Policia

‘Cabo’ Victor será julgado em Belo Horizonte

IPATINGA – Dois processos de homicídio pelos quais o policial militar Victor Emmanuel Miranda de Andrade responde serão julgados na Comarca de Belo Horizonte. Esta mudança territorial é conhecida pelo nome de desaforamento, ou seja, quando uma das partes pede ao Tribunal de Justiça que o Júri Popular ocorra em outra comarca. Os pedidos foram solicitados pela 10ª Promotoria de Ipatinga, que também tem a função de Controle Externo da Atividade Policial.

Um dos casos foi publicado no dia 18 deste mês no Diário Oficial do TJ e outro poderá ser consultado na próxima segunda-feira (24). Com os desaforamentos, os processos de homicídios em que Victor aparece como executor passam a ser tramitados na Comarca de Belo Horizonte.

Na justificativa, o Ministério Público entendeu que os julgamentos do réu não seriam possíveis na comarca de Ipatinga. O desembargador e relator dos pedidos Corrêa Camargo considerou que “de fato, o Ministério Público está com razão, já que o acusado se trata de policial militar, existindo indícios de que seja integrante de grupo de extermínio na região, tanto que responde por diversos outros processos de homicídio. Em razão do temor que o réu incute na comunidade local, a conclusão é de que os jurados não têm a isenção necessária para apreciação do processo, de modo que a solução é, mesmo, o desaforamento para a comarca de Belo Horizonte.”, disse.

O Promotor de Justiça que pediu os desaforamentos, Francisco Ângelo da Silva Assis, considerou que a realidade de Ipatinga mudou após o assassinato do jornalista Rodrigo Neto. Após a morte do repórter policial, vários casos voltaram a ser investigados, dentre eles, os que Victor Emmanuel, ou “Cabo Victor”, é apontado como executor.
“Ipatinga está no processo evolutivo no trato criminal. Não temos mais a realidade de outrora. Hoje, os órgãos de segurança pública vêm primando em trabalhar com rigor necessário imposto pela realidade, porém nos limites da legislação”, opinou.

PROCESSOS DESAFORADOS
Um dos casos desaforados e que já está publicado no Diário Oficial do TJ é o assassinato de Cleidson Mendes Nascimento, o “Cabeça”, 26 anos. Ele foi executado em 2011 no bairro Canaãzinho em Ipatinga. O rapaz era testemunha de um inquérito policial que investigou a morte do comerciante Ricardo de Souza Garito, assassinado a tiros em 2007 no mesmo bairro, no qual Victor estaria envolvido.

“Cabeça” foi morto dias antes de prestar novos esclarecimentos sobre o caso. Ele levou dois tiros no lado direito do ombro e testemunhas na época relataram que o rapaz foi assassinado por dois atiradores em uma moto.
O caso foi investigado em 2013, pelo Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) de Belo Horizonte, que não teve dúvidas em apontar Victor como autor intelectual e executor de Cleidson.

OUTRO
O outro caso que também será julgado em Belo Horizonte é o assassinato do comerciante Eduardo Luiz da Costa ocorrido em 2007. Neste processo, além de Victor Emmanuel, o coiote Joaquim Pereira de Moura também foi indiciado. Ele encontra-se foragido da justiça.

Conforme a denúncia do MP, os dois teriam planejado e executado o homicídio. Segundo informações do inquérito, o crime foi cometido por um indivíduo que pilotava uma motocicleta verde e passou pela via efetuando disparos contra o homem de 40 anos.
O crime chegou a ser investigado na época, mas não se chegou a nenhuma conclusão. O caso foi reaberto pelo DHPP após a morte de Rodrigo Neto.

O inquérito concluiu que a vítima devia cerca de R$ 12 mil para Joaquim Pereira de Moura, que atuava como coiote facilitando a entrada ilegal de pessoas nos Estados Unidos. Eduardo havia retornado há pouco tempo do país, onde permaneceu por dois meses e foi deportado.

Ainda de acordo com as investigações da Polícia Civil, a vítima mantinha um relacionamento amoroso com a ex-companheira do cabo da PM Amarildo Pereira de Moura, irmão de Joaquim, e que também teria participado da trama do assassinato. Os dois irmãos teriam um vínculo de amizade com Victor Emmanuel e uniram forças para matar Eduardo. Amarildo foi assassinado a tiros em fevereiro do ano passado e, por esse motivo, não foi indiciado no processo.

O militar Victor Emmanuel aparece como réu em seis processos criminais na comarca de Ipatinga, sendo todos assassinatos ocorridos entre 2005 e 2011. O PM chegou a ser julgado em 2012 pelo assassinato de Admar de Almeida Pereira, 20 anos, morto a tiros em 2005, mas foi absolvido por inconsistência de provas.

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