BRASÍLIA – Em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, o empresário Leonardo Meirelles, dono do laboratório Labogen, disse ontem (7) que Alberto Youssef usava contas de suas empresas para receber e repassar valores. Ele disse que não conhece o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que não sabe de transferências para contas específicas de Cunha e nem se o parlamentar tem contas no exterior. No depoimento, Meirelles disse também que, em uma conversa informal, Youssef disse que tinha sofrido pressão por uma transferência grande e que os valores eram “para Eduardo Cunha”. Meirelles depõe como testemunha no processo que pede a cassação do mandato de Cunha.
OFFSHORES
“Youssef só me passava valores e pedia para checar pelas contas. Geralmente, eram offshores e é muito difícil ter os nomes de pessoas físicas”, disse Meirelles, que recebia uma remuneração por cada transferência efetuada. O empresário relatou que, em um almoço com o doleiro, após ter visto o empresário Júlio Camargo ter deixado o escritório do doleiro, Youssef disse que estava aliviado por ter finalizado um contrato. “Ele comentou sobre a pressão que sofria por ser uma transferência grande. Era de Eduardo Cunha os valores desta transferência”, afirmou Meirelles.
US$ 5 MILHÕES
Cunha é alvo de uma representação que o acusa de ter mentido à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, em março do ano passado, quando negou ter contas no exterior. Posteriormente, documentos do Ministério Público da Suíça revelaram a existência de contas ligadas a ele naquele país. Uma das denúncias é que Cunha tenha recebido US$ 5 milhões em uma conta secreta no exterior.
No depoimento ao colegiado, Meirelles confirmou que recebeu em uma de suas contas em Hong Kong o valor de US$ 5 milhões, que foi repassado em três operações. O empresário negou que alguma transferência tenha sido feita para contas na Suíça. “Foram três transferências. Duas de US$ 2,3 milhões, uma de US$ 800 mil e outra de US$ 400 mil. Recebi da empresa de Júlio Camargo na minha conta em Hong Kong”, disse, reiterando que não sabia o destino do dinheiro. “Já entreguei aproximadamente mais de 400 swifts de pagamentos das minhas empresas no exterior para beneficiários terceiros que não sei identificar quem eram”, afirmou.