatos internacionais com o nazi-fascismo que floresce a passos largos pela Europa, América Latina e outras regiões do planeta. Isto já está irremediavelmente na pauta de Eduardo, assim como do chanceler brasileiro, outra figura interessante, terraplanista até, o moço.

Bom, é isso. Além de algumas semelhanças com Somoza, Papa Doc, Stroessner, Ferdinando Marcos, para citar dinastias ditatoriais que trataram como suas as coisas públicas…

(*) Fernando Benedito Jr. é editor do Diário Popular.

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