Cidades

Cuidado para a Guarda Municipal não virar milícia!

(*) Fernando Benedito

O Legislativo ipatinguense acaba de aprovar o projeto do Executivo que cria a Guarda Municipal. É até compreensível a preocupação da Prefeitura de Ipatinga com a preservação do patrimônio público, como as unidades básicas de saúde, escolas, creches, praças e outros equipamentos da coletividade. Vá lá. Mas ainda paira alguma dúvida se é mesmo necessária a Guarda Municipal com toda esta pompa e circunstância militarista, como se fosse uma nova polícia, diferentemente dos antigos vigilantes da escola, com quem os alunos podiam conversar, brincar e de vez em quando até cometer a ousadia de lhes passar a mão na bunda sem correr o risco de levar um tiro.

Alguns exemplos de guardas municipais que podem ser vistos pelo País afora, ainda mais nestes tempos de incentivo ao ódio, ao uso de armas e ao emprego da violência, não são muito, digamos, instrutivos. Se não forem muito bem treinados e preparados correm o risco de se tornarem leões-de-chácara destes que gostam de dar um “mata-leão” e vez por outra uns tiros naqueles que julgam “meliantes”. Tão logo se metem numa “farda” já se acham. Abuso de autoridade, então, é mato. Já houve caso de agente de trânsito chegar com sirene ligada para intimidar e constranger o motorista que parou irregularmente, além de multar e esculachar o cidadão e só não o prendeu porque não tinha algemas e cadeia.

Por outro lado, observando o movimento golpista de Bolsonaro com o objetivo de atrair para seu campo e colocar sob suas ordens diretas, além das forças armadas das quais é comandante-em-chefe, as polícias civis e militares, a Força Nacional, a Polícia Federal, o Corpo de Bombeiros, enfim, as forças de segurança; é temeroso fomentar a criação destes apêndices do aparelho de Estado. Este controle da soldadesca é muito importante numa tentativa de golpe, como a que ele pretende dar se não for reeleito, se o “papelim” do voto eletrônico não for aprovado ou mesmo se for e ele não ganhar as eleições.

Depois do que estes guardas de shoppings têm feito, há se precaver quanto às guardas municipais, ainda mais neste momento crítico de obscurantismo e tendências autoritárias e anti-democráticas.

A ver.

(*) Fernando Benedito Jr. é editor do Diário Popular.

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