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Auditoria da Prefeitura de Belo Oriente já apontava desvios de verba

BELO ORIENTE – “Infelizmente são vários “funcionários fantasmas que não constavam na folha de pagamento e outros servidores efetivos que receberam verbas indevidas”. Esta foi a declaração do prefeito de Belo Oriente Pietro Chaves em coletiva à imprensa nesta quarta-feira (7) sobre o esquema de desvio de verbas descoberto na administração municipal.

Na última terça-feira (6) o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) realizou uma operação em Belo Oriente e prendeu três pessoas acusadas de forjar documentos e procedimentos administrativos para obterem benefícios e ganhos financeiros. Foram presos o vereador eleito Edson Celso Anselmo, o “Disson”; Cleufas Rodrigues de Souza, ex-chefe do departamento pessoal da prefeitura e Helder Fernandes Silva, ex-funcionário público.

O prefeito disse aos jornalistas que os desvios foram identificados em maio deste ano quando o secretário de Educação viu a diferença nos valores das folhas de pagamentos apresentadas ao Executivo. “Ele (secretário) foi ao departamento de Recursos Humanos e pediu um relatório a outro funcionário. Então ele identificou 19 nomes de funcionários que não existiam. Isso foi oficializado ao secretário de Planejamento, e no dia 3 de junho o procurador do município nos orientou a abrir uma auditoria”, disse Pietro.

Ainda segundo Chaves, no dia 6 de junho foi aberto um decreto de nº 35 que pediu a instalação de uma Comissão Processante (CP), na Câmara. “Ainda afastei o servidor suspeito (Cleufas) e designei um servidor efetivo para ficar no lugar dele. O relatório da auditoria interna que foi apresentado à câmara identificou 28 nomes de funcionários fantasmas recebendo verbas indevidas. Alguns eram efetivos, como auxiliar de serviços que recebia extensão de carga horária como professor. Os desvios chegaram a mais de R$600 mil. E o legislativo abriu a CP e pediu a nós todos os dados da auditoria”, detalhou.

DEVOLUÇÃO
O prefeito pontuou que o legislativo foi célere porque a CP não tem que seguir os ritos processuais que a comissão administrativa tem, e que talvez isso explique por que a denúncia chegou ao Ministério Público por meio dos vereadores. “Essa CP já conseguiu vários frutos, porque vários servidores já devolveram os recursos, outros disponibilizaram terrenos para serem compensados. E funcionário que já até aposentou colocou a rescisão contratual para abater os valores que ele recebeu indevidamente”.

CONTRACHEQUE ADULTERADO
O prefeito Pietro Chaves destacou ainda que no mês de março deste ano, ele e a secretária de finanças tiveram os contracheques adulterados pelo ex-gerente do RH, Cleufas Rodrigues de Souza. “Ele colocou verbas indevidas de aproximadamente R$500 reais. Mas à época o problema foi identificado, não fizemos o depósito e ainda tivemos a oportunidade de sermos ouvidos pela Comissão Processante da câmara. Apresentamos nosso sigilo bancário. Eu apresentei os contracheques e o meu extrato bancário de janeiro a junho deste ano mostrando que não recebi nenhuma verba indevida. Mas infelizmente ele conseguiu colocar isso na conta de outras pessoas”, alegou Pietro.

DESDE 2013
Durante a coletiva o prefeito esclareceu que a auditoria contratada pela prefeitura analisou documentos desde o ano de 2013 e que o número estimado de “funcionários fantasmas” deve chegar a 100. “Levantou-se que mais de 100 servidores recebiam verbas indevidas. Então a Comissão Processante está ouvindo todos esses funcionários, dando a eles o direito de defesa. A CP tem até o dia 12 para entregar as alegações finais, e no dia 15 próximo a comissão vai entregar o relatório final, e aí sim iremos passar para o Ministério Público Federal, Polícia Federal, Tribunal de Contas do Estado. Mas hoje (ontem) iremos entregar para o Gaeco a relação do que a CP fez”.

ENTENDA O ESQUEMA
Segundo o Gaeco foram levantadas pelo menos três formas de desvio de verba. Uma delas é a contratação e pagamento por parte do município de pessoas que jamais prestaram serviços para o executivo, ou seja, o famoso “funcionário fantasma”. Conforme as apurações, Cleufas Rodrigues de Souza, ex-chefe dos Recursos Humanos da prefeitura, lançava no sistema nomes de pessoas que nunca prestaram serviços ao município, mas que eram coniventes com o esquema. Já o vereador eleito “Disson” e Helder seriam os responsáveis por levantar os nomes destas pessoas e enviar para Cleufas.

“Apurou-se, nesta fase inicial dos trabalhos investigativos, um desvio de, aproximadamente, R$ 640 mil, valor que, induvidosamente, foi apropriado pelos integrantes do bando criminoso que ora se desvenda. Necessário se faz ainda o aprofundar investigativo, já que foram diversos atos criminosos, possivelmente que remontam ao ano de 2013, com diversas fontes de custeio”, diz trecho do documento que pede a prisão preventiva dos três acusados

Três pessoas foram presas pelo Gaeco acusadas de forjar documentos e procedimentos administrativos

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