Policia

Assassinato de fotojornalista semeia o pânico entre a imprensa

Dois tiros mataram o repórter; suspeitos já foram identificados, mas ninguém foi preso     (Crédito: Arquivo pessoal)

FABRICIANO – O repórter fotográfico Walgney Assis Carvalho, 43 anos, foi morto no fim da noite de domingo (14) em um pesque-pague no bairro São Vicente. De acordo com informações de testemunhas, um homem teria entrado no estabelecimento e, aproveitando o momento de distração de Carvalho, atirado três vezes contra ele. No entanto, a polícia constatou que foram dois tiros que mataram Carvalho: um na nuca, próximo à orelha direita, e outro no tórax. Os disparos foram feitos com um revólver calibre .38.

As testemunhas também contaram que era costume do repórter frequentar, aos domingos, o local onde foi assassinado. Antes do crime, Carvalho teria ido com alguns amigos até a localidade de Cocais, na Zona Rural de Fabriciano, e deixado sua moto estacionada no pesque-pague. Um suspeito foi visto pelo menos três vezes rondando o estabelecimento antes de cometer a execução. Ele teria aproximadamente 1,70 de altura e pilotava uma motocicleta NX Honda cor preta.

SUSPEITOS
No fim da tarde de ontem (15) a Secretaria de Estado de Defesa Social emitiu nota informando que tanto o atirador quanto um outro suspeito do crime haviam sido identificados pela Polícia Civil. Os maiores detalhes, entretanto, foram omitidos para não atrapalhar o curso das investigações, que deverão correr em sigilo.

Carvalho era fotógrafo do jornal Vale do Aço há cerca de cinco anos. Atuava na cobertura de ocorrências policiais e era conhecido por ter boas fontes no meio, que faziam dele, muitas vezes, o primeiro a chegar nas cenas dos crimes. Também ajudava a Polícia Civil com os trabalhos fotográficos da perícia técnica, registrando os locais e detalhes das ocorrências, bem como corpos de vítimas.

POLÍCIA
O capitão Luciano Reis, da Polícia Militar, esteve, juntamente com outros militares, no local do fato e afirmou que nenhuma das testemunhas ouvidas na ocasião sabia se o repórter vinha sofrendo algum tipo de ameaça. Também compareceram a Polícia Civil e membros do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), de Belo Horizonte.

TEMOR
O crime ocorreu 37 dias após a execução do jornalista e também repórter do jornal Vale do Aço, Rodrigo Neto. A coincidência no “modus operandi” dos dois crimes chamou a atenção e instaurou medo e insegurança entre os profissionais da imprensa regional.

A morte de Carvalho também mobilizou, outra vez, representantes do Governo do Estado de Minas Gerais e de órgãos ligados à segurança pública. A pedido do secretário de Estado de Defesa Social, Rômulo Ferraz, e do próprio governador Antonio Anastasia, ontem, o subsecretário do Sistema de Defesa Social, Daniel de Oliveira Malard, visitou Ipatinga juntamente com o chefe do DHPP, Wagner Pinto. Eles se reuniram com representantes das polícias Civil e Militar regionais a fim de obter mais informações sobre o caso.

REPÚDIO
Após o encontro, em entrevista à imprensa, Daniel informou que o Governo do Estado de Minas repudia este tipo de crime e que não irá medir esforços para elucidação deste caso. Já Wagner Pinto informou que as investigações serão feitas pela mesma equipe que cuida do caso de Rodrigo Neto devido às coincidências e possível relação entre os dois homicídios.

INQUÉRITOS
Wagner Pinto também contou que além do assassinato de Rodrigo Neto e de Walgney Carvalho, a equipe da DHPP que está em Ipatinga desde o mês passado está fazendo um levantamento de cerca de 14 inquéritos policiais cuja autoria e motivação nunca foi elucidada.

Embora não tenha dado detalhes sobre quais casos serão reabertos, o chefe do Departamento deixou subentendido que podem ser crimes onde há indícios de envolvimento policial. “Logicamente vamos verificar eventual participação de policias, sejam civis ou militares, porque há informações neste sentido. Não podemos encobrir as suspeitas que existem”, disse.

Sobre o caso de Carvalho, Wagner disse que somente a investigação irá definir se o crime possui relação efetiva com o assassinato de Rodrigo, mas que essa é uma hipótese a ser estudada.

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