Policia

Criminosos intimidam moradores do Vila da Paz

Ficar na porta de casa com os amigos já não é mais o passatempo preferido deste aposentado    (Crédito: Gizelle Ferreira)

 

IPATINGA – Se antes os moradores da localidade da Vila da Paz, no bairro Cidade Nobre, diziam viver tranquilamente, hoje a realidade daquela população já não parece mais a mesma. Isto porque, segundo os moradores, bandidos de outros bairros passaram a ocupar a localidade, aterrorizando a população local.
A redação do DIÁRIO POPULAR recebeu uma série de denúncias anônimas dando conta dos últimos acontecimentos no bairro. A equipe de reportagem foi até o local e conversou com alguns moradores. Receosos de darem entrevista – temendo retaliações – eles pediram para não serem identificados. Foi possível constatar ruas vazias e olhares temerosos.

FIM DA PROSA
Ficar na porta de casa proseando com os amigos, já não é mais o passatempo preferido de um aposentado de 77 anos, morador há 27 anos da rua Luiz Gonzaga. Segundo relatou à reportagem, os “criminosos” da própria comunidade não perturbavam os moradores, situação que hoje, segundo ele, ficou insustentável. “Os bandidos de fora chegam e fazem a cabeça dos que já tinham aqui, mas que não incomodavam os moradores. Tem gente até se mudando por causa disso. Eles (bandidos), intimidam todo mundo”, conta, acrescentando que recentemente a polícia prendeu um deles, que acabou sendo solto e retornando ao bairro. “Antigamente não era assim. Isto está recente. E eles são perigosos”, afirma.

AVIÕES

A dona de casa M.P., aceitou conversar com a reportagem desde que não fizesse fotografias, e nem gravasse entrevista. Do lado de dentro do portão, a mulher disse que as crianças do bairro estão sendo usadas por traficantes para levar e buscar drogas. “Eles ainda chegam na casa de algumas famílias e ficam lá, fazendo o morador de refém”, disse.
Um vigilante de 48 anos, morador da rua Elis Regina, contou que várias vezes bandidos já entraram em sua casa para furtar objetos. Para ele, o bairro Vila da Paz virou rota de fuga para os criminosos que cometem assalto em outras localidades. “Eles chegam correndo por aqui, passam por aquela caixa d água da Copasa e fogem pelo rio, e a polícia não consegue atravessar para pegá-los. Então aqui virou o local ideal para eles não serem pegos”, considera.

POLICIAMENTO
Há pelo menos duas semanas, sabendo da situação dos moradores do bairro Vila da Paz, o comandante do 14º Batalhão de Polícia Militar, Francisco Assis, designou uma viatura para fazer o patrulhamento diário na localidade. O policiamento divide a opinião dos moradores.
Alguns acreditam que melhorou a paz, mas outros consideram que assim que a polícia deixar de ocupar a área, os bandidos irão voltar a impor o “terror” entre os moradores. “Eles (policiais), chegam com aquele giroflex e a sirene ligados, e um dia até falei que assim eles estavam espantando os bandidos e que quando eles saíssem dali, os criminosos iriam intimidar ainda mais a população. Acho que me ouviram, porque não estou mais escutando a sirene ligada. Mas eles ficam aqui constantemente”, disse um morador da rua Zacarias.
Um outro morador considera que os policiais para “pegar” os bandidos tinham que ir à paisana (sem farda). “Só assim é que eles vão conseguir o que querem, prender esses criminosos que ficam rondando por aqui. Não sei se esse tipo de policiamento é eficiente, não”, argumenta.
O vizinho, observando a conversa de seu colega com a reportagem, rebateu. “Talvez se não tivesse a polícia aqui nem vivo você estivesse”, contestou.

SEM MEDO
A dona de casa Cremilda Jacinto, 60 anos, disse não temer as intimidações dos bandidos no bairro. Mesmo com os burburinhos no bairro sobre o aumento da criminalidade, a dona de casa continua com a sua rotina: todos os dias senta na porta de casa para fazer seu crochê. “Não importo de dar meu nome para você”, disse à reportagem. “Eu não tenho nada que reclamar daqui, nem de quem desce no bairro e nem quem sobe”, finaliza elogiando o trabalho da PM. “Com certeza um lugar onde tem um policiamento ostensivo é melhor para todo mundo. Temos mais proteção, não é”?, arremata.


Dona Cremilda não se intimida com os
comentários sobre a criminalidade no bairro

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