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CEBUS “casa” lobos-guarás

IPATINGA – O Centro de Biodiversidade da Usipa (CEBUS) anuncia uma novidade no trabalho contínuo de recuperação e preservação de espécies de animais silvestres. Dois lobos-guará, a fêmea Tíbia e o macho Cauê, que chegaram à Usipa em agosto de 2017, foram colocados no mesmo recinto, na manhã desta terça-feira (20), para acasalamento.
A partir desta aproximação, os colaboradores do CEBUS esperam que os animais se reproduzam. “O lobo-guará é uma espécie em extinção. Se tudo der certo, eles irão se acasalar, reproduzir e gerar filhotes que um dia poderão passar por um processo de adaptação e serem soltos na natureza”, afirma a Bióloga do CEBUS, Cláudia Diniz.
Para estimular o acasalamento, os animais foram submetidos a um processo de aproximação. No recinto que dividem, existe uma tela separando o espaço de cada um, e foram adicionadas algumas caixas de tamanho médio, que simulam tocas, para que o casal tenha mais espaço e privacidade dentro do cativeiro.

HISTÓRIA DO CASAL
Cauê tem aproximadamente dois anos e foi transferido para a Usipa pelo Zoológico de Alfenas (MG), sob supervisão do Instituto Estadual de Florestas (IEF). Recolhido da natureza ainda filhote, acredita-se que Cauê tenha sido abandonado pela mãe após um incêndio em área agrícola. “Ele foi abrigado no Zoológico até a idade adulta e transferido ao CEBUS dentro de uma proposta de intercâmbio entre as instituições”, afirma o médico-veterinário Lélio Costa e Silva, supervisor do CEBUS.
Já a fêmea Tíbia tem história um pouco mais triste. Ela recebeu esse nome porque foi atropelada e sofreu uma fratura na tíbia, um dos ossos da perna. Para se recuperar, a loba foi submetida a uma cirurgia delicada. Com isso, ela poderia sentir muitas dores durante os períodos mais frios na Zona da Mata mineira, de onde veio, e ficaria com mobilidade comprometida. Como ela não poderia mais sobreviver na natureza, para preservá-la, o Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), do IEF, em Juiz de Fora (MG), transferiu-a para o CEBUS.


Conheça mais sobre a espécie

O lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) é um mamífero ameaçado de extinção no Brasil. Diferentemente de outras espécies de lobo que vivem em alcatéia, o lobo-guará é um animal de hábito solitário que, geralmente, vive no cerrado brasileiro. Porém, apesar de passarem a maior parte do ano sozinhos, a unidade social é o casal. Machos e fêmeas dividem o mesmo território, mas pouco se encontram durante o ano todo: só se juntam quase que apenas na época reprodutiva e, se tiverem sucesso, durante os primeiros meses com os filhotes.
O lobo-guará se alimenta de frutos, pequenos roedores, répteis e aves. Como eles consomem as frutas, normalmente inteiras, são excelentes dispersores de sementes, participando assim da recomposição de campos degradados e até mesmo florestas neste bioma. Isso confere ao lobo o papel de agricultor do cerrado.


O acolhimento realizado pelo CEBUS

Desde 21 de janeiro de 2017, o CEBUS tem recebido, oficialmente, animais silvestres em risco de morte. Eles são trazidos pela Polícia Militar, por meio do convênio com o IEF. Com isso, a instituição passou a receber, tratar, reabilitar e encaminhar esses animais para a soltura, sempre orientada e acompanhada pelo órgão estadual.
O CEBUS possui localização estratégica, já que Ipatinga está próxima ao Parque Estadual do Rio Doce. Além disso, a importante função científica do CEBUS na região é justificada pela parceria com diversos órgãos ambientais.

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