Cidades

Caso Rodrigo Neto será tema de documentário

A equipe grava cenas no local onde Rodrigo foi assassinado

IPATINGA – O caso do assassinato do jornalista e radialista Rodrigo Neto será tema de um documentário promovido pela organização não governamental Artigo 19 e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais.

A equipe da Ong e o presidente do Sindicato estiveram durante dois dias desta semana, em Ipatinga, colhendo depoimentos e imagens entre os profissionais de imprensa que acompanharam os fatos e as investigações do caso.

Sediada na cidade de São Paulo e com atuação internacional, a Artigo 19 trabalha na defesa da liberdade de expressão, acesso a informação e liberdade de imprensa, acompanhando casos em que envolvam graves violações contra comunicadores por todo o país.

IMPUNIDADE
Júlia Lima, relações públicas da Organização, ressaltou que é feito um monitoramento e acompanhamento das resoluções dos casos. “Nestes trabalhos observamos que muitos dos crimes não são resolvidos, então decidimos fazer uma série de documentários mostrando os principais fatores envolvidos e por que muitos ficam na impunidade”.

Júlia analisa ainda que a maioria dos crimes tem o envolvimento de autoridades locais que se sentem incomodadas pelas denúncias dos profissionais de comunicação e acabam por tentar contra a vida destes como forma de silenciá-los.

Segundo a jornalista, a intenção é fomentar discussões em diversos âmbitos, local, estadual e nacional sobre os crimes cometidos contra comunicadores e, também, como forma de buscar soluções e pressionar as autoridades para que fatos como os do jornalista Rodrigo Neto e do fotógrafo Walgney Carvalho não venham acontecer novamente.

“A impunidade é uma injustiça com a vítima e seus familiares, contra a garantia constitucional da liberdade de expressão, influenciando diretamente no trabalho dos profissionais de imprensa, gerando medo e insegurança, levando em conta que quem perde com tudo isso é a sociedade, que se torna privada de obter informações”, ressaltou Júlia.

MEMÓRIA
Kerison Lopes, presidente do Sindicato dos Jornalistas, ressaltou a importância do documentário como forma de preservar a memória de Rodrigo Neto e para que o tema seja mais debatido, garantindo com isso que os profissionais de imprensa tenham mais segurança e liberdade no desempenho de seus trabalhos. “Infelizmente, as agressões aos comunicadores têm aumentado nos últimos anos.

Neste sentido, é fundamental que qualquer caso de ameaças ou agressões contra jornalistas seja denunciado ao Sindicato, pois nossa diretoria tem estabelecido um contato direto com o secretário estadual de defesa social, Bernardo Santana e outros órgãos, inclusive em âmbito federal, para que casos como estes do Vale do Aço não fiquem impunes”, ponderou.

A expectativa dos representantes das entidades é que o documentário fique pronto na primeira quinzena do mês de junho e seu lançamento acontecerá em três etapas, sendo na Câmara dos Deputados Federais, na Assembleia Legislativa de Minas e em Ipatinga.


Kerrison, do Sindicato dos Jornalistas de MG e Julia Lima, da ONG Artigo 19: defesa da liberdade de expressão


Entenda o Caso Rodrigo e Walgney

Rodrigo Neto foi assassinado no dia 08 de março de 2013, alvejado com três disparos de arma de fogo calibre 38, por dois homens em uma motocicleta usando capacetes, no momento em que entrava em seu veículo, logo após sair de um churrasquinho, no bairro Canaã, em Ipatinga.

Walgney Carvalho foi morto em um pesque-pague, em Coronel Fabriciano, por um homem de moto, 37 dias após a morte de Rodrigo Neto. Carvalho era repórter-fotográfico “free lancer” e trabalhava no mesmo jornal impresso que Rodrigo.

Após a morte do jornalista, os comunicadores da região do Vale do Aço se uniram e criaram o Comitê Rodrigo Neto como forma de cobrar das autoridades a apuração e elucidação dos casos.

De acordo com as apurações de policiais civis de Belo Horizonte, Alessandro Neves Augusto, o Pitote, atirou contra Rodrigo Neto. O crime ainda teve a ajuda do investigador da Polícia Civil, Lúcio Lírio Leal, e de terceiros que não foram identificados. Ao final, o inquérito não apontou as motivações dos crimes e se existiriam mandantes.
Lúcio Lírio foi condenado a 12 anos por homicídio qualificado e perdeu o cargo de investigador da Polícia Civil. Já “Pitote” aguarda julgamento.

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