Policia

Audiência pública na ALMG debate violência contra jornalistas

Fotos: Guilherme Bergamini

DA REDAÇÃO – Em audiência pública realizada na manhã desta quarta-feira (9) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), líderes sindicais e sociais denunciaram os riscos da impunidade em relação a crimes cometidos contra jornalistas. Um grupo de profissionais do Vale do Aço esteve no encontro que foi realizada pela Comissão dos Direitos Humanos da ALMG.

A audiência pública atendeu ao requerimento do deputado Cristiano Silveira (PT), e avaliou denúncias do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (Sindjor-MG) sobre agressões e mortes de trabalhadores no exercício da atividade.

DOCUMENTÁRIO
Na oportunidade, foi lançado e exibido o documentário “Impunidade Mata”. Produzido pela ONG Article 19, com apoio do Sindjor-MG. O filme traz depoimentos, sobre o assassinato do repórter investigativo Rodrigo Neto, executado em Ipatinga há dois anos.

Segundo os testemunhos apresentados no vídeo, a morte de Rodrigo Neto enterrou também o jornalismo investigativo no Vale do Aço. O clima de terrorismo implantando com a morte de Rodrigo Neto e, um mês depois, de Walgney Carvalho, comprometeu o jornalista investigativo na área policial.

Além disso, a impunidade, caracterizada pela soltura da maioria dos policiais denunciados por Rodrigo por envolvimento em crimes e chacinas, manteve as investigações praticamente na estaca zero, denunciam depoimentos do vídeo-documentário. Entre os entrevistados, estão a ex-ministra dos Direitos Humanos Maria do Rosário, os jornalistas ipatinguenses Fernando Benedito, Anna Sylvia Rodrigues e Gisele Ferreira, entre outros.

VIOLÊNCIA
Na audiência, também foram apresentados dados do “Relatório Anual sobre Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil”, produzido pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
A pesquisa, referente a 2014, registra três profissionais de jornalismo assassinados e 129 vitimados por agressões, ameaças, detenções, intimidações, perseguições, censura e condenações em razão do exercício da atividade, sobretudo, na cobertura de manifestações.

Conforme o documento, os principais agressores são policiais, guardas-civis, políticos e seus assessores. “Os profissionais da imprensa são responsáveis por informar e formar a opinião dos cidadãos, colaborando para que a sociedade tenha acesso a um contraponto das versões oficiais governamentais. Não podem sofrer nenhum tipo de censura”, declarou o deputado Cristiano.

O deputado Sargento Rodrigues (PDT) destacou a necessidade de haver uma apuração rigorosa dos fatos antes de se fazer acusações. Respondendo à alegação de haver uma cultura de violência na Polícia Militar (PM), Sargento Rodrigues afirmou que isto não é verdade e que, caso exista excesso comprovado de algum policial, é preciso que o ato seja individualizado, não podendo ser atribuído à instituição policial militar.

“Há o direito de liberdade de expressão, mas há outros muitos direitos que também precisam ser respeitados e a PM zela por todos eles”, ponderou o parlamentar.

ABUSOS E IMPUNIDADE
Kerison Lopes Santos, presidente do Sindjor-MG, destacou a importância de se manter essa discussão, a fim de conter a impunidade, que, segundo ele, é a principal fonte de energia daqueles que cometem crimes contra jornalistas.

O sindicalista afirmou que assassinatos e agressões são os principais atos de violência, sobretudo, na cobertura de manifestações e protestos. Ele também destacou que, nas cidades do interior, geralmente a mando de algum poder local incomodado pela investigação, existe a prática de “calar o jornalista à bala”.

O presidente do Sindjor ainda lembrou que, no caso Rodrigo Neto, houve dois envolvidos condenados, mas os mandantes não. “Ainda não se tem nem o levantamento dos nomes. Por isso pedimos apoio desta comissão em busca de identificar e punir também os mandantes”, reivindicou.

CAPACITAÇÃO
O representante da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania, Leonardo Soares Nader, afirmou que a violência contra jornalistas é um ataque à pessoa, à verdade e a democracia, que precisa ser apurado com rigor. “Um País que se diz democrático não pode deixar impune quem ataca jornalista. É preciso investigação isenta e que leve à prisão dos envolvidos. É importante registrar que a postura do Estado deve ser de responsabilizar os agentes que cometem excessos”, declarou.

O sub-corregedor da PM, tenente-coronel Peterson Silveira, informou que vai realizar um novo curso direcionado à capacitação dos jornalistas mineiros para cobertura de grandes eventos, com oficinas práticas. Recomendou ainda o uso de equipamento de segurança pelos jornalistas.

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