Cidades

Consul reage à decisão da Usiminas de vender loja do Shopping do Vale

IPATINGA – O presidente da Consul (Cooperativa de Consumo dos Empregados da Usiminas), Matusalém Dias Sampaio convocou a imprensa regional para uma entrevista coletiva ontem, quando manifestou sua preocupação com a decisão da siderúrgica de se desfazer do negócio. A estratégia da Usiminas para vender a Consul é solicitar de volta o imóvel cedido em comodato, onde funciona a loja âncora no Shopping do Vale. A loja, de cerca de 7 mil metros quadrados, foi viabilizada em troca da devolução de vários imóveis que também haviam sido cedidos em comodato por 99 anos, totalizando mais de 17 mil metros quadrados. “Na época, tínhamos uma relação de confiança e transparência, afinal, é uma cooperativa da própria Usiminas, que beneficia diretamente seus funcionários”, diz Matusalém para explicar a transação de devolução dos imóveis. A Consul é uma cooperativa que reúne 74 mil cooperados, possui 710 funcionários e tem um faturamento previsto para este ano de R$ 200 milhões, que, segundo Matusalém não deve se confirmar em função da crise econômica e da pulverização do mercado varejista na região.

PREFERÊNCIA
Na notificação em que informa a decisão de colocar a loja do Shopping à venda, numa das cláusulas, a Usiminas dá preferência de compra à Cooperativa, mas em seguida também coloca no páreo o condomínio remanescente, que é a Intermall Empreendimentos e Participações Ltda, principal proprietária do Shopping. O valor do imóvel é de R$ 28 milhões, a serem pagos de forma escalonada. O valor corrigido chegaria a R$ 30 milhões.

LIMINAR
Diante da decisão da Usiminas de vender a Consul do Shopping, loja que representa 70% de todo o faturamento da cooperativa – os outros 30% ficam distribuídos entre as lojas do Cariru, Ideal e Quitandinha –, a diretoria da Consul entrou com pedido de liminar que foi concedido pela Justiça no último dia 22, bloqueando o imóvel.
Matusalém destaca a necessidade de mobilização em torno da defesa da Cooperativa em função de sua importância para a economia regional. “A Consul não é somente uma balizadora de preços do comércio varejista, mas também da qualidade. O seu fim traria sérias conseqüências ao comércio varejista e ao consumidor”, salienta.

ERA CASTELO BRANCO
O dirigente cooperativista lembra ainda outras investidas feitas para se desfazer da Consul, como as ações no período de Castelo Branco à frente da siderúrgica. “Logo que ele assumiu, disse que teria que vender porque havia desvios na Consul. Contratamos uma auditoria e abrimos todos os setores para análise: tesouraria, contabilidade, compras. Nada foi constatado, a auditoria encontrou zero desvio. Foi com essa lisura que conduzimos esta empresa”, disse Matusalém.
Ele lembrou ainda que a determinação de Castelo Branco era tanta que havia fixado prazos para a venda da Cônsul. “Os funcionários seriam demitidos em 30 dias, a gerência em 60 dias e depois a diretoria. Uma verdadeira truculência. Eu não disse que faria ou não, segurei a situação e o fiz sem publicizar, sem divulgar nada. Por isso é com muito pesar que, hoje, faço esta coletiva, depois de um conflito interno muito grande, para expor esta situação”, disse Matusalém, visivelmente emocionado.
Ele contesta os argumentos de venda do imóvel para que a empresa foque sua gestão no negócio do aço. “A Usiminas possui inúmeros outros imóveis aqui mesmo em Ipatinga que foram adquiridos na expectativa da expansão que não se configurou e que poderiam muito bem ser vendidos. Diversos clubes, igrejas e instituições funcionam em imóveis igualmente cedidos em comodato de 99 anos e nenhum deles foi solicitado”, destacou.

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Em nota, Usiminas diz que
recebeu proposta do mercado

A Usiminas emitiu ontem uma nota sobre a decisão de vender a Consul. A íntegra do posicionamento da empresa é o seguinte:

“A Usiminas informa que está adotando as medidas legais cabíveis para concluir a venda de seu imóvel no Shopping do Vale. A intenção de venda já havia sido anunciada desde março de 2013. Em junho deste ano, a Usiminas recebeu uma proposta comercial do mercado e, de forma transparente, informou imediatamente o Condomínio do Shopping e a Consul, que são as beneficiárias legais do direito de preferência. A Usiminas sempre esteve aberta ao diálogo durante todo o processo, sendo que, no prazo de 60 dias, nem o Condomínio e nem a Consul optaram por exercer o direito de preferência para a aquisição do imóvel.
Desde 2010, a Usiminas tem sinalizado publicamente o interesse de desmobilizar seus ativos não-operacionais, como imóveis e terrenos. A empresa entende que, no atual cenário bastante restritivo para a siderurgia brasileira, necessita concentrar esforços nos ativos relacionados à sua atividade-fim. A Usiminas reitera, ainda, que sua postura tem sido e continuará sendo de respeito aos acordos de locação e comodato firmados na região do Vale do Aço, bem como a de contribuir para o desenvolvimento social, por meio da Fundação São Francisco Xavier e do Instituto Cultural Usiminas”.

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