Cidades

Copa castiga o comércio

Sondagem feita pelo Sindcomércio com lojistas da região aponta que, mesmo se o Brasil avançar na competição, não há expectativas de melhoras           (Crédito: Paulo Sérgio de Oliveira)

IPATINGA – Se no restante do país, sobretudo nas capitais e grandes cidades, os impactos econômicos provocados pela Copa do Mundo de Futebol têm sido positivos, o mesmo não pode ser identificado em Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo.

Uma sondagem feita pelo Sindicato do Comércio Varejista e Atacadista de Bens e Serviços (Sindcomércio) Vale do Aço mostra que as lojas da região têm registrado queda meteórica nas vendas, além de empresários terem que lidar com funcionários cada vez mais dispersos e envolvidos com as partidas. “O horário dos jogos do Brasil obrigou o comércio a fechar mais cedo, o que tem sido muito prejudicial para nós”, resume José Maria Facundes, presidente da entidade.

O dirigente sindical lembra que um dos poucos setores favorecidos com a Copa é o de supermercados, açougues, casas de carnes e mercearias, que está mais movimentado desde que a competição começou. “A maioria das lojas tem sido muito castigada. O comércio de roupas, calçados, acessórios e perfumaria, por exemplo, é o mais afetado, uma vez que esses estabelecimentos estão fechando mais cedo, o fluxo de pessoas nas ruas diminuiu e ainda há a concorrência desleal com o mercado informal”, comenta Facundes, ressaltando que tem aumentado muito a incidência de vendedores ambulantes nas principais avenidas da região.

“Muitas destas pessoas sequer são do Vale do Aço. Não pagam impostos e vendem produtos voltados para Copa de má qualidade, seja com exposição de camisas em seus veículos ou até montando varais nas ruas. Precisamos que haja uma fiscalização quanto a isso, pois esses vendedores ambulantes movimentam um dinheiro que deveria estar indo para nossas lojas e favorecendo a economia regional como um todo”, analisa o presidente do Sindcomércio. Ainda de acordo com ele, estabelecimentos que vendem eletroeletrônicos também não têm sido prejudicados, pois registram um ligeiro acréscimo nas vendas.

PROBLEMAS

A sondagem feita pelo Sindcomércio entrevistou 26 empresários de segmentos diversos em Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo. Uma das principais queixas diz respeito à abertura da Copa. “O Governo Federal foi muito covarde com o comerciante, pois com o primeiro jogo no dia 12, coincidindo com o Dia dos Namorados, o foco mudou e as vendas foram bastante prejudicadas. Por conta disso, não sei se vou conseguir atingir minhas metas”, disse a proprietária de uma conhecida franquia de Ipatinga.

Outra reclamação é com relação aos dias e horários dos jogos. “O jogo do Brasil com o Chile pelas oitavas de final será em um sábado, que tradicionalmente é o melhor dia da semana para o comércio. Então novamente teremos que fechar mais cedo e será menos um importante dia de vendas”, explicou o proprietário de uma loja de roupas situada em Timóteo. Um lojista do ramo de calçados também estava indignado com o jogo deste sábado (28): “Considero uma tragédia, pois fecharei justamente no horário que mais venderia. E o faturamento perdido não tem volta.”

Há unanimidade entre os comerciantes quando a pergunta é sobre o movimento no comércio nos dias de jogos do Brasil, uma vez que todos afirmaram que o consumo cai muito quando comparado a dias normais. Também não há expectativa de melhoras, mesmo com o Brasil avançando na competição e a população ficando empolgada. “As pessoas gastam muito nos camelôs e no comércio informal, o que deixa o varejo prejudicado. Os colaboradores ficam envolvidos com as partidas e dispersos quando tem jogo do Brasil. A Copa tem sido terrível para o comércio”, desabafou o dono de uma ótica localizada em Ipatinga.

HORAS
Nas copas anteriores não havia a tradição de negociar entre os sindicatos que representam os funcionários e os patrões, ficando a critério do comerciante do Vale do Aço liberar ou não seus funcionários nos dias dos jogos do Brasil. “O que acontecia antes não era bom, pois o lojista liberava seu funcionário para ir ver o jogo em casa e as horas que ele não trabalhava eram perdidas. Agora, com a Convenção Coletiva de Trabalho que firmamos, o funcionário que for dispensado mais cedo em um dia de jogo fará hora extra nas datas comemorativas”, informou José Maria Facundes.


José Maria Facundes cobra fiscalização ao comércio informal  
(Crédito: Emmanuel Franco)

Funcionamento do comércio neste sábado
IPATINGA
– Neste sábado (28), quando o Brasil jogará com o Chile pelas oitavas de final da Copa do Mundo, o horário do comércio será unificado no Vale do Aço. Lojas de materiais elétricos e de construção, autopeças, vidraçarias, borracharias, madeireiras, distribuidoras, casas de noivas, de doces e similares fecharão as portas uma hora antes dos jogos do Brasil, podendo descontar o tempo trabalhado a menos no banco de horas dos empregados.

Já supermercados, mercearias, hortifrutis, sacolões, varejões, açougues, casas de carnes e peixarias encerram expediente uma hora antes da partida e disponibilizarão meios para que os funcionários possam assisti-la (televisores ou telões). Os empregados não serão dispensados e os estabelecimentos retornam as atividades 30 minutos após o término do jogo.

As lojas participantes do acordo de Dia das Mães e Dia dos Namorados, ou seja, o chamado “comércio lojista de rua”, fecharão duas horas antes dos jogos, sendo que as horas trabalhadas a menos já foram ou serão usadas nas datas comemorativas. O Shopping do Vale do Aço fechará ao meio-dia e reabrirá uma hora após o jogo. Empresários do shopping não precisam liberar seus funcionários durante a partida, mas também terão que disponibilizar telões ou televisores para que os empregados possam assisti-la.

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